AMÁLGAMA - UMA COLEÇÃO DE OBSCENIDADES (COLETÂNEA DE POEMAS ESCRITOS ENTRE 1981 E 1993, QUE NÃO ENTRARAM NOS LIVROS E LIVROS-MÚSICA DA EDITORA OGMIOS, ESCRITOS NO MESMO PERÍODO).
Marco Alexandre Rosário em 1992, no quarto da casa da Travessa do Chaco onde a Editora Ogmios foi criada em 1984 (foto acima). Branquinho, o gato branco que foi encontrado na rua em 1992, na casa da Travessa do Chaco. Fotos tiradas em Belém-PA.
AMÁLGAMA
*
Uma
Coleção
de
Obscenidades
MARCO ALEXANDRE
DA
COSTA ROSÁRIO
%POESIA%
EDITORA OGMIOS
(SEACULUM OBSCURUM)
EDITORA MORANGOS & UVAS
(SEACULUM OBSCURUM)
*BLITZBUCH*
2002 (1981 – 1993)
* *
SUMÁRIO
VER O SOL NASCER (1981)
O SONHO DE JOÃO (1982)
O CERCO DE ZÁCRATA
(Setembro de 1986)
OS NÁUFRAGOS (Janeiro de
1987)
RUDOLFH BLUES (1986)
MISS ENEIDA (1989)
SENHORA UNIVERSAL (Segunda
versão para Miss Eneida – 1990)
MULHERES NO FIM DA TARDE
(1990)
chegando em São Francisco,
California, em 07 de fevereiro de 1966...às 21:15 (1993)
PENIEL (1992)
ÚLTIMAS VOZES NOS PORTÕES
DOURADOS (1989)
LUTECE (1992)
HOMEM- CACHORRO (1992)
TRAZENDO TODOS PARA SÃO
FRANCISCO OUTRA VEZ (1990)
SENHORA DOS PENSAMENTOS
DISSIMULADOS (1992)
JULHO DE 1999 (1992)
CIDADE BELÉM (1992)
O FANTASMA NO DESERTO
(1991)
NO CLAUSTRO DA ÁGUA (1991)
TEMPESTADE (1990)
ECOS DA RUA (1986)
O LOUCO (1989)
RAINHA DA LUZ (1992)
OS RELÓGIOS
(Primeira Versão - 1992)
OS RELÓGIOS
(Segunda Versão - 1992)
OS RELÓGIOS
(Terceira Versão - 1992)
VÁ, MAS NÃO ME DEIXE (1990)
O OBSERVADOR DAS ESTRELAS
(1992)
AMÁLGAMA
Palavras Escritas Entre 1989 & 1992
TRAZENDO TODOS PARA ESTRADA
NOVAMENTE (1992)
UMA NOVA CANÇÃO DE AMOR AO
ÚLTIMO VIGILANTE NO TÚMULO DO FORASTEIRO (1989)
(Eu Fico Aqui... Tu
Continuas por mim – Despedida do Rapaz que envelheceu e Não Retornará Jamais)
* * *
- Sabe que poucos vampiros
têm a energia da imortalidade? Morrem por sua própria vontade. O mundo muda.
Nós não. Aí mora a ironia que finalmente nos mata. Eu quero que você faça
contato com essa época.
- Eu? Você não vê? Eu não
tenho época. Eu estou em constante desvantagem. Sempre estive.
- Louis...esse é o espírito
da sua época. O coração de tudo. A sua descrença na graça é a descrença de um
século inteiro.
- Mas os vampiros no
teatro?
- Decadentes. Inúteis. Não
refletem nada. Você sim. Você reflete a decepção. Um vampiro com alma humana.
Um imortal com a paixão dos mortais. Você é belo, meu amigo. Lestat deve ter
chorado quando o transformou.
(Entrevista com o vampiro –
Interview with the Vampire)
VER O SOL
NASCER
(1981)
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
Ver o Sol Nascer
Vontade de Viver
Ver o Sol Morrer
Vontade de Viver
* Letra (na verdade, somente o refrão) da música Ver o Sol Nascer, do grupo paraense Lesos & Loucos. Autores: Marco Alexandre Rosário e André Sarmanho.
O SONHO DE JOÃO
(1982)
Quando a noite chega,
o delírio avança sobre a praça.
Vestidos de cetim,
Baton e rouge.
João acorda e penetra num novo sonho,
e pensa em seu novo amante,
e pensa em seu novo amante,
e pensa em seu novo amante,
num novo sonho.
Sob as luzes dos carros
ele é a atração...
beijos de loucura
na pele morena.
Ele lança um olhar para um rapaz,
uma dança de liberdade na alma,
um fogo que jamais se apaga.
Mendigos cantam e choram e gritam,
putas conversam e bebem cerveja.
Mas ele aguarda a sua hora.
Então João penetra na noite...
Então João penetra na noite...
Então João penetra na noite...
Então João penetra na noite...
Então João penetra na noite...
Então João penetra na noite...
Então João penetra na noite...
Moonshine
washing lines
Moonshine
washing lines
Moonshine washing lines*
Nunca mais haverá outra noite
Nunca mais haverá outra manhã
Nunca mais haverá outro homem
Vestidos de cetim,
batom e rouge,
sangue e sonhos.
E João dança agora pelas águas do rio,
num colchão de nuvens,
o olhar voltado para um espelho quebrado...
vestido com lenços de cetim para sempre...
vestido com lenços de cetim para sempre...
vestido com lenços de cetim para sempre...
vestido com lenços de cetim para sempre...
vestido com lenços de cetim para sempre...
vestido com lenços de cetim para sempre...
vestido com lenços de cetim para sempre...
Moonshine
washing lines
Moonshine
washing lines
Moonshine washing lines
*Poema reconstituído em 2002.
O CERCO DE ZÁCRATA
(Setembro de 1986)
Ria, Ria, Ouve-me,
Estrangeiro,
Mulher! Homem
alheio ao Tempo
Teu Filho que
por estas terras passa:
Morreu. Unta
com pó os Corpos...
Pobre Maria! São teus os degenerados Olhos,
Nas Margens
Faz Presente dos
Gritos de Vitória,
do Lança-os ao
Esquecimento,
Tâmisa pois
desta Terra
Sepultou Ninguém
mais do Rei
Seu se
lembrará,
Filho Nem
da Paz
Embaixo haverão
de Recordar.
de um
Véu
de
Bombas.
New
Generation!
No
War!
Lie!
OS NÁUFRAGOS
(Janeiro de 1987)
Agitam-se
os Navegantes
Ante a
Tempestade
Motim no
Tombadilho
E vai a
Nau
Descendo
em Espiral
Ao Fundo
do Oceano
Ao Fundo
do Oceano
Ao Fundo
do Oceano
Rompe-se em Silêncio
o Doce Martírio
Entre as Vagas
Atravessando,
Cegos, Frias
Paredes Flácidas
E Vão
Descendo
Em Espiral
Ao Fundo
do Oceano
Ao Fundo
do Oceano
Ao Fundo do Oceano
Conchas
Adornam suas
Fundas Covas Oculares
Cedem ao
Delírio Fúnebre
das Fúrias
Marinhas
E Tingem
o Rosto Pálido
Com Ritos Tumulares
De uma
Celebração
Acrílica
E Vão
Descendo
Em Espiral
Ao Fundo do Oceano
Ao Fundo
do Oceano
Ao Fundo
do Oceano
Em
Harmonia Adormeceram
Em seus
Vales de Lágrimas de Cristal
De
Encantos Mágicos e Murmúrios Mortais
Onde
Alucinações Teceram
os Melhores Cantos
do
Verão
Trespassados
por Recordações Antigas
De
Mortalhas Marítimas
Agonia Horror
e
Imensidão Aquática
Valsa de
Corpos Irreais
Seus
Lábios
Em
Pedras Azuis
Em
Corais
Em Ramos
de Pérolas
Em
Orgias de Coros
E Vão
Descendo
Em
Espiral
Ao Fundo
do Oceano
Ao Fundo
do Oceano
Ao Fundo
do Oceano
RUDOLFH BLUES
(1986)
mary, que tinha sobrenome alemão,
nua & absorvida nas luzes do estúdio.
mary, que tinha sobrenome francês
& chicotes & luvas & leques nas
mãos.
dançando nas manhãs artificiais,
corpo-mármore,
esculpido pelas mãos de um morto
com os dedos no olho-fotográfico,
retendo uma fêmea instantaneamente para o mundo.
