O ÚLTIMO CIRCULO DE PEDRAS - LIVRO-MÚSICA/1993/1996 (COLETÂNEA DE MÚSICAS E POEMAS - 1981 A 1988).
A COLETÂNEA “O
ÚLTIMO CÍRCULO DE PEDRAS” (1993).
Livro-Música "O Último Círculo de Pedras - Coletânea de músicas e poemas - 1981 a 1988"/1993/1996 (Cds 1 e 2 - 1o. e 2o. Volumes - na íntegra):
Músicas do Livro-Música "O Último Círculo de Pedras":
Link: Concerto Folk em Dó Maior (1981) - Versão de 2020
Em 1993, eu
resolvi fazer uma coletânea com as músicas que eu gravei entre 1986 e 1988. Eu
escolhi as melhores composições musicais dos Livros-Música “O Tecelão de
Paisagens”, “Iluminuras” e “Guirlanda de Flores Sangrentas” e acrescentei as
composições “Ácido no Vento” e “Cetáceos”. “Ácido no Vento” não é propriamente
uma composição. Foi uma experiência com o prato do aparelho de som do meu tio,
que mora na Travessa do Chaco. A experiência consistiu em criar efeitos sonoros
girando um disco com músicas no prato do aparelho de som. Assim, “Ácido no
Vento” é apenas um emaranhado conjunto de sons estranhos e distorcidos.
“Cetáceos” foi a música que eu e Jofre Jacó compomos e gravamos em 1988. Nós
chegamos a gravar três versões desta música em 1988, e apenas uma foi utilizada
na coletânea. A coletânea teve como título “O Último Circulo de Pedras”, uma
referência aos dolmens gigantes erguidos a milênios na Europa Ocidental (uma
influência do álbum Dolmen Music, de Meredith Monk). Eu queria preservar as
melhores músicas que tinham sido feitas na década de 1980. As fitas cassetes
que utilizei na época estavam ficando velhas. Assim, gravando as melhores
músicas numa fita cassete mais nova, eu estaria preservando o melhor das
músicas, caso acontecesse algum problema com as fitas cassetes originais. Como
eu ouvia muito pouco essas fitas cassetes originais, até hoje elas não
apresentaram problemas e estão muito bem conservadas. O Livro-Música “O Último
Círculo de Pedras” (além das músicas, há no livro os poemas referentes as
mesmas) sofreu alguns acréscimos em 1996 e 2005. Este foi o último trabalho da Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum)/ Gravadora Arte Degenerada em 1993, que somente
voltaria a produzir poesia, música e pintura a partir do ano de 2002.
O
ÚLTIMO
CÍRCULO
DE
PEDRAS
Uma Coletânea de Músicas e Poemas
MARCO ALEXANDRE
DA
COSTA ROSÁRIO
%
%ÿPOESIA, MÚSICA & PINTURA¯%
%
Um Livro-Música da
(SEACULUM OBSCURUM)
*BLITZBUCH*
1993 – 1996 - 2003
* * *
SUMÁRIO
PARTE I
PARA SYD BARRETT
(Uma Introdução – Golden Hair).
O PRINCÍPIO
(Uma Dança Cerimonial - Parte I).
O BANQUETE DO CISNE:
RECORDAÇÕES
(Uma Pintura Para Uma Dança);
A CRISTALEIRA;
HÔRVALOS
HARPA;
A DAMA NASCENTE
NA
QUEDA DA LUA AMARELA.
ÁCIDO NO VENTO.
WHALEIA.
PARA UMA MULHER DA VELHA E LONGÍNQUA ILHA VERDE,
(Canção
para uma Imagem).
LISA TOCANDO SEUVIOLINO
A MORTE
(Soneto XXVII).
OS SINOS – O PRINCÍPIO
(Uma Dança Cerimonial – Parte III).
INTERLÚDIO.
FONTES.
CONCERTO PARA OS PÁSSAROS.
CONCERTO FOLK
CONCERTO
DROP OUT!
PARTE II
PRELÚDIO
(MONNA
GERAÇÃO.
ADÁGIO.
CORDÓES DE PRATA & OURO.
CETÁCEOS.
ETÉREO.
A CATEDRAL DO CORAÇÃO SILENCIOSO.
LILY.
SNOOPY, A VIDA É UM CIRCO.
PARTE I
PARA SYD BARRETT
(Uma Introdução – Golden Hair)
Loucura Lapidada
Pelo Tempo
Loucura Secular
Nos Cabelos Dourados
Loucura Lisérgica
Orquestrada em Delírios
Loucura de Pequenos Seres
Gnomos, Gatos e Cabelos Dourados.
*Poema composto em
2003.
O PRINCÍPIO
(Uma Dança Cerimonial - Parte I)
* * *
a vida começará agora:
os personagens já vestiram suas
fantasias & sonhos
...todos aguardam.
estranhos esses comediantes,
tecendo, por trás de horrendas faces,
comentários a respeito da morte.
mãe invisível,
lar que já não cria formas...
quando o pano subir,
o teatro vivo será exposto ao
ridículo...
espectadores fantasmas observam.
uma platéia de insanos...
a vida será mais que a razão e a
loucura?
ou estaríamos apenas vagando sem rumo?
o que há por trás de teus olhos,
dama apanhada pelo tempo? Gritou
alguém.
o que há por trás das máscaras que
usas?
estarias escondendo receios, ou apenas
simulando significados?
pétalas de bronze nos lábios da
noite...
...já brilham imagens de pedra na
antiga lua.
luz
luz
luz
o cérebro do mundo está agonizante
& a criatura já quer brotar
ou rastejar, submersa num sonho,
semeando palavras
no silêncio das mulheres.
iluminações na praia,
embrião e sepultura
nascem para a vida,
há gritos atrás dos portões.
ouve-se a
música,
o vinho é derramado.
e os espíritos começam a dançar...
começam a dançar...
começam a dançar...
s s í
i o
o e p
r t s
c a d
o
a
m
n
e
ç
ç
a
a
r
m .