& seu único desejo era ser a playmate do
ano.
mary, que tinha sobrenome espanhol,
& seu sexo bizarro & seu sexo
barra-pesada,
vive nas paredes da prisão latino-americana,
entre brancos & negros & índios.
mary, que tinha sobrenome sueco,
surge nos muros & nos quartos,
em pinturas pornográficas,
salvando os fugitivos nas favelas.
mary, que tinha sobrenome...
imaculada absolvição de instintos,
concepção à cores para a revista...
enforcada pelo cordão umbilical da playmate do
ano.
MISS ENEIDA
(1989)
A noite a chamava Miss Eneida, dama de
conhecimentos...
recitava poemas para cultos e ignorantes
e uma noite sonhou ter sucesso na vida,
bebidas e mulheres, pouco trabalho,
e dias para rir e não chorar.
ociosos senhores que estão sentados nos bancos
da praça
sem dinheiro e sem lugar para descansar...
todos a sonhar com o sucesso na vida,
bebidas e mulheres, pouco trabalho,
e dias para rir e não chorar.
e um dia ela poderia ter sido uma atriz de
rock’n’roll.
e um dia ela quis ser uma cantora popular,
domiciliada e vivendo em belém do pará.
feto esquecido no coração da amazônia legal,
deixou os cabelos e a barba crescerem,
e encolhendo-se, flácida e enrugada,
sumiu na selva.
miss Eneida, miss Eneida,
desperte da própria morte.
miss Eneida, miss Eneida,
desperte da própria morte.
SENHORA
UNIVERSAL
(Segunda versão para Miss Eneida)
(1990)
a noite a chamava de senhora universal, dama de
conhecimentos.
lia a bíblia para índios e pobres...
uma noite sonhou ter sucesso na capital;
bebidas e mulheres, pouco trabalho,
e dias para não chorar.
ociosos senhores sentados nos bancos da praça
sem dinheiro e abandonados ao luar...
todos sonham também com o sucesso na capital;
bebidas e mulheres, pouco trabalho,
e dias para não chorar.
na caravana todos se foram e deixaram
o lugar onde nasceram,
em direção ao norte, para a capital,
do sol nunca se aproximando.
cortesã de beira de estrada,
nosso rubro desespero vieste consolar.
e um dia ela poderia ter sido uma atriz de
rock’n’roll.
e um dia ela poderia ter sido uma cantora
popular.
pai e mãe vivendo em belém do pará.
feto esquecido no útero da amazônia legal,
deixou os cabelos e barba crescerem,
e encolhendo-se, flácida e enrugada,
sumiu na selva,
arrastada para o labirinto da noite única.
senhora, senhora universal,
desperte da morte.
senhora, senhora universal,
desperte da morte.
MULHERES NO
FIM DA TARDE
(1990)
Agarra o pau do teu homem,
é tudo o que resta do teu homem,
nem rios, nem beleza,
apenas carne e osso,
ruas e estradas,
os pés do assassino no assoalho.
agarra teu homem
como a vaca que és,
com tuas tetas arriadas e flácidas.
filhos subnutridos,
corpos sujos,
tão sujos que dão nojo
só de olhar para eles.
sujos e bonitos,
sangue brilhante nos lençóis,
esperma escorrendo na
pele clara e delicada do teu rosto.
máscara grotesca...
agarra teu homem...
agora que ele tem
o que quer e te ameaça com um riso e uma faca...
olhos que amedrontam,
mãos feias, marcadas.
agora que tens o teu homem,
lambe o corpo inteiro...
lambe o corpo inteiro...
lambe o corpo inteiro...
lambe o corpo inteiro...
chegando em São Francisco, Califórnia, em 07 de
fevereiro de 1966...às 21:15
(1989)
ao amanhecer
você
levantou,
deixando o rosto da morte
em seu travesseiro.
há algo de errado,
um vazio em suas visões,
ainda que o céu azul
invada seus olhos cinzentos.
estou indo para são francisco
para são francisco, califórnia.
você não quer uma carona
para ir à cidade dos sonhos?
O homem ferido pelo amor
anda pelas ruas sem direção.
realmente, a vida não vai durar muito
e você vai morrer com ela.
seria melhor, então, você fazer alguma coisa
antes que chegue a sua vez.
estou indo para são francisco
para são francisco, califórnia.
você não quer uma carona
para ir à cidade dos sonhos?
enquanto você vê a velha mulher índia
enxugar suas lágrimas com as pedras do
chão,
muitos pássaros desejam voar
através do paraíso, rompendo a solidão,
e embora você não tenha perguntado meu nome,
eu lhe direi que Eu me chamo morte.
eu me chamo morte,
eu me chamo morte, em são francisco.
você não quer viajar em meus sonhos
para encontrar a vida através de mim?
Eu me chamo morte
e estou indo para são francisco,
são francisco, califórnia, é esse o lugar
para viajar no verão,
e ainda que você tenha medo,
é melhor que o vazio que vejo em você.
Estou indo para são francisco
para são francisco, califórnia
você não quer uma carona
para ir à cidade dos sonhos?
Sim, você quer
uma carona
para
escapar
do
sonho
mortal
da
vidaaaaaaaa!
PENIEL
(1993)
E eu virei cantando e dançando
e meu canto soará
duro,
soará
agonizante...
Num alucinante e arrogante
insistir pela vida,
afastando a morte,
e luto contigo
até a alvorada
e não te deixarei enquanto não me abençoares.
E eu virei cantando e dançando
e
atravessarei a floresta
e
atravessarei o rio.
E eu canto para os mortos
que
ainda respiram...
E eu canto para os derrotados,
E eu canto para os
vencidos,
E eu canto para os
fracos,
E eu canto para os
loucos,
E eu canto para
os amantes magoados,
E eu canto,
Eu canto e danço,
Com flautas e harpas e tambores,
Enquanto arrebento sepulturas vivas,
despertando os mortos
que ainda respiram...
Eu canto para os crucificados,
Eu canto numa terra onde as lágrimas são indefinidas.
Eu canto o amor
para os que não
podem ser
amados.
Eu canto para o órfão
que ainda tem
uma mãe,
E eu canto e danço,
curando os ferimentos da mulher espancada,
E eu canto
para
prostitutas, homossexuais e lésbicas,
Eu canto e danço,
atravessando a floresta,
entre
feiticeiras e magos,
entre
espíritos,
entre anjos e demônios.
Eu canto e danço
em volta do grande vazio humano,
em volta da imensa dor humana.
E eu canto e danço,
meu canto soa duro,
soa agonizante,
numa alucinante e arrogante
insistência pela
vida,
afastando a morte.
Eu canto e danço na floresta
E eu canto para os mortos
que ainda respiram....
Canto para os derrotados,
para os vencidos,
para os loucos,
para os amantes
magoados.
E eu canto,
Eu canto e danço,
Enquanto abro sepulturas
vivas
e desperto os mortos
que ainda respiram...
Eu canto para os crucificados,
Eu canto numa terra onde as lágrimas são indefinidas,
Eu canto o amor
para os que não
podem ser amados,
Eu canto para o órfão que ainda tem mãe,
E eu canto e danço
Consolando a mulher espancada,
Eu canto
para putas, bichas e sapatões.
Eu canto e danço
no meio da floresta,
entre feiticeiros e magos,
entre espíritos,
entre anjos e demônios.
Eu canto e danço
em volta do grande vazio humano,
caindo sempre em espiral no abismo do ego de Deus.
há mãos humanas tocando as estrelas,
há mãos humanas tocando
a lua,
há mãos humanas
tocando o sol,
E não há ninguém que toque a terra.
E eu canto e danço
sem ninguém ou com a
multidão,
E eu canto e danço
para
ser livre,
mas os teus anseios
de liberdade estão aprisionados.
E eu canto e danço
para os negros e
paralíticos,
E eu canto e danço,
enquanto encarno
minhas múltiplas faces,
Seja eu o bêbado, o louco, o poeta,
o filósofo, o músico,
o advogado.
Eu canto e danço
para o filho que nunca terei,
Eu canto e danço
para o amor que jamais retornará...
Eu canto e danço.
Eu canto e danço
para ver a vitória dos
derrotados,
Eu canto e danço
para ver a vitória dos
vencidos,
Eu canto e danço
numa terra sem nome,
Eu canto e danço
numa terra...
Eu canto e danço
para ser o amado que não pode ser amado.
Eu canto e danço
E eu luto contigo
para ver a
alvorada em tua face,
e não te deixarei partir enquanto não me abençoares
para
ouvires o meu canto.