.
.
a dançar...
a dançar...
a dançar...
*Do livro “Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das
Bonecas Manchadas de Sangue” (1986).
R E C O R D A Ç Õ E S
( U M A P I N T U
R A P A R A U M A
D A N Ç A )
* * *
cavalos
de fogo (em carruagens solares),
quedas, desejos... nas nuvens o inverno, o éter
silencioso,
céus de níquel (em contos de amor e ódio),
cantos ternos do velho homem cego.
na floresta, caçadores e feras em luta,
seduzidos pela sabedoria da coruja (e os reis do luar),
lágrimas de esposas,
mulheres nascidas (da terra e da poeira do amor).
mãos tocando os mistérios
em livros encantados,
os olhos da criança em fronteiras,
em fábulas, em gravuras antigas.
homens em transformações (cães selvagens),
peregrinos submersos na estrada de leite em
terraimagens...
ladrões, ciganos, assassinos (a voz contínua na concha),
judeus e loucos envenenavam na aldeia o poço.
os doze cavaleiros em luta com a serpente,
a senhora, prisioneira dos espíritos (no oriente),
magos conciliando a imaginação e a razão,
doze moedas de ouro (no manto do monge negro).
vozharpa iluminando a noite,
cantando as quedas e subidas,
hinos distantes,
lapidados na memória da Senhora dos espíritos.
um pacto feito no coração da contadora de
estórias...
mãe lua
brilhando, energia embrionária
na estação dos gatos.
Recordarei
antigas noites...
um rio
corria no interior de uma
bandeja negra,
exóticos
pássaros em sua margem,
um camponês
oriental andava na seara em escuridão,
iluminavam
taças na sala das cortinas de vinho...
no palco de
um teatro, um melro cantou um nome proibido junto ao piano,
um casal de
vespas levou-me ao bosque para ver o lago dos peixes
e outro lago
de água multicores
e lá
perguntei ao Kaizer se ele havia participado da guerra...
ele
deitou-se num imenso cemitério de ferro...
e na casa
havia um piano...
e na casa
havia um piano...
Recordarei
um antigo entardecer...
um estranho
juntou minhas pequenas mãos
no
gólgota
e levou-me à
praça e espíritos dançavam em todos os lugares da terra...
na loja dos
canos de vidro e dos filtros de porcelana
o amante e
seu homem-peixe eram um só...
em uma
carruagem uma velha senhora vitoriana,
uma faca
enterrada em sua testa,
desceu do
céu e parou diante dos meus olhos dizendo
“tu és meu
filho
tu és meu
filho... não coloques a cruz no túmulo do pássaro”
Recordarei
um antigo amanhecer...
um jantar na
casa de um advogado
de negros olhos
durante a
festa de um fogo-fátuo...
eu vi como
era grande a avenida quando voltamos para casa,
a mesma
avenida que eu teria que passar dez anos depois
e dez anos
antes eu em meu quarto,
uma mulher
recitava poemas do universo
enquanto
pintava a parede com o sangue das estrelas...
mas, a
dançarina vivia nas vidraças de múltiplas cores
mas, a
dançarina vivia nas vidraças de múltiplas cores
colheres
de sangue
colheres de
sangue
colheres de
sangue
colheres de
sangue
colheres de
sangue
A
C R I S T A L E I R A
“Um cálice de vinho, por
favor,
e vai despertar a
criança
prisioneira em tua alma.
Celebraremos, hoje,
as bodas do banquete do
cisne
no interior da
cristaleira
r
i
s
t
a
l
e
i
r
a”,
disse o gnomo em sonhos.
Sinos... sinos de
cristal, e
“Um jogo, muitas árias,
madrigal e
um poema não escrito
e
uma
pintura paralisagística
e
NUVENS NUVENS NUVENS
NUVENS NUVENS NUVENS
e CASTELOS entre
MONTES e
PONTES e
ALDEIAS e
OCEANOS e
RIOS
FONTES FONTES FONTES
e
LAGOS
Uma criança não lapidada pelo tempo
eu encontrei no deserto...
era belo o seu rosto
e ardente o seu canto...
seus dedos corriam pelos vitrais de uma
igreja
acariciadas por uma tempestade,
tecelão de lamentações celestes,
e aguardava novas núpcias.
“UM CANTO MÁGICO EU TE DAREI,
SIM, EU TE DAREI,
UM CANTO DE OUTRA VELHA CIDADE
QUANDO ESTIVERES VIVO PARA A MORTE
Por quê não aceitas a magia?
Não sabes que a loucura
é a raiz da razão produzida pela razão,
nutrindo os lábios
com alegorias divinas”, disse o gnomo em
sonhos.
Nos
contornos do espelho
Repercutiam imagens,
relâmpagos acrílicos...
Véu de ostras refaziam
sombras e despertavam
os cavalos-harpas em criptas
douradas
e dançavam,
no
ciclo dos ventos noturnos,
duendes,
gnomos e feiticeiros
ao longo da vasta paisagem de cristal
ou sobre os ramos da figueira
ou sobre os náufragos do amor e do ódio.
Eu os via
em minha alquimia
ocultos
em troncos de velhos
carvalhos
Antigas árvores
Antigas árvores
Antigas árvores
No interior da c
r
i
s
t
a
l
e
i
r
a
e as guardavam Damas
e Ninfas
Marfim e cerejas, marfim e cerejas
Disse-me a fada:
“Toma esta pequena caixa de música.
Nela está o coração que perdeste quando criança”.
Um céu de violetas
Entre as jóias do rei
E orações em violinos
Ao fundo dos espelhos
Na floresta há bruxos
Lá o gnomo-rei pediu
às harpias que dormiam
que acordassem as crianças-cemitério;
“Viajaremos para a cidade incendiada
esta noite...
Já nadei,
em sonhos,
nas águas desse rio”
e
“Muito cuidado com os homens mudos...
eles falam através dos olhos”.
Seguimos para a rua das bonecas de sangue...