ÚLTIMAS
VOZES NOS PORTÕES DOURADOS (1989)
Coro: ôôôôôô!
Salva-nos, Senhor!
ôôôôôô!
Salva-nos, Senhor!
dos
portões dourados
onde
vaga o rato
e o
tempo retrocede.
dos
portões de ferro
da
onde virá a ferrugem.
O comerciante: Anjos & Demônios
em meu jardim...
vozes comunistas atravessam
meus portões...
Um Anjo: força nos seja dada,
pois a selvajaria
toca a sinuosa & repelente
pele de um verme.
Um Demônio: o senhor americano visitou minha
casa.
derramarei o sol do meio-dia
em vossas ambições?
construirei templos & fábricas?
abrirei fendas temerárias em vossas almas...
há muito perdidas?
para consumi-las na estação sideral?
não tendes tanto valor para mim...
a energia vibratória na crosta de um
verme...
nós domesticaremos a todos
quando os bons tempos vierem,
mas o medo que nos domina
será para o vosso deleite.
Um Fiel: muitos segredos
muitas mentiras,
muitas
demolições.
A virgem encontrará seu marido ainda?
O Comerciante: Derramarei ainda minhas
possessões?
o
tumulto das máquinas...
será alguém
na porta?
num lugar?
ainda
haverá
alguma dor?
Anjos
e demônios
em meu jardim.
Coro feminino: Salva-nos Senhor!
o
demônio passou embaixo da cidade
e
a serpente cumpre seu itinerário.
LUTECE
(1992)
Eu agora sou uma máquina
no desespero e na alucinação...
Amo uma mulher,
mas ninguém responde,
mas ninguém responde.
Eu agora caminho como uma máquina através da
noite:
vejo um homem espancando, espancando,
uma mulher dentro do carro,
vejo outra mulher chorando,
despedaçada pela noite,
vejo o massacre.
A vida é dura...
é a mãe noturna.
é a mãe noturna.
Ela está chorando,
ela está chorando no motel,
ela está chorando no motel.
Que estranha mão é esta que toca seu corpo?
Ela não tem direção:
“Eu lhe trago cigarros e vinho.”
“Eu lhe trago roupas de cetim.”
“Eu lhe trago dinheiro.”
HOMEM-
CACHORRO
(1992)
Durma em Paz! Estou aqui para proteger você.
Fique tranqüila! Ninguém entrará aqui.
Eu tenho esses músculos horríveis para assustar
qualquer um.
Tenho essas mandíbulas especiais para
morder alguém.
Se alguém entrar? Eu arranco seu abraço!
Se alguém sair? Eu arranco sua perna!
Não há motivo para você não dormir esta noite.
Você só tem que confiar em mim!!!!
mas não jogue muito longe o meu osso!!!!
não jogue muito longe o meu osso!!!
pois você terá que busca-lo.
Mulher Frágil! Manterei sua guarda!!
Mulher Vidro!!! Sou seu homem-cachorro.
mas não jogue muito longe o meu osso!!!!
não jogue muito longe o meu osso!!!
pois você terá que busca-lo.
(1989)
Eu estava na Terra do Fogo, na Patagônia,
quando vi um homem
correndo e fugindo de Wall Street.
Ele chegou perto e falou:
“Ei, rapaz! Podes me dar uma carona?
Tenho que fugir daqui. Ontem a noite pisei na lua!!
Mas hoje dei uma mancada e os índios
estão atrás de mim”.
Eu disse: “Ok, camarada,
mas terás que arranjar um disfarce de índio!
É que Tatanka Yotanla e
Tashunka Itcko
estão aí atrás, no caminhão
e estamos subindo as
Américas. Mas, afinal, como
te chamas?”
Ele disse: “Richard Nixon.
Para onde vocês estão indo?”
Eu falei: É melhor pores
teu melhor disfarce,
tua melhor máscara...
estou trazendo todos para
São Francisco outra vez.
SENHORA DOS
PENSAMENTOS DISSIMULADOS
(1992)
Apague a luz do seu quarto
e veja meu rosto refletido no seu espelho.
A luz do meu quarto está acesa
e você não está aqui.
Não poderá ver minhas lágrimas
e nem poderá ver que estou sangrando.
Agora seu aborto está com uma arma
apontada para sua mente.
Ele quer libertá-la de sua dor...
Sou eu, Senhora dos pensamentos dissimulados.
Você acha que pode destruir as promessas que fez
rasgando pequenos papeis e algo mais.
Mas suas palavras possuem energia.
Você está toda comprometida, garota.
Agora seu aborto está com uma arma
apontada para sua mente.
Ele quer libertá-la de sua dor...
Sou eu, Senhora dos pensamentos dissimulados.
Você não tinha que se ocultar,
mostrar o que realmente não era.
Você deveria ter falado a verdade.
Você me viu desde o começo,
mas eu não vi você.
Agora seu aborto está com uma arma
apontada para sua mente.
Ele quer libertá-la de sua dor...
Sou eu, Senhora dos pensamentos dissimulados.
Não sei onde você vai
buscar tanta ilusão,
tanta ambição, Senhora da
Perfeição.
Tão rápida em apontar os
erros dos outros e
incapaz de ver todas as
feridas da sua alma.
Eu sei quem você é, sei de
onde veio e
para onde vai.
Você é tão preocupada com o
futuro.
Mas não há futuro nenhum
para você.
Olhe esta gente toda rindo
e bebendo e
olhe para o outro lado da
rua,
olhe bem para os milhões de
famintos.
JULHO DE
1999
(1992)
Sol que queima a pele,
inúteis insistências e
ambições.
Você se afasta e se levanta
da cama
como se não fosse mais se
deitar...
inúteis promessas
desfeitas.
Você parte em busca de
risos que
se converterão em lágrimas
outra vez.
Mas eu verei você novamente
em julho de 1999.
Eu sou daqueles milhões
que aqui estão e aqui foram
colocados
para não trazer a paz,
mas para dividir a casa,
colocando o marido contra a
mulher
e a filha contra a mãe.
mas, eu não usarei mais
a coroa de espinhos, nem a
cruz,
nem o pão e nem o vinho
em julho de 1999.
Você sabe, Jesus é Satã
invertido.
E na verdade, o bem e o mal
somente habitam em mentes
enfraquecidas.
Você sabe que tudo o que
você toca
se desfaz em areia.
Mas você gosta disso,
e por isso você deve se
juntar aos seus,
e agora que o Anjo fechou
suas asas
há uma ferida na minha coxa
esquerda,
e isso significa que não
poderei mais ajudar você.
Mas, na confusão e no caos,
nas lágrimas e na dor,
eu estarei em paz
em julho de 1999.
CIDADE
BELÉM
(1992)
Há uns trinta e três anos
cheguei a esse lugar
e demorei a entender
essa estranha mulher.
Senhora das Mangueiras!
Onde foi que perdeste teus filhos?
No cio da noite?
No cio da noite?
Cidade Belém
Cidade Belém
os forasteiros parecem te amar.
os forasteiros parecem te amar.
mas não os teus filhos,
mas não os teus filhos.
Eu posso jogar tuas sementes ao vento
E sei que nada brotará;
Eu conheço teu destino
E sei quando mentes.
Escorre o esperma no rosto da menina virgem,
quando todos os hereges estão de joelhos no
motel.
O FANTASMA
NO DESERTO
(1992)
Que distância imensa,
Tão
longe de casa.
Aqueles
imbecis ao redor da sepultura,
Tão
frágeis quanto o morto.
estou tão distante de casa,
gostaria
de ver você por aqui,
uma sombra que se levanta,
mil
sombras que se levantam
na poeira.
e a escuridão envolve tudo...
mas eu não posso ver com os teus olhos,
só posso ver com os meus.
estais
só, como eu.
se
respiras
ou não
isso não tem importância.
essa areia imensa,
essa
imensidão aquática...
que
direção nos indica?
Aqui eu sento apenas, e apenas penso no
que
fui, e no que fiz,
nesse tempo dilatado,
estagnado.
Não, não sou um número
no meio desse infinito...
eu crio poemas...
NO CLAUSTRO DA ÁGUA
(1991)
A ordem nada pode gerar.