Em uma casa, na porta, estavam o Sr. e Sra.
esperando alguém que viria dez anos depois
e que havia morrido dez anos antes.
Sobre a rua
havia um livro:
“A fada da cidade incendiada
e os filhos do outono.”
Esperamos a alvorada
Sitiamos o paraíso
Resgatando o passado em recordações
que renasceram de palavras proibidas
“As bodas terminam
a meia noite
Mas, se quiseres ficar...
teu é o nosso reino”, disse o gnomo em
sonhos.
“As bodas terminam
a meia noite...
teu é o nosso reino...”
a meia
noiteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee...
Teu é o nosso
reinooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo...”
“a meia
noiteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee...
teu é o nosso
reinooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo...”
“meia noiteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee...
teu é o nosso
reinooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo...”
“Noiteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee...
teu é o
reinooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo...”
“o reinoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo...”
“o
reinoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo...”
“Rumo à Ilha de Zácrata, barqueiro!
e deixemos esta casca mortal
que não nos ajuda em nada”, disse o gnomo em
seus sonhos.
*Do livro “Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das
Bonecas Manchadas de Sangue” (1986) -
Primeiro Ciclo: O Banquete do Cisne.
HÔRVALOS HARPA
Dama negro
Dedos gelo
Carícias, cordas e sonhos
Alguém no jardim
Alguém no jardim
um canto de lea
aos
hôrvalos harpa
o coração pulsa no Oriente...
antiga Senhora,
pele de gelo, pele de relva, líquida pele,
os cantores já fogem em criações
perseguem oásis no deserto
& o futuro lhes dá somente algumas miragens...
sombras caindo, sombras caindo e rindo,
apoiadas umas nas outras
para ver a queda de todas
Dama negro
Dedos & gelo
& carícias & cordas & sombras
Alguém no jardim
Alguém no jardim
um
canto
em pedras de jaspe
aos
hôrvalos harpa
e sinos tocam
no ar seco
*Do livro “Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das
Bonecas Manchadas de Sangue” (1986) -
Primeiro Ciclo: O Banquete do Cisne.
A DAMA NASCENTE
NA QUEDA DA LUA AMARELA
Ela nasceu dentro de uma concha noturna,
uma pele a cada manhã
um beijo para cada homem
enquanto cai a lua amarela
num funeral de moscas luminosas
depois
de um movimento
Ela desapareceu
Entre os ônibus
Convertidos em moinhos de vento
*Do livro “Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das Bonecas
Manchadas de Sangue” (1986) -
Primeiro Ciclo: O Banquete do Cisne.
ÁCIDO
NO VENTO
No vento seco e frio
Onde o ácido engole
O universo
Com dedos de gelo
No meio do murmúrio das
ruas
Em estranha ressonância
No meio das visões
encantadas.
*Poema composto em 2003.
**Montagem musical composta em 1993.
WHALEIA
Um grande e profundo sonho
No mar,
E estranhas senhoras,
Sedutoras,
Vestidas de lágrimas salgadas,
Bailam
Em cantos noturnos,
Onde o marinheiro,
Assustado,
Pode ver o estranho desfile,
E suspirar
Pela encantada morte
nos carroceis aquáticos,
afogado
pelo grande delírio do
mar...
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
...como um beijo mortal.
...como um beijo mortal.
...como um beijo mortal.
...como um beijo mortal.
como um beijo mortal.
*Poema composto em
2002.
*Do livro “Guirlandas de Flores Sangrentas” (1987).
PARA UMA
MULHER DA VELHA E LONGÍNQUA ILHA VERDE,
(Canção para uma Imagem)
Dedicado a uma imagem de
Grace Slick, de 1968.
Desejei teus negros cabelos
sobre as antigas colinas da ilha verde.
Desejei teus olhos celestiais
no céu azul da velha Ilha.
Desejei acariciar tua face
deitado em um campo verde da velha ilha.
Desejei teu beijo,
sendo eu um homem velho,
feito de um amor leproso,
no bailar de um canto noturno
da velha ilha.
Desejei ser teu senhor em uma distante gleba.
Desejei te dar sementes para colher
as mais belas flores da Velha ilha.
Desejei tocar tuas
mãos
enquanto estávamos embaixo da pesada abóbada
da Velha Ilha.
Este amor lascivo,
que somente conheço
através de uma envelhecida fotografia,
quero te oferecer,
antes que a noite última
silencie a terra da Velha Ilha.
E assim canto para tua imagem,
percebendo teus olhos nos dias,
e seguindo teus passos,
não percebes os meus passos entre os teus.
Eu vi teus olhos entre os dias...
Tudo o que quero é sitiar
em meu coração
o teu olhar.
Segui teus passos entre os dias...
Aonde me queres levar?
Além da estrada ou além do mar?
Eu vi teus olhos entre os dias...
Conta-me porquê as flores
do céu
não querem mais florescer em meu coração...
entre o renascimento da criação.
Eu te imaginei entre os dias...
descansavas deitada sobre as lágrimas
de uma paisagem, entre os portais
de um paraíso, mantendo a guarda
de um rebanho de ovelhas...
Na relva da Ilha Verde
choravas como uma camponesa.
Tudo que um dia foi sonho,
agora está morto dentro de um inquieto louco
mudo.
Tudo o que vejo é a miséria
ferindo as faces de muitas crianças.
Na relva da Velha Ilha Verde...
lá te encontrarei a minha espera
sempre a aguardar os caminhos da infância,
como se fosse as ruínas de uma velha criança.
Conta-me o porquê desses adormecidos desejos,
Conta-me o porquê de eu adormecer em meus
desejos,
Conta-me o porquê de eu adormecer essas
lágrimas num tênue silêncio.
Eu vi teus olhos entre os dias...
Eu vi teus olhos entre os dias...
Eu vi teus olhos entre os dias...
*Do livro “Guirlanda de Flores Sangrentas” (1987).