A desordem fará a ordem futura
para descendentes de uma época em declínio,
um ciclo numa semente,
os olhos da águia sobre
a cabeça do velho-lobo.
ir além da onde os olhos podem tocar,
num abismo, num fogo perpétuo,
e lá dançam os anões,
refletidos no sol poente.
o que gerou a razão foi
antes a paixão,
mas não a própria razão.
as pessoas jamais serão as mesmas
num poço insignificante para a razão,
um salto gigantesco para a alma,
no meio do caos, dos delírios
e abismos,
da peste e do assassínio,
nada em vão, nada por acaso.
um milhão de mortos,
uma centena de guerras,
ainda é pouco.
a maioria das criaturas
ainda hibernam no ovo cósmico,
sem comunicação com os outros,
mesmo nos sonhos.
As essências estão mudando
e então fujamos da cidade.
o fogo transforma-se em água, a água em ar,
e o ar em terra
e volta ao fogo,
de onde fora gerado...
a carne gera os ossos.
fogo na cidade,
e fogo para o renascimento da ave,
a intuição sobre o nada.
Agora, os olhos do velho homem
viram-se para as ondas...
há golfinhos na alma do novo,
há baleias cantando,
e o velho homem
é arrastado para o oceano,
agora convertido em universo.
para cada renascimento,
uma dor apropriada;
para cada verão
um inverno,
e para
cada rocha
encravada no cemitério,
uma flor entre as árvores do
bosque.
TEMPESTADE
(1990)
Para Regina Lúcia
o velho egoísta está partindo,
o velho egoísta está partindo,
levando suas reminiscências infantis,
levando-as para o vento.
memórias embrutecem, lembranças apodrecem,
o velho egoísta está partindo.
o assassino da obscura floresta está fugindo.
o assassino da obscura floresta está fugindo.
o sangue derramado no ventre nupcial
a terra devorou.
mortos ressuscitam; vivos caminham outra vez.
o assassino da obscura floresta está fugindo.
mulher, vem despertar teu homem.
mulher, teu homem está morrendo.
toca-lhe o corpo,
entrega-lhe a mente
na distância, ou muito perto.
mulher, vem amar teu homem.
o amor vive entre nós outra vez.
o amor vive entre nós outra vez.
o impulso da vida, a sensualidade exuberante,
a casa será reconstruída entre seus próprios
escombros
cavalgando entre a liberdade e o amor.
cavalgando entre a
liberdade e o amor,
cavalgando entre a liberdade
e o amor,
cavalgando entre a
liberdade e o amor,
cavalgando entre a
liberdade e o amor,
ECOS DA RUA
(1986)
O silêncio quebrou o pulsar do coração
vagarosamente,
esperando
as virgens persas
vindas do leste
atravessarem a noite num cavalo branco.
o transe da morte
hipnotizou um anônimo rosto
em lojas comerciais abandonadas.
na escuridão
o assassino caminhou frio,
adormecido em seus sonhos.
algumas faces agonizantes,
ocultas por negras mortalhas,
cobriam o muro da igreja,
e crianças aguardavam os cantos da noite
chuvosa,
todas perdidas na escuridão.
meus olhos
observam o espetáculo
em todas as voltas do carrossel mágico.
mas, a próxima manhã já desce a rua
para encontrar um cadáver sonhador,
nos ecos da rua.
O LOUCO
(1989)
o louco fugiu de casa.
o louco incendiou a escola.
o louco rasgou sua roupa.
o louco queimou seus livros e documentos.
o louco não anda ao lado de ninguém.
o louco juntou um exército para invadir a
cidade.
não! ele não acabará como vocês...
o louco é a desordem divina para recriar a ordem
perdida.
o louco abre vales através do inferno.
o louco destruiu as fronteiras das nações.
o louco crucificou a prostituta em seu corpo.
o louco ri dos sonhos do assassino.
o louco não está no hospício.
não! ele não será como vocês...
o louco entende o canto dos pássaros.
o louco beija a terra porque sabe que ela é sua.
o louco ama a terra, o oceano e a chuva
porque são seus e não pertencem a ninguém.
o louco está aqui,
o louco está em Deus e Deus está no louco...
e o louco é Deus.
e ele jamais acabará como vocês!!!!
o louco é um peregrino que
anda sobre o mar e nunca afunda.
Vês, este oceano é meu,
Queda infernal,
subida infernal,
árvores
caídas:
“Vês, esta terra é minha,
e não
tenho fronteiras,
e todo o meu cérebro está
iluminado
pela escuridão.”
“O caminho imaginário não
está tão longe
e o verão nos meus ossos
queima minha consciência
na cidade do pó.”
E ele correu para a beira
do rio,
e ficou olhando o outro
lado.
RAINHA DA
LUZ
(1992)
(Uma Pintura
Sobreposta
Em Uma
Imagem Erótica)
Para Regina Lúcia
“A nudez da mulher é a obra
de Deus.”
“A essência do doce prazer
jamais pode ser maculada.”
(William Blake, 1793)
A boca...
o
toque dos lábios,
suave
sensualidade...
beijo vermelho.
A pele...
macio
algodão, seda delicada...
alva
areia,
cortejada pelo mar.
Os cabelos...
castanho-escuros,
longos...
ondas
sobre os ombros.
Os seios...
o
desejo,
a
realeza,
o
mais doce vinho...
rubras
auréolas
Os olhos...
o
encanto, a sedução...
cristal
vivo.
O coração...
o
afeto, a harmonia, o equilíbrio...
sem
limites...
delírio desacorrentado.
a
paixão, o amor, o envolver
corpo
sobre corpo
alma sobre alma
c ga c
o a r
m a o
r l o o l r
p m m
or m p
o a s org a o
a
orga
s s g
orgas s s
o o r o r g a s m o o
b b ORGASMO b b
r r rgasmo r r r
e e gam g e e
aso a
c a sm s a c
o l mo m l o
r m o o
m r
p a a p
o o
a
paixão, o amor, o envolver
corpo
sobre corpo
alma
sobre alma
mulher-criança,
às
vezes triste... às vezes alegre,
louca
pelo amor.
uma noite despertou-me,
tornei-me
homem.
uma tarde, eu a despertei,
e
ela viveu a suavidade do eterno prazer.
OS RELÓGIOS
(Primeira Versão)
(1992)
Relembre como as horas queimam seus sonhos
e como a cada manhã, após a luz,
retorna a escuridão.
Relembre aquele muro de delírios onde vagava
sua sombra...
ele desabou e encobriu sua mente.
SORROW...
WE ARE DEAD
Você não teve tempo de ver o que havia por trás dele?
Você pode imaginar o que vive do outro lado?
SORROW...
WE ARE DEAD
Olhe, seus amigos bem sucedidos estão dançando
e se distanciando de você,
e embora você corra,
não consegue alcançá-los,
enquanto a distância fica cada vez maior
e sua voz emudece no meio da multidão.
SORROW...
WE ARE DEAD
porquê você ainda veste as mesmas roupas de anos atrás?
roupas que você usava por dentro e por fora, em sua mente?
elas estão sujas e gastas...
SORROW...
WE ARE DEAD
percebendo uma verdade apenas sua,
você a confronta com o absoluto,
tentando despedaçar ou retroceder os ponteiros.
mas, eles vão sempre para a frente e
nunca para trás.
então você esconde todos os relógios de sua viagem,
desejando viver 23 anos
apenas num diaaahaahaahahahahahahahahahahaahahaahaha...
Go
Away...
Go
Away...
Go
Away...
Go Away...
OS RELÓGIOS
(Segunda Versão)
(1992)
olhe como as horas queimam seus sonhos
e como a cada manhã, no fim, a escuridão
retorna,
e o muro de delírios onde vagava sua sombra
desaba e encobre sua alma.
SORROW...
WE ARE DEAD
alma e sombra, você costumava chama-las de idéia
real?
SORROW...
WE ARE DEAD
nós temos caminhos diferentes,
mas o fim deles é sempre igual para todos,
e outra vez andamos em direção ao silêncio.
SORROW...
WE ARE DEAD
Euseiquetudooquevocêsemprequisfoiabriraportaepartir...
SORROW...
WE ARE DEAD
você jamais imaginou um caminho tão longo...
você nunca pensou em olhar tão intensamente para
esta vastidão...
SORROW...
WE ARE DEAD
assim como eu, você sempre gira ao redor
de uma verdade sua e outra maior, verdadeiramente
absoluta,
e por poder tocá-las, você de vez em quando
enlouquece.
SORROW...
WE ARE DEAD
relativamente, todas as coisas se parecem
e do mesmo modo, tudo permanece diferente,
e mesmo o amor e o ódio podem ser esquecidos.
Aondevocêvaiescondertodososrelógiosdasuaviagem?
...na areia da praia?
...ou no fundo do oceano?
Go
Away...
Go
Away...
Go
Away...
Go Away...
OS RELÓGIOS
(Terceira Versão)
(1992)
Percebi como as horas queimam meus sonhos
e apagam da memória os costumes e crenças antigas,
e a velha dama, em seu castelo de teias de aranha,
presta contas ao comerciante falido,
e como a cada manhã, no fim, a escuridão retorna
e o muro de delírios onde vagam as sombras
daqueles que se vão e nunca retornam
desaba e encobre suas almas.
SORROW...
WE ARE DEAD
almas e sombras, todos costumavam chama-las de idéia real?
SORROW...
WE ARE DEAD
Os caminhos diferentes e os lugares de repouso,
mas o fim deles é sempre igual
a cada toque dos sinos da igreja,
e os que choram ao redor do passado
outra vez andam em direção ao silêncio.
SORROW...
WE ARE DEAD
Euseiquetudooqueelessemprequiseramfoiabriraportaepartir...
SORROW...
WE ARE DEAD
para uma região jamais imaginada...
e nunca pensaram em olhar tão intensamente para esta vastidão?
SORROW...
WE ARE DEAD
E assim como nós, eles sempre giravam ao redor
de uma verdade particular e outra verdadeiramente absoluta,
E por não poder tocá-las, todos enlouquecem vez por outra,
ao redor dos giros e ciclos da vida.
Relativamente, todas as coisas se parecem,
e do mesmo modo, tudo permanece diferente,
e mesmo o amor e o ódio podem ser esquecidos.
aondetodosescondemtodososrelógiosdassuasviagens?
...na areia da praia?
...ou no fundo do oceano?
Go
Away...
Go
Away...
Go
Away...
Go Away...
VÁ EMBORA,
MAS NÃO ME DEIXE
(1990)
Olhe, olhe para o meu
rosto,
seu eu ainda tiver um rosto.
olhe através dos meus olhos,
veja as profundezas das covas vazias que ele
oculta.
eu deixarei você vê-las, e só você!
mas não sinto piedade alguma da vida que eu
tive.
leve minha vida, leve-a daqui,
eu não a quero mais.
você acha que representei bem meu papel no
teatro?
eu estava lá, mas não era eu,
e pergunto a mim mesmo por onde andei
todos esses anos.
o teu corpo de formas vazias
já não interessa.
Quando a noite chega e sinto frio
ligo para um número qualquer
no telefone.
você gira em torno da verdade
o tempo todo, mas é incapaz de
tocá-la, e então, às vezes você enlouquece.
O OBSERVADOR DAS ESTRELAS
(1991)
Rios de lágrimas na virada
do milênio.
a voz dos profetas traça
progressões matemáticas.
o terror de estar vivo e as
portas abertas para a eternidade.
você pode me ouvir?
anos-luz do ponto central
onde a matéria petrificou
imagens estranhas.
O alinhamento interplanetário não deixa dúvidas:
olhos que agora tocam o sol,
olhos que agora tocam a lua,
abismos de estrelas
no portal do pesadelo...
semens, lágrimas, risos e sangue,
este oceano é meu e de ninguém mais.
As luzes brilham,
vem a resposta de plutão,
Urano insano ilumina a virada com tochas,
naves cruzam o sistema,
o olhar melódico de Júpiter,
cadeiras de roda, cadeiras de roda,
você não pode mais se comunicar.
luzes intensas,
tensão nas artérias,
anjos cumprem as leis,
explode o motor. Rainha da
Luz,
quem é que está atrás dessa
mascara?
quem fala com minha voz?
milhares de espíritos pedem perdão:
se você pode me ouvir envie um sinal,
olhos de gelo em seu rosto.
milhares de espíritos pedem
perdão:
se você pode me ouvir envie
um sinal,
olhos de gelo em seu rosto.
milhares de espíritos pedem perdão:
se você pode me ouvir envie um sinal,
olhos de gelo em seu rosto.
através das estrelas
através das estrelas
através das estrelas
através das estrelas
(AMÁLGAMA)
(Palavras Escritas Entre
1989
& 1992)
uma casinha, um gato,
uma caixa de música,
mas o mundo gira & o mundo
é um ladrão que furta meu sonho,
arrastando-me para os tribunais, inquisições,
diante de professores, padres, policiais,
e mulheres.
& sempre vivi ao redor de
criaturas fúnebres, de
olhos-cova...
sempre vivi num cemitério.
mulheres! acordem!
Soltem os cabelos
invernais,
incendeiem o manicômio
conjugal,
quebrem este espelho
horrível,
que só vos expõem ao
ridículo num asilo sideral,
& depois fujam para o
Egito,
com o manto derramado sobre
o corpo,
e sentem ao lado de quem
vos odeia o suficiente
para vos amar.
o amor,
há só tristeza neste teu rosto emplumado de
risos
& as plumas nem podem encobrir a tua alma
vazia
no fundo de um espelho.
mas no mar eu sentirei fome!
sentirei foooooooommmmmeeeeeee!
Sabes o que é sentir fome?
As Ondas do mar trazem serpentes
& arrancam
os teus olhos
para que vejas.
Não toques meu corpo...
quero ir para algum lugar
onde não possa ver nenhum homem,
nenhuma árvore, nenhuma criança.
Quero estar ali, vomitando a cidade inteira
& tudo o que nela me foi ensinado,
seus prédios, seus livros, suas putas...
sou aquele que viveu dentro desta minha caverna
ocular e sem corpo...
não o conheço ainda, mas sei que ele existe.
Que os negros se fodam!!!
Isso mesmo,
os negros, os brancos, os amarelos
& todos juntos com o navio negreiro numa privada...
menos os poetas,
os poetas, os sacerdotes das essências das fúrias,
encobertas pelas alegrias e tristezas de formas absolutas
e no meio das máquinas.
Eles não tem cor, são invisíveis como os mortos,
mas eles tem um vício: o de sempre jogar a sua pele para que
alguma imbecil burguesa passe
por cima, sempre cortejando o desejo de um monge.
Uma mulher para um poeta:
Sou uma puta, ou sou uma freira.
“tenho medo da mulher,
todas as que toquei, eu quis leva-las a uma
viagem
através do inferno, com última parada no
paraíso...
a mulher e esse seu senso prático,
absurda imundice, essa completa falta de
imaginação,
essa viva morte entre os dias.
Mas faço isso porque penso,
e se penso, é porque não existo.
Sou, digamos, uma célula cancerígena no tempo.
mas tu me chamas de louco.
não, não... sou... louco...
Aqui está o meu livro:
Tudo saiu de meu útero
provinciano,
um útero já em
decomposição.
o que olhas na janela, com
tanta insistência:
Os pássaros.
O que tem de tão
interessante nos pássaros?
O vôo, o vento tocando a plumagem,
o fim do sol, & o início da noite.
Esquece os pássaros, sonhador.
Pensa em tua mulher, em tua
casa,
em teu emprego... os
pássaros não dão futuro.
As mulheres apodrecem,
minha casa um dia
cairá, e o emprego me
envelhece.
Mas, se eu fosse como eles,
estaria lá,
veria a terra como nunca
outro homem viu,
e então,
escaparia das tuas mãos,
não seria mais
teu servo, não seria...
mas temerias o caçador;
o caçador caça a si mesmo em
sua presa, e a águia se ri dele
na sua queda.
Teme a tempestade, louco!!!
Não podes deter o
tempo.
O tempo me envelhece,
O tempo envelhece também os pássaros.
Acorda sonhador! O caminho já se curva, e a voz
já vacila, tuas pernas te farão cair na
calçada da grande avenida e terás fome...
Se eu tivesse um corpo coberto de penas
não temeria o teu tempo nem a tua fome,
não temeria o teu salário, nem teu mundo
giratório, nem teus vícios...
ouviríamos o canto do ancestral
embaixo das ondas
Acorda insano! Senão, não verás este país florescer...
os braços são necessários,
as mãos constróem
arranha-céus
e então terás tua cidade desolada, com o teu
jardim de pedras, com flores artificiais.
tua cidade é um deserto,
um milhão de rostos escalam os edifícios.