LISA
TOCANDO
SEU
VIOLINO
EM
MEU
DESERTO
Lisa tocando seu violino em meu deserto
Lisa tocando seu violino em meu deserto
Lisa tocando seu violino em meu deserto
Lisa tocando meu violino em seu deserto
Lisa tocando meu violino em seu deserto
Lisa tocando meu violino em seu deserto
Lisa tocando nosso violino em meu deserto
Lisa tocando teu violino em teu deserto
Lisa tocando teu violino em teu deserto
Lisa tocando teu violino em teu deserto
Lisa
Lisa
Lisa
em meu deserto
em
seu deserto
em teu deserto
nosso...
um
violino
e
dinheiro...
sem...
Lisa tocando seu violino em meu deserto
Lisa tocando seu violino em meu deserto
Lisa tocando seu violino em meu deserto
Lisa tocando seu violino em meu deserto
Lisa tocando meu violino em seu deserto
Lisa tocando meu violino em seu deserto
Lisa tocando meu violino em seu deserto
Lisa tocando nosso violino em meu deserto
Lisa tocando teu violino em teu deserto
Lisa tocando teu violino em teu deserto
Lisa tocando teu violino em teu deserto
Lisa
Lisa
Lisa
em meu deserto
em
seu deserto
em teu deserto
nosso...
um
violino
e
dinheiro...
sem...
Lisa tocando seu violino em meu deserto
*Do livro “Guirlanda de Flores Sangrentas” (1987).
A MORTE
(Soneto XXVII)
De cinzas se faz a terra,
de angústia se faz a força
que rompe e dilacera o medo.
De restos humanos riu-se a terra.
Do cemitério quieto lanças
teus sussurros tão misteriosos,
atraindo os ratos aos teus porões
de podridão e sangue congelado.
Heróis e desertores, santos e pecadores
tombam em tuas mãos
e não percebem que de ti só vem escravidão.
Alegria e sofrimento guardas
em teu belo seio, velha dama de negro,
e com tua foice descobres do mundo o segredo.
*Do livro “Guirlanda de Flores Sangrentas” (1987).
OS SINOS – O
PRINCÍPIO
(Uma Dança
Cerimonial – Parte III)
que nascem na platéia e se prostram
perante os atores.
Eu sou aquele
que sabe todo o enredo
e não se cansa de jogar
sortilégios e maldições sobre a platéia.
Tu rejeitas o ator embriagado que sobe no palco...
mas será ele que executará a última dança cerimonial,
entorpecido pelos gritos da multidão.
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
E mulheres
nuas a passear pelo palco.
Eis que
chegamos a confraria de nossa senhora.
E mulheres
nuas a passear pelo palco.
E no campo milhares de mortos dão as mãos.
E no palco, o velho embrutecido
cuspiu toda imundice dos nossos sonhos,
numa terra sem nome e sem arte.
É este olhar da platéia
que faz gelar os atores...
Que tirem as roupas de cetim das atrizes,
belas moças criadas com leite e mel.
Que sejam elas forçadas a dormirem com os negros
nos mais hediondos sonhos...
Belos negros!!!!
Que o palco fique todo enegrecido
e que o sêmen seja todo derramado em alvos seios
de belas atrizes pervertidas
pelos sonhos de uma velha e nua mulher enlouquecida,
velha senhora das ruas.
Eis meu teatro...
E eis os estranhos rituais
Ao redor das pedras.
*Poema composto em 2002.
*Do livro “Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das
Bonecas Manchadas de Sangue” (1986).
INTERLÚDIO
Flor inconstante
em alegre festejo
na cidade incendiada.
Agora adormecida na
calçada
com o sangue escorrendo
da boca...
uma pequena boneca
manchada de sangue,
enquanto as águias
passam pelos céus
semeando a morte e a
madrugada.
*Poema composto em 2002.
*Do livro “Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das
Bonecas Manchadas de Sangue” (1986).
FONTES
Pequenos passos são
ouvidos
na madrugada...
São as velhas
feiticeiras adormecidas
que vieram buscar
a pequena boneca
manchada de sangue.
Elas vieram buscá-la
e vão plantá-la
numa fonte de múltiplos
sóis
para jamais ser
esquecida
na cidade incendiada.
*Poema composto em 2002.
*Do livro “Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das
Bonecas Manchadas de Sangue” (1986).
CONCERTO PARA OS PÁSSAROS
Valsa encantada e triste
Em plumas ressecadas
Visão dos céus
Em constante
transformação
Pelos bosques encantados
A imersão no vôo
Em constante
transformação
Plumas Plumas Plumas
Plumas
Plumas Plumas Plumas
Plumas
Plumas Plumas Plumas
Plumas
Plumas Plumas Plumas
Plumas
*Poema composto em 2003.
** Composição musical composta em 1983.
Gravação de 1996.
CONCERTO FOLK
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
Folk music Folk
music Folk music Folk music Folk music
*Poema composto em 2003.
**Composição
musical composta em 1981. Gravação de 1996.
CONCERTO
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
Baile de insanos.
Ressonâncias em catedrais
Onde o grande caminho
Parece resplandecer
Estranhos porteiros
Parados na beira da estrada
Coletando almas
Ingênuas
Baile de insanos
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos Baile de insanos
*Poema composto em 2003.
** Composição musical composta em 1984. Gravação de 1996.
DROP OUT!
Drop out with me
And just live your
life
Behind your eyes
Your own skies
Your own tomorrows
Just be yourself
And no one can step
Inside your mind
From behind
If you just walk out
They made the rules
And they laid it
On us all
Don’t you fall
Cause then they own
you
They’re using you
To kill all the
echoes still
Around
From the sound
Of calendars
crumbling
They made the bomb
Would they drop it
On us all?
Great and small.
But must we follow
Drop out with me.
* Drop
Out! (do Lp One Nation Undergroud,
1967 – Pearls Before Swine) Música e letra de Tom Rapp, líder do grupo
norte-americano Pearls Before Swine
(1967-1971). Versão realizada por Marco Alexandre Rosário
e Heitor Meneses em 1986.