Só os afogados podem
ver o futuro por baixo das ondas;
estaria longe dos teus modos
devastares a vida através
da morte.
eu só tenho buscado meus
semelhantes na terra.
o caminho imaginário não
está tão longe.
a primavera sobre os ossos
dos cidadãos do pó,
e Elifaz, Bildade e Zofar,
a caminho se apressam
e se sentam a teu lado,
esperando
que fales a respeito da
subida e da queda,
várzeas, palafitas
incrustadas
na vida submersa do
delinqüente,
e Elifaz, Bildade, e Zofar,
no caminho
e o vento e a correnteza do
rio
ou na mata,
onde o assassino expressa
seu rosto moreno
esculpido,
pronto para os caçadores.
Um caminho de luz arrasta
tu e eu,
pelo campo imaginário,
memória submersa,
nós partiremos para um
lugar...
Ele estava ali, na grande
avenida,
mas, quem lembrará de seus
passos
na grande avenida.
lágrimas ao vento
& vaguei E rodei a terra
eu sou aquele que viu e ouviu desde o princípio,
conduzindo voz e silêncio ao esquecimento,
& conheço os segredos dos reis e dos súditos.
meu vestido invisível varreu as ruas de vossa cidade
& li as folhas dos jornais perdidos nas calçadas
& vim para dizer:
a vossa carne está doente
& a vossa mente enlouqueceu.
a carne apodreceu numa carne apodrecida...
vagina e pênis apodrecidos...
nas escolas e nas casas
só ensinais mentiras ao vossos filhos
dizendo a eles que há lugar no amanhã
quando sabeis que não há lugar nenhum,
nem mesmo para o amanhã.
a consciência do fim está nos escritórios e nas
fábricas
construídos por vossas mãos
e quereis levar vossos filhos à escravidão
porque vos tornastes escravos
& não sabeis como alcançar a liberdade outra
vez.
nas igrejas e nos templos
orais ocultando o rosto num gesto de piedade
corrompida,
mas quando saís de lá,
ignorais o mendigo que está nu e tem fome
&, dentro de vossos carros,
amaldiçoais as mulheres da noite
enquanto vossas filhas se prostituem
em colunas sociais e em bares
& nem avisais a elas que a beleza se
quebrará
quando se partir o espelho dos 60 anos
& até menos que isso.
que as lágrimas do faminto
germinem flores
em teu obsceno vestido de
noiva.
os garotos das ruas
estão abandonados na escuridão da noite;
eles dormem em calçadas imundas.
mas eles terão seus dias de glória
quando invadirem as vossas casas,
deixando atrás uma poça de sangue.
naquele dia então tereis medo, chorando por
vossos muitos erros,
mas estareis convertidos em pó
& nem a polícia que treinastes para vigiar o
vosso patrimônio roubado
poderá vos salvar.
ONE OF THESE DAYS...
a terra onde nasceste está queimando aos poucos
e todo campo está dividido por cercas
e o vermelho do sangue derramado por vós
manchou o verde das florestas.
não deixastes lugar na terra para vossos irmãos...
construis estradas e grandes edifícios,
construis armas para lutar num circo,
& dizeis que o futuro está próximo,
mas só o que vejo perto de vós é o fim.
ONE OF THESE DAYS...
até quando irá durar a
vossa festa? e eu mesmo vos direi:
não por muito tempo, porque
o dia da vossa assolação
já foi estabelecido por vós
todos que traístes a terra:
a lama que jogais no túmulo
dos que vos chamam à razão
não é suficiente para deter
a vossa destruição:
eu vago rodeando a terra
por séculos obscuros
e vi impérios maiores em
cinzas:
o fogo que queimou o véu de
Sodoma foi silenciado por mim
quando os anjos fizeram-na
explodir no início da manhã:
a águia de roma caiu ferida
por uma única seta,
convertida em pão e vinho.
mas eu estarei na porta da
vossa cidade
quando o grande cemitério
se abrir
e a afundarei no mais
profundo dos oceanos.
ONE
OF THESE DAYS...
Ria, garota, ria.
diga sempre adeus...
o mundo gira & gira.
mas você diz sempre adeus.
um dia você acordou
e encontrou um bilhete de sua mãe
dizendo: “para que serve um fogão?
para colocar a cabeça no forno
e ligar o gás!!!”
e o homem vestido como pregador
com a Bíblia na mão
sempre dizia “sim”.
Um bom poeta
deve ser lido...
Alguns bons poetas devem
ser lidos...
a versificação exata,
a emoção serena,
ou exaltada,
a floresta, o regional...
joga todos no lixo,
e recria tu mesmo
essa velha mulher.
iluminar a linguagem
sempre,
não dando importância para as coisas.
a música, som
estéril demais para
conceber uma realidade.
A origem de toda ligação
consiste em:
cada fantasma
humano,
cada
caminhante,
cada
mulher desconhecida
que passa por tua frente...
imprimi-lhe na mente
a tua
imagem;
esta é a MELHOR forma de
AMAR.
este sol que ilumina,
este sol que te ilumina,
está morrendo
queimando tudo o que desejas.
a vida,
um baile de máscaras.
o sonho,
um obsceno no carnaval.
o palhaço...
que anteontem foi rei.
vida nova! Nós a possuímos.
nós aqui nos juntamos, nós ali nos dispersamos
e em todo os lugares
nós caímos.
como no jardim
como no jardim
vem o amor,
e depois o ódio.
e vem a paz
florescendo na guerra
e todos caímos juntos.
como no jardim
como no jardim
ruínas humanas,
confinadas,
cavernas oculares
elaborando ilusões,
o sol brilha
para nosso naufrágio,
como nos velhos anos
do rei.
a porta abre-se para
a via-láctea;
a velha mendiga,
com seu traje negro,
fareja nos cemitérios
a antiga vida.
É que os mortos, em muitas
situações, estão mais vivos que os vivos.
uma província do inferno...
a selva agitada pelo vento e pela chuva.
os dançarinos...
numa província do inferno, edificada por nós,
numa província do inferno, edificada por nós,
podereis ver nossas almas
em abandono neste último hotel do tempo,
último século, sem aparência ou fim...
mãos para cima e orações sem fim para o vento
mãos para cima e orações sem fim para o vento
mãos para cima e orações sem fim para o vento
mãos para cima e orações sem fim para o vento
é inútil chorar...
ONE
OF THESE DAYS...
no Brasil e no Mundo
gente que morre
gente nascendo
gente que respira
na floresta
& na cidade
& na rodovia
gente na grande vida
gente na subvida
no fim da linha de ônibus
no fim do mundo
gente chorando
gente que ri
gente nas ruas
gente saindo
de casa
gente voltando
para casa
gente nos cemitérios
gente nos escritórios
gente nos quartéis
ou no quarto
ou na sala de aula
todos na mesma morte
gente matando,
gente copulando no ferro-velho
vindas dos úteros, de todos os cantos do universo,
nascendo para respirar,
mas não para viver.
outubro, ainda outubro!!!!
nenhuma lei que eu acredite,
nenhum buraco que eu não esconda meu medo,
nenhum homem que eu possa beijar por amor.
gente-suicídio – por fortuna
ou desespero.
gente descendo os morros
gente subindo as baixadas
para gritar “não”!!!
porquê elas vieram aqui respirar,
todas unidas, mas em divergência
respirando, respirando, respirando,
e depois
dizem adeus a tudo o que viram na revista.
gente na carruagem de ferro...
o que
foram buscar lá dentro?
o que
foram buscar lá dentro?
ONE OF THESE DAYS...
o que
foram buscar lá dentro?
o que
foram buscar lá dentro?
o que aqui não faltam são palavras para
enganar a multidão que tropeça na poeira...
minha vida é criação a caminho da morte.
para nós o santo ódio,
minha mente é ascensão para um vazio
entre a vida e a morte.
A morte deve ser rápida,
precisa,
objetiva,
sem missa,
sem música,
sem flores.
expulse daqui o padre,
e o pessimista.
expulse daqui o sensitivo
e o açougueiro do
necrotério.
rápida e precisa
e científica
morte.
vai, viaja até o silêncio
e ouve o que pode ser ouvido de mais
útil.
corra o pênis em seu rosto, lígia!
beba meu leite, senhora!!!
meu filho crescerá,
se tornará forte,
para roubar tua casa
e assassinar tua família.
ONE OF THESE DAYS...
um tempo para tudo
A verdade é que existe um tempo para tudo,
um tempo para nascer, um tempo para morrer,
Sempre e sempre um tempo,
construindo e destruindo,
gerando e matando.
vejo que corres pelo campo para fugir de mim,
e eu só posso rir de ti, vendo tua fuga
no horizonte, porque ao virares a esquina, lá estarei eu te
esperando,
com um outro nome, num outro corpo
mudam-se os atores, mas os papéis são
sempre os mesmos.