PARTE II
(MONNA
EM
SEU
LEITO
DE
MORTE)
“quando eu
morrer...
enterrem-me em uma
lata de lixo
com garrafas vazias,
muitas garrafas vazias,
e frascos de
perfume barato,
nos muros de Santa
Isabel,
e deixem-me
amamentar moscas e ratos em paz”.
essa, sua última
vontade,
querida monna,
filha das sombras da tarde na padaria,
que bebia água da
fonte do esgoto,
em frente ao
mercado de ferro,
morta em 13 de
abril de 1977...
ash can,
ash
can,
ash
can,
GERAÇÃO
GERAÇÃO
GERAÇÃO GERAÇÃO
Uma nova geração
nas portas da próxima salvação
GERAÇÃO GERAÇÃO GERAÇÃO
Uma nova geração
ajoelhada perante a inevitável mutação
GERAÇÃO GERAÇÃO
GERAÇÃO
Pequena flor-sol
Virgem
Ante o silêncio
Das mãos do monge
GERAÇÃO GERAÇÃO
GERAÇÃO
Uma nova geração
em uma nova expiação
GERAÇÃO GERAÇÃO
GERAÇÃO
Uma nova geração
em profunda
gestação
com as mãos nas
portas da salvação
Gritos infernais
Portões em chamas
Céu aberto
e a doce procissão
em volta das velas
enquanto o tempo
passa por uma fresta de loucura adormecida
GERAÇÃO GERAÇÃO GERAÇÃO
As garotas estão oferecendo suas entranhas e mistérios ao
homem negro
enquanto o tempo passa por uma fresta de loucura
adormecida
Magnífico cortejo!!!
Elas, agora adormecidas em sonhos,
castram o jovem embaixo do relicário
GERAÇÃO GERAÇÃO
GERAÇÃO
Uma nova Geração
nas portas da aflição
GERAÇÃO
GERAÇÃO GERAÇÃO
Uma nova geração
nos mistérios de uma nova gestação
*Poema reconstituído em 2002.
*Do livro “O Tecelão de Paisagens” (1986).
ADÁGIO
Cem pequenos Olhos
não menos brilhantes,
porém,
não menos temerosos.
Guardaram desejos silenciosos?
Talvez
Ela quer ficar entre nós.
Não a deixe ir
ao reino do esquecimento.
Aqueles que lá chegam
jamais retornam.
Uma nova Atmosfera?
Gira o vento,
folhas ressecam,
Gira o vento
através dos dias e das noites.
Ela foi levada
por um beijo
de um homem mortal.
Uma nova atmosfera?
Sem rima!
Meu riso não tem rima!
Acusam-me as sombras,
que não são minhas,
como se eu
fosse delas.
Uma nova atmosfera,
Andei girando,
semelhante de um morto,
em torno dos primitivos oceanos,
tateando entre as vagas,
semelhante de um cego.
Uma nova atmosfera?
Sim, ela é passional.
Oculta-se na floresta
e não quer ouvir o vento.
Consolado pelo medo,
ia cantando pelo vale
e dizendo:
- não
sou desta terra!!!
minha canção não é a canção do tempo!!!
E como um anjo
ela subiu aos céus
querendo alcançar a divindade.
Despencou
rumo ao abismo,
uma tempestade
em suas veias,
uma legião de demônios
em sua vida erma.
Uma nova atmosfera?
Campo deserto e devastado,
onde vi um cemitério de reis antigos...
Chamar por alguém aqui
é chamar pelo silêncio.
ah! Vou descansar um pouco.
Meus ossos dissolveram-se na terra
que não foi minha;
meu sangue derramou-se no rio
que não foi meu.
Estou cansado!
Porquê não cantas para mim?
Tu que rolaste do céu para o abismo...
Descobriste a nova atmosfera?
Já não tenho casa...
Já não tenho ninguém...
Só quero que me deixes dormir.
Uma nova atmosfera
O entardecer é sempre mágico:
relva cintilante,
nuvens peregrinas,
raios de sol
penetrando os mistérios
e o véu de chuva
que se aproxima.
Belo quadro!
O nobre pássaro e sua corte
trespassam o verão.
Adeus aos orvalhos desconhecidos.
Uma nova atmosfera,
Encerrem a cena,
adormeçam as flautas de fogo
e os acordes de ouro.
Basta!
Tenho nos lábios o riso de uma fada
e quero estar morto antes do anoitecer.
*Do livro “Guirlanda de Flores Sangrentas” (1987).
CORDÕES DE
PRATA & OURO
o fino túnel de vidro
ia do paraíso ao inferno,
estabelecendo estações nos tubos de esgoto,
em pequenas correntes de ar,
no corredor mental do anão.
uma encantadora senhora fino
túnel de vidro;
nasceu de uma concha algumas
dançarinas,
dentro de uma revista proibida, jovens
e belas ciganas,
uma explosão de seios ocorreu, germinando
movimentos...
eletricamente falando, alcatrão!!!
nos olhos do explorador televisual.
e a menina oriental corria nua,
um tapete de queimaduras na pele macia,
enquanto os filhos do imperador
olhavam para os lados
germinando nas bombas. “une
femme”, um mercador de poemas falou;
“uma
constelação de livros antigos
no ferro-velho”, recitou o louco
nos interiores e interiores e interiores
de seu cérebro.
rei dos cogumelos, amante da jardineira,
costumava devorar sepulturas no inverno
em cemitérios de abelhas.
“ajude-me!
Quero ainda viver neste inverno,
nos túmulos de vidro,
amando ‘une femme’ e seus livros antigos
de finos cordões de prata e ouro”,
um relâmpago no corredor mental do anão.
“um luxuriante vaso oriental com as queimaduras da menina te ajudariam?”
um pensamento nas estufas do rei dos cogumelos.
“talvez. mas o programa que estão passando é de prata e ouro no espaço”
outro relâmpago no corredor mental do anão.
o último Bosque Imaginário
o fim da tarde desceu sobre o bosque, desceu
sobre mim,
desceu sobre ti, e os ruídos da rua
envolveram o jardim,
pequenas imagens vêm e se vão no rio da
linguagem,
mas o verde é azul e o azul é verde... isso
já sabemos,
enquanto nós desejávamos saber o que havia
atrás da roupa
da professora...carícias de flores nos
espinhos.
no jardim, duas meninas caminhavam nuas...
a fria mão do vento acariciando seus corpos,
mas nenhum de nós tocou em suas almas.
no canteiro das televisões encontramos alguns heróis
e durante a noite estávamos escondidos no
banheiro com a mulher gato
e ninguém podia saber da nossa relação
secreta.
um milhão de cordões de prata & ouro
pétalas líquidas desciam pelas janelas da rua
e monges negros regavam meus olhos no quarto escuro
cheios de monstros sinistros, e diziam:
colher colheres de sangue não é pecado!!!
um milhão de cordões de prata & ouro
e já estávamos dentro da Apolo 11 numa viagem
a lua
fumando escondido no interior da nave! Ih!
Ah! Ah!
e
de volta à terra encontramos Alice e seu coelho falante
que gostava de consertar relógios sem
defeitos
num campo de jogos de xadrez onde o rei e a
rainha eram seus vassalos
e ele nos contou todos os segredos de todos
as rainhas.
e fingindo de cachorro, entramos nos antigos
jogos
de achados & perdidos dentro da loja de filtros do
português
e Alice disse: vamos brincar... e tirou a
roupa!!!
E nós em coro: que brincadeira legal!!!!
e Alice tirou um grande lençol azul de seus
olhos
e vestiu todo o imenso campo.
entrem, vamos! entrem todos!!! gritou ela.
e nós entramos e caímos por um grande túnel
e caímos em outro campo, maior que o
primeiro,
e nele havia uma casa onde se lia na porta:
Casa das Crianças Rebeldes,
Casa das Crianças Feridas pelo Ódio das
Crianças do Amor,
que é a melhor casa da infância,
e Alice disse outra vez: vamos entrar e
saberemos tudo...
entramos e todos estavam lá e era uma grande
festa
de aniversário e quatro músicos tocavam
encima de um grande bolo...
lojas de brinquedos, revistas proibidas,
cigarros,
vinhos e etc... etc... etc...
estavam todos dentro da Casa das Crianças
Rebeldes
enquanto Snoopy negociava uma nuvem de fumaça
com um guarda
feliz aniversário aos cemitérios encantados!
gritou a princesa de cima
de seu Castelo de Uvas.
vamos dar uma festa para eles, disse a
sorridente senhora onça.
e bateria e flautas e guitarras
e gaitas e violinos
e pratos e cravos romperam ouvidos e ouvidos
e a banda verde construiu uma melodia
sonhadora.
quando a música acabou todos saíram da Casa
das Crianças Rebeldes
e ninguém mais era criança e cada qual seguiu
seu caminho
o azul dourado flutuou no verde escuro
& a carruagem noturna entrou nos campos
semeando noites entre criaturas iluminadas.
minhas canções o pássaro da manhã levou,
minha caixa de magia ficou dentro da casa.
“cobre meu ventre antes de ires embora,
para que não me tornes estéril e as criaturas
pereçam” , disse a terra para mim.
fiz como ela disse e continue andando:
“não queres provar o fruto de meu útero”.
quem falava era o diretor da escola, disfarçado
de serpente
e provei o
tal fruto e meus olhos foram abertos
e desci a montanha entrando no mundo dos
homens
e me levaram
para a escola e me jogaram na Sala das
Crianças do Amor-Empalhado
e me disseram que eu tinha que ser como elas
& a professora entrou e disse: Vocês são
pequenos répteis...
OH! CRIANCINHAS MALVADAS!!!
eu vi, então,
que o que ela escondia atrás da roupa
não era tão importante assim... era apenas
uma floresta negra,
cheia de crianças empalhadas.
foi quando percebi Alice do meu lado dizendo:
vamos arrebentar outra vez, seu otário!!!!
*Do livro “Guirlanda de Flores Sangrentas” (1987).
CETÁCEOS
Baleias golfinhos
Na dança oceânica
Baleias golfinhos
Na dança oceânica
Em meio ao estrondo
das vagas
Ensaiam estranhos
concertos
Em alegres canções
No meio da tormenta
que cai sobre o mar.
Baleias golfinhos
Na dança oceânica
Baleias golfinhos
Na dança oceânica
*Poema composto em
2003 (Marco Alexandre Rosário).
**Composição
musical composta em 1988 por Marco Alexandre Rosário e Jofre Jacó Freitas,
gravada em 1988.
ETÉREO
Sobrecopa Sombria Cólera
Vaga a Geração
Ilusão
Prazeres
Respira a Fragrância Enlutada Entre os Dias
da os
Cova
Secular Devaneios da
Como Mãe-Terra
Um Constróem Muralhas de sonhos
Antigo e Feroz
Oculta Desejos Fúnebres no
Ancestral
Tronco oco do Conhecimento
Nossos Risos Nossas Lágrima
Resplandecem Resplandecem
Como Como
Lágrimas Incandescentes Risos Incandescentes
Abaixo Abaixo
dos dos
Raios do sol Raios do Sol
*Do livro “O Tecelão de Paisagens” (1986).
A
CATEDRAL
DO
CORAÇÃO
SILENCIOSO
Apodrecimento Féretro
da da
Existência Existência
Reino
Imaculado no
de Tumulto
Lágrimas da
Tão
Profundo Audiência
e Marcha
Alucinado com
e Resistência
Agonizante ao
Tapete seu
de
Heresias Destino
O Homem
é
Um
Abismo
Na Catedral,
De Cristal, jaz um Coração
Envolvido num Manto Escarlate
Por Longos Dias de Esquecimento
Enquanto o mendigo toca sua gaita no átrio
& Carros passam e cães latem
Lily
Garden,
I
light up
With
My
Shine
Your
lament.
My
Name
Is
Lily,
Lily,
Lily,
Lily.