Pênis e vagina, beijos e
presentes, confissões e lágrimas,
morte e bosta, e depois é
juntar a pedra para golpear um ao outro,
e um tempo para derrubar, e
um tempo para
edificar, um tempo para
abraçar e um tempo
para afastar de abraçar, um
tempo para rir,
e um tempo para chorar, e
tudo isso é
o que sua vida sempre e
sempre será
sempre e sempre
sempre e sempre
sempre e sempre
sempre e sempre
pequenos fetos que tremem de frio, num útero
gelado,
dentes que apodrecem, mãos e pés, braços que
vacilam,
corpo que engorda, olhos enfraquecidos,
voz arrastada e vazia, corpo sem movimento
atirado em uma cadeira de rodas,
mas sempre e sempre o desejo pelo novo
que amanhã apodrecerá.
tu és a mulher que amei ontem...
vais ser a mulher que amarei amanhã?
como uma erra, a outra errará
onde uma acerta, a outra acertará
sempre a mesma pessoa, com outro nome apenas
num outro corpo, mas sempre a mesma pessoa.
porque somos a repetição uns dos outros, e ninguém acrescenta
nada,
e todos apenas aumentam o cansaço.
sempre e sempre num tempo
cujas feições vão se deteriorando e caindo
no esquecimento, a cada segundo.
Encontrei a morte num prostíbulo
e ela veio sentar e jogar cartas comigo,
e perguntei a ela qual o sentido da vida
mas ela riu e disse que também não sabia,
e estava ali para cumprir seu papel:
encerrar minha representação.
casas, mansões, casas,
discos e livros, filmes,
verão e inverno, sol e lua
e sempre os mesmos delírios
e tu sempre e sempre indo
de esquina
em esquina, e sempre e
sempre encontrando
a mesma pessoa, com outro
nome,
num outro corpo, e não te
apercebes como os anos
passaram e se foram, e tu
dando
voltas e voltas no mesmo
quarteirão.
mas haverá um dia
mas haverá um dia
em que estarás velhinha
junto a minha sepultura
e ouvirás espantada
os sons do meu eterno e
imutável riso.
Ironicamente, eu parei no meio da rua
para ser atropelado,
não por um carro ou caminhão,
mas pelo cansaço e pela eterna repetição.
ONE OF THESE DAYS...
cemitério dos cães
sinto-me longe da estupidez
humanitária,
sinto-me tão distante dos
nascimentos e das mortes,
acho que plantei meus ossos
no cemitério dos anjos
usando máscaras a cada dia,
criando mausoléus
encrostados num
rio de papel.
eu grito e ninguém me escuta,
eu sonho e ninguém me vive,
eu quero respirar
mas...
bando de putas boiando nas
noites
coloridas,
amaldiçoando
o mendigo cinzento
com a Bíblia na mão.
o juízo final só existe na ação de cada um
seja um selvagem ou um louco.
há baleias no oceano,
corações pulsando nos cristais salgados.
ONE
OF THESE DAYS...
deixem-me
sair,
quero ir aonde já fui
ou
ir aonde nunca fui.
...pisar neste chão
submerso
ONE OF THESE DAYS...
como tenho medo desse encontro,
desse encontro dentro de mim mesmo
com o outro que tanto me conhece,
desse olhar dentro dos próprios olhos,
não como num espelho [já que os espelhos são
ilusões],
transpondo todas as almas
que viveram na minha carne,
e tu estarás longe de mim,
embora tu tenhas sido eu
e eu tenha vivido todos os teus dias
num único e estranho dia.
cuspirei nesses teus códigos,
nesses teus costumes estúpidos,
e hoje estarei livre
e ontem virei te libertar.
alucinaçãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoão!!!!!!!!!!!!!
e
a vida vale mais que
a arte,
a vida é uma arte em si mesma,
não importam as obras.
não deves ir à cidade esta noite...
os anjos estão esperando na porta,
não deves ir...
segue o curso do rio,
este rio antigo
de eras remotas,
que sempre corre
até o antigo oceano,
e não precisas do vestido, nem da comida.
um animal é o que és,
um animal selvagem,
vagando pelas ruas
até que o oceano regenere seus mortos.
uma intromissão...
parte de um espelho,
toda uma grandeza,
se ela existia.
eu poderia, pedaço a pedaço,
deformar as partes
num antigo todo.
calmo, sento-me aqui,
entre as eras,
mas você o quis assim.
fecharemos uma década,
fecharemos uma década,
fecharemos uma década,
fecharemos intermináveis décadas,
fecharemos cem anos,
com portas de ferro
com portas de aço
com portas de barro.
os grandes pensamentos vêem do ódio
mesclados ao delírio
deixa toda covardia, oh vós que entrais,
mas podeis trazer contigo todo
o desespero, e toda a esperança.
nem o nariz, nem a moral da mulher do Egito
mudariam o mundo.
que fazes aí, pensando em teus irmãos
oprimidos, e nos seus opressores. tens a metranca
nas mãos!!! Assassina a todos!!!!
Livrai-os deles mesmos!!!!
Escreverei o que penso ou não? Escreverei?
Fala-me, piolho humano! Tu que estás lendo meus pensamentos,
tu que acreditas na moda, nas décadas,
naqueles que se dizem jovens
e que não passam das viúvas de uma ruína.
Andas rastejando nas ruas, com essa
comida nas mãos.
Parece que a cada dia que passa,
eu tenho maior consciência de mim mesmo, do
mundo, dos fins.
Marco Antônio e Cleopatra
estavam errados.
Deveriam ter fugido
e se tornado
amantes no deserto.
o amor não vive se morres,
o amor não vive.
mas a loucura não seria um excesso de lucidez que prejudica a
eternidade...
a arte de escrever é uma mentira, mas toda mentira é uma verdade
inata...
gatas estropiadas.
morrer um milhão de vezes e não apenas uma
e retornar sempre
para o lugar onde andamos pela primeira vez.
ONE OF THESE DAYS...
ONE
OF THESE DAYS...
ONE OF THESE DAYS...
uma seqüência para 1980
e esperamos muito pela nova década
os festejos, o natal,
o morto que não conseguiu alcança-la,
um velho, um jovem,
neste ou no outro lado
do mundo,
os festejos, o natal,
e já fazem seis anos que o idiota
enlaçou a corda no pescoço
(só vim a saber deste fato seis anos depois),
pendendo no teto, a lingüiça humana,
o bastardo que uma noite escreveu poesias
para levantar um sol ao seu redor.
eu fico de pé na margem,
olhando-os de longe,
o vôo de uma garça,
um boto que respira.
a imaginação concebe o que os olhos
chamam de belo,
mas a beleza não está no interior
e nem pode está no exterior...
o que é belo não pode ser tocado,
só os cegos podem ver a verdadeira beleza.
ONE OF THESE DAYS...
e foi assim que a década se foi,
uma década de horror morno,
despedaçado e refinado
e nada de bom se fez.
enganaram o tempo apenas,
como se tivessem vida dentro de seus corpos.
abriram lojas, queimaram florestas, comeram no
restaurante.
e os cachorros ?
eles também já foram, um em outubro e o outro
no início de dezembro,
mas o quarto ficou pronto
agora a velha tem um quarto novo.
ONE OF THESE DAYS...
os cegos andam em grupos para não caírem
mãos nos ombros, uns nos outros apoiados.
se um deles falha, todos caem juntos.
eles não sabem aonde estão, nem sabem para onde vão...
a isso se dá o nome de humanidade.
ONE OF THESE DAYS...
há homens diferentes, embora sejam em número reduzido...
eles possuem visão e sempre andam sozinhos.
eles podem ver além da luz do sol,
eles podem ver além das muralhas do tempo,
eles sabem aonde estão e aonde vão,
e nunca há ninguém do lado deles.
ONE OF THESE DAYS...
novo vento,
novos campos,
o sol brilha,
brilha mais que o sol,
ilumina os campos verdes no interior
de todos nós.
tempo ao tempo,
e quando o inverno tiver passado
e a morte for uma prostituta esquecida no ventre da mão,
e nas lápides e no pó de quem passou,
nós retornaremos...
nós retornaremos...
nós retornaremos...
nós retornaremos...
nós retornaremos...
nós retornaremos...
nós retornaremos...
nós retornaremos...
nós retornaremos...
aos vales antigos,
aos montes luminosos,
o luar em nossos corpos,
a dança do fogo renovada.
sim, nós retornaremos,
imóveis e sem limites.
num estranho oceano de
estrelas
um pássaro radiofônico veio me dizer
que andam falando que estou louco...
louco são os militares que treinam jovens para matar;
louco é quem prende e mata o ladrão
para ocultar seu próprio roubo.