*Versão em inglês do poema “Lírio”, do livro “As Flores” (1985), feita por Marco Alexandre em 2002, para a qual Tom Rapp, líder do grupo norte-americano Pearls Before Swine (1967-1971), fez uma versão musical em 2002.
CANÇÃO PARA MARINA
A
garota dos meus sonhos
Como um doce vinho de
amor
Jamais me deixará morrer.
Quando todas as estrelas
Se apagarem no céu
Ela ainda será como um verdadeiro adeus num sonho.
Eu ligo para ela e ela
está sempre me esperando
Atrás da igreja.
Por favor, perdoe as
minhas faltas...
Você é a garota dos meus
delirantes sonhos
Como um doce vinho de
amor
Que a morte não pode
jamais apagar
num verdadeiro sonho de
amor.
SNOOPY, A VIDA É UM CIRCO
A vida é um circo
Como o fim da linha de um rio.
E Cristo não está em Tucson
A vida é um circo
Como o fim da linha de um rio.
E Cristo não está em Tucson
A vida é um circo
Como o fim da linha de um rio.
E Cristo não está em Tucson
A vida é um circo
Como o fim da linha de um rio.
E Cristo não está em Tucson
A vida é um circo
Como o fim da linha de um rio.
E Cristo não está em Tucson
A vida é um circo
Como o fim da linha de um rio.
E Cristo não está em Tucson
A vida é um circo
Como o fim da linha de um rio.
E Cristo não está em Tucson
* Poema composto em janeiro de 2003.
** Composição musical composta em 1986.
MÚSICAS
Cd 1 – Volume I.
1. Para Syd Barrett (Uma
Introdução – Golden Hair).
Gravado em Belém, Pará – Gravado em 1994.
Instrumentos: montagem de músicas (Prologue – Renaissance; Golden Hair –
Syd Barrett).
2. O Princípio (Uma Dança Cerimonial - Parte I) (Marco
Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos: Violões eletrificados (a base
foi gravada em 1983).
3. Primeiro Ciclo - O
Banquete do Cisne (Marco Alexandre Rosário).
Incluindo
os seguintes poemas/músicas:
Recordações
(Uma Pintura Para Uma Dança)/ A Cristaleira/ Hôrvalos Harpa/ A Dama Nascente na
Queda da Lua Amarela,
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos:
órgão, piano, flautas, violão, bateria eletrônica e outros efeitos.
4. Ácido no Vento (Marco
Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Gravado em 1993.
Instrumentos: efeitos sonoros (Lux Aeterna, Zweites Streichquartett –
György Ligeti).
5. Whaleia (Marco Alexandre
Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1987.
Instrumentos: piano e bateria eletrônica.
6. Para uma Mulher da Velha e Longínqua Ilha Verde, em
Transe por sua Beleza (Canção para uma Imagem) (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1987.
Instrumentos: teclados.
7. Lisa Tocando seu Violino
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1987.
Instrumentos: violão.
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1987.
Instrumentos: órgão.
9. Os Sinos – O Princípio (Uma Dança Cerimonial – Parte
III) (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos: violão eletrificado e efeitos
sonoros.
10. Interlúdio (Marco
Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos: piano.
11. Fontes (Marco Alexandre
Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos: xilofone-teclado.
12. Concerto para os Pássaros (Composta em 1983 – Gravado
de 1996) (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará.
Instrumentos: violões eletrificados.
13.
Concerto Folk
Gravado em Belém, Pará.
Instrumentos: violões eletrificados.
14. Concerto
Gravado em Belém, Pará.
Instrumentos: violões eletrificados.
15. Drop Out! (Tom Rapp)
Gravado em Belém, Pará – Versão gravada em 1986 por Marco Alexandre
Rosário e Heitor Meneses.
Instrumentos: violões e vozes.
Cd 2 – Volume II
1. Prelúdio (Monna
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1987.
Instrumentos: piano.
2. Geração (Marco Alexandre
Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos:
piano, órgão, violão eletrificado, bateria eletrônica e efeitos sonoros.
3. Adágio (Marco Alexandre
Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1987.
Instrumento: harpa nordestina.
4. Cordões de Prata &
Ouro (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1987.
Instrumentos: cravo.
5. Cetáceos (Marco
Alexandre Rosário/ Jofre Jacó de Freitas).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado em 1988.
Instrumentos:
violão e vozes (Marco Alexandre Rosário: violões solos e vocais/ Jofre Jacó de Freitas: violões base e
vocais).
6. Etéreo (Marco Alexandre
Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos: violões eletrificados e
efeitos sonoros.
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos: violão, órgão, gaita e
efeitos sonoros.
8.Lily (Tom Rapp) – Poema
de Marco Alexandre (As Flores – 1985).
Gravado
Instrumentos: gaita e voz. Parte Final: Tom
Rapp falando.
9. Canção Para Marina
(Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Santarém, Pará – Composto e
gravado em 2003.
Instrumentos: violão, órgão, gaita e
efeitos sonoros.
10. Snoopy, a Vida é um
Circo (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará – Composto e gravado
em 1986.
Instrumentos: violão e efeitos sonoros.
EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM)/
GRAVADORA ARTE DEGENERADA
1984-1993
2002-2011
A Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) –
Gravadora Arte Degenerada foi um projeto de arte experimental,
criado por Marco Alexandre da Costa Rosário, envolvendo poesia, música e
pintura, o qual teve sua existência entre os anos de 1984 e 1993, e foi
novamente iniciado a partir de 2002. Seu primeiro nome foi Editora Morangos & Uvas (Seaculum
Obscurum), denominação esta que foi usada até 1986.
Este nome foi inspirado pelo quadro tríptico O Jardim das Delícias, de
Hieronymus Bosch, e pelo filme Morangos
Silvestres (SMULTRONSTÄLLET), do
diretor sueco Ingmar Bergman. Ogmios é uma antiga divindade celta, conhecida também como o Velho Calvo.
Segunda a lenda, de sua língua saiam fios de ouro que enlaçavam as orelhas das
pessoas e elas eram forçadas a ouvi-lo. A palavra latina Saeculum foi alterada: a letra e troca de lugar com a letra a,
formando a palavra Sea (mar em inglês) culum, ou seja Seaculum
Obscurum, ou o mar da obscuridade secular, que é o
modo como Marco Alexandre vê sua época. Todos os livros da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) pertencem a série BLITZBUCH (livro-relâmpago). Esta junção de duas
palavras alemãs é uma sátira à Blitzkrieg dos nazistas. Juntamente com a Editora Ogmios (Seaculum Obscurum), em 1986 Marco Alexandre criou a Gravadora Arte Degenerada, uma
experiência alternativa na área da música. A Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) teve bastante influência da música, literatura, pintura e cinema de
vários países. Seus dois princípios máximos eram: a arte não se vende e a
arte não tem fronteiras.
De todas as
obras realizadas pela Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum), as duas mais importantes foram os
livros Iluminuras e Guirlanda de Flores Sangrentas. Estas duas obras foram completadas em 2002, pois ficaram inacabadas
nos anos em que surgiram (1986 e 1987). Na verdade, alguns poucos poemas e
todas as pinturas foram elaborados no ano de 2002, com o objetivo de completar
estas duas obras. Depois dos últimos poemas escritos por Marco Alexandre (em
1993), a Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum) silenciou por muitos anos, embora
alguns pedaços de poemas isolados tenham sido feitos no transcorrer dos anos.
Em 1994, Marco Alexandre fez uma espécie de coletânea com as músicas que ele
gravou em fitas cassete (até hoje conservadas) entre os anos de 1981 e 1988. Em
2001, Marco Alexandre conheceu, através da Internet, o músico americano Tom
Rapp, líder do lendário grupo Pearls
Before Swine (1967-1971) e uma das maiores influências da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum): Marco Alexandre conheceu o trabalho deste grupo em 1983, através do Lp
One Nation Underground, lançado pela
ESP-DISK em 1967. Tom enviou para Marco Alexandre uma cópia de seu último Cd: A Journal of the Plague Year (1999). Este encontro estimulou Marco Alexandre a recomeçar seus
trabalhos na Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum) no ano de 2002: os textos dos livros
originais foram digitados em computador; as músicas foram transferidas para CDs
(a partir de março de 2005), poemas foram reconstruídos, livros inacabados
foram completados, etc. O primeiro livro da nova fase foi a segunda edição do
livro As Flores (de 1985), feita em fevereiro de
Marco
Alexandre da Costa Rosário nasceu na cidade de Belém, Estado do Pará, Brasil,
em 7 de fevereiro de 1966. Atualmente, Marco Alexandre vive, desde fevereiro de
2003, na cidade de Santarém, Estado do Pará, no meio da Amazônia Brasileira.
Ele sempre foi um homem pobre e sempre teve muitas dificuldades para realizar
os trabalhos da Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum). Entretanto, a partir de 2002, os
estranhos livros que ele escreveu começaram a circular pelo mundo e, em 2005,
um site foi criado na Internet para comemorar os 21 anos da Editora Ogmios
(Seaculum Obscurum) e da Gravadora Arte Degenerada.
Estes são os trabalhos feitos
por Marco Alexandre Rosário na Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) – Gravadora Arte
Degenerada:
- Poemas - (poesia/desenhos) - 1984.
- Um Conto Sobre a Vida de São Francisco de Assis - (conto/pintura - obra desaparecida)
- 1985.
- Uns
Dias na Infância - (conto
infantil/desenhos) – 1985.
- As Cores - (poesia/pintura) – 1985.
- As
Flores - (poesia/pintura) – 1985.
-.O Tecelão
de Paisagens -
(poesia/música/pintura) – março/1986.
- Sete
Pérolas para Hollandri - (poesia) – junho/1986.
- Surrealística
I - (pintura – Obra
desaparecida) – 1986.
- Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no
Jardim das Bonecas Manchadas de Sangue - (poesia/música/pintura) – outubro/1986.
- Guirlanda
de Flores Sangrentas - (poesia/música/pintura) –
fevereiro/1987.
- Surrealística
II - (pintura – obra
desaparecida) – 1987.
- América
Latrina & o Gigolô Americano – (Poesia) – 1988.
- Invocações - (Poesia) – 1991.
- Amálgama – Uma Coleção de Obscenidades - (Poesia) – 1981-1992. Coletânea com
vários poemas.
- O Último Círculo de Pedras – (poesia/música/pintura) –
(coletânea, incluindo os melhores projetos musicais feitos entre 1981 e 1988) -
1993. (estão inseridas algumas músicas feitas em 2002 e 2003).
- Surrealística III – (Pintura) – setembro/2002.
- Surrealística IV – (Pintura) – setembro/2002.
- Canções para Marina - (poesia/música/pintura) – setembro/2003.
- Winona e as Cadeiras de Rodas – Compacto - (poesia/música) –
outubro/2003.
- Winona e as
Cadeiras de rodas – álbum
- (poesia/música/pintura) – janeirol/2003 – julho/2005.
- New York–Paris – (poesia/música/pintura) – junho/2004 -
abril/2005.
OBS: Texto escrito em 2002 (com acréscimos em 2005, 2008
e 2011).
EDITORA MORANGOS
& UVAS
(SEACULUM OBSCURUM)
EDITORA OGMIOS
(SEACULUM OBSCURUM)
GRAVADORA ARTE DEGENERADA
SÉRIE BLITZBUCH
(1984 – 1993)
(2002-2005)
O ÚLTIMO CÍRCULO DE
PEDRAS
1ª EDIÇÃO: 1994
2ª EDIÇÃO: 2005
(Com acréscimos em 1996 e 2005)
“Tudo o que é esquecido
permanece em sonhos obscuros do passado...
ameaçando sempre retornar.”
(Velvet Goldmine)
Editora Ogmios (Seaculum Obscurum):
Website: www.seaculumobscurum.com
e-mail: editoraogmios@yahoo.com.br
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