ONE
OF THESE DAYS...
em
tua face o cansaço
será exposto embaixo
de toda lua artificial
que rodeia a avenida.
milhões de olhos de ninfomaníacas.
homossexuais e prostitutas
te condenam.
fui ao jardim, onde brinquei certa vez.
eu te ensinaria uma doce brincadeira,
tirar a roupa, só eu e você,
e na escuridão corto tua alma, tua força,
e sais pela floresta, para celebrar a caçada
de antigamente. não tens que temer,
não uso armas, mas se eu te encontrar,
não pertences mais a ninguém,
exceto a mim.
o que te contaram,
já que desceste tão fundo
na vida?
como no átrio das igrejas,
repletas de serpentes
murmurando orações, o teu
encanto foi perdido,
teu olhar náufrago, por
trás da mentira.
não desceste tão fundo, amável criatura
de cabelos dourados,
pelos edifícios e avenidas,
o horror das feridas,
a tempestade de vozes
de gente morta dentro dos carros,
ou,
mendigando abrigo de porta em porta?
Estória absurda,
cenas embaçadas
no filme, riso celestial de
um
monge,
teu olhar-sol, tua crença no absoluto
da vida moderna, espelhada pela razão.
o que te conforta neste caminho?
décadas infinitas, expandidas na memória
e no declínio de hoje,
tecnologia e paixão abortadas...
corpo sem alma.
nada sentes?
dor que não pode mais doer,
o dinheiro que pagaram
ao velho homem e ao rapaz
não serve para nada,
e juntos eles foram para um
bar,
uma queda, ao lado da
rodovia
e pelos copos amarelos.
o jovem ouviu do velho
a voz de algumas mulheres
de carne e osso,
cheirando a concreto e
poeira.
o aspecto simples da complexidade,
o aspecto complexo da simplicidade;
o verão e o inferno não juntam ninguém
quando você foi um inocente,
quando nós éramos pessoas simples,
e andando pelas ruas enlameadas,
ou, parados junto ao poste de luz da esquina...
nessa rua não há lugar para vagabundos.
pássaros do amanhecer
cobrindo a aurora,
como uma mortalha negra no ar.
o sonho de toda camponesa
é nunca envelhecer,
e os ossos nunca derreter
no forno do tempo;
o amor gera o ódio.
eu te levaria outra vez ainda
para a floresta negra.
os espelhos! os espelhos!
jovem mulher, jovem camponesa,
tu ti perdestes na floresta dos espelhos.
os pássaros na ponta dos galhos,
num fim da tarde,
e Elaine nada disso vê,
e ela fica orando pela distância,
com seus olhos dilatados pelo amor
de outra mulher.
venha para mim, meu amor...
sem sua vida eu não sou
nada;
preciso de seu sangue
aquecendo o pó
de que sou feito.
venha correndo pelo campo,
com suas orações e sua fé,
sem sua alma não há luz que me aqueça.
o meu tempo já retorna para a eternidade
e incerto é o meu futuro...
dos livros, sangue e lágrimas,
dos poemas, sangue e lágrimas,
mas nenhum sangue como o seu,
e nem uma lágrima como as que você
deixa cair, e elas se convertem em cristal.
você não sabe o que é querer morrer
e não poder...
você não sabe o que é querer viver
e não poder...
você não sabe o que é ter asas
e não poder voar...
venha para mim, meu amor,
deixe eu atravessar sua alma
e fazer dela uma porta para a eternidade humana.
vem comigo, desçamos para o coração da floresta
e do fogo
sobre as águas.
meu nome tu não saberás...
há de ser sempre um mistério.
Esta noite, quando a lua cheia estiver brilhando,
tu vens comigo para as sombras da floresta.
trarás o vinho,
e em trajes brancos, a foice nas mãos,
sentados entre as pedras, o fogo fará refletir meu olhar
esta noite, envolvidos pelo luar.
beberemos o vinho, e dançaremos nas profundezas da realidade,
conclamando os espíritos,
e falaremos desconexas palavras,
mas ao amanhecer subiremos ao palácio da sabedoria
e quando vier a lua das folhas caídas
uma estranha tristeza rondará teu espírito...
choraras teus mortos
no vale do amor, agora repleto de sepulturas, muito antigas,
há muito esquecidas.
e quando eu te beijo,
o mundo desaparece,
o mundo desaparece.
se o homem que amas vier te magoar
não esqueças que se assim ele o faz
é porque assim tu mesma o ensinaste
ao despertares as sombras de teu passado.
desperta agora!
teu espírito envelhece, com as sombras do teu passado,
e a cada passo, mais a morte de ti se
aproxima;
o sol já se põe sobre teus olhos;
desperta, desperta,
as crianças já se riem de ti
e as feiticeiras já cantam teu nome.
o estio se aproxima
e eu queria contar apenas as
estórias da mulher que enxugava as lágrimas
com as pedras do chão.
ela é uma grande filha da
puta!!!
Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
ela é uma grande filha da
puta!!!
Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
ela é uma grande filha da
puta!!!
Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
ela é uma grande filha da
puta!!!
Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Num desses dias...
eu vou estuprar a mente
dela com um cano de revolver.
TRAZENDO
TODOS PARA ESTRADA NOVAMENTE
(1992)
Que tal acordar
apavorado e assustado
num quarto estranho,
numa terra de
beira de rio que se chama
morte,
como se alguém tivesse
te partido a cabeça
com um machado.
Que tal acordar
de uma ressaca
com a Bíblia na mão,
deitado sobre um tapete
de revistas pornográficas,
olhos vermelhos de álcool,
músculos doloridos
com a foto da mulher amada
recoberto de poeira,
sentindo-se um órfão.
não há mais dúvida
não há mais perguntas para
responder
a não ser, irmão, que não
sabemos mais quem somos nós.
ontem a noite
eu vi um hitler negro
embriagando-se no bar da
esquina
após ter fugido de uma
fazenda, onde estão acorrentados muitos escravos
do sul do Estado,
acompanhado por uma besta,
e quando ele disse que
estava ferrado
eu disse: acorda e vai ver
como o céu amanheceu
cinzento,
e percebe que há crianças
ao redor da tua sepultura,
cada uma apontando uma arma
para o caso de tu te
levantares.
portanto,
pega as tuas coisas,
porque eu estou trazendo
todos para a estrada outra vez.
UMA NOVA
CANÇÃO DE AMOR AO ÚLTIMO VIGILANTE NO TÚMULO DO FORASTEIRO
(Eu Fico Aqui... Tu
Continuas por mim – Despedida do Rapaz que envelheceu e Não Retornará Jamais)
(1989)
alguns que aqui ficaram,
aqui pereceram
o forasteiro daqui partiu,
deixando um sol em cada
muro noturno.
um dia ele voltará,
enquanto que alguns que
aqui ficaram, aqui pereceram.
eu tenho um segredo a ti
dizer,
algumas palavras que li nas
paredes dos conjuntos habitacionais:
uma transformação ocorreu
nas senhoras deste lugar...
elas não se lembram de seu
passado.
uma doce chuva molha os telhados das casas
a poeira dorme submissa ao vento
um cão não encontra abrigo nas ruas da cidade
e o forasteiro daqui partiu.
tu sabes: ele era meio
louco
e nunca deixou a velha
ambição de ser um peregrino,
e ainda que te amasse
jamais poderia deixar de
caminhar no princípio
e por isso ele partiu.
o amor que se foi é sempre
o amor que virá,
num outro tempo, num outro
homem, num outro rio.
parados na selva de sonhos,
os olhos perdem a beleza e envelhecem.
se não andas sobre mar
sempre morrerás afogada,
e de todos os sons que podem ser ouvidos
o mais belo é o silêncio
e a melhor maneira de ouvi-lo
é olhando para dentro de um outro olhar humano.
de todas as bebidas
a melhor é a água.
ele nunca teve piedade das
mulheres que conheceu,
mas de ti ele teve, porque
estavas além
das mulheres que ele
conheceu,
porque ele beijou todas as
mulheres que amou
ao beijar tua boca cheia de
estrelas,
um beijo de irmão,
gravado na alma, nunca na
carne.
se eu fosse você
se eu fosse você
se eu fosse você
eu aguardaria até ele retornar.
quando ele retornar com
seus livros
e sua música...
eu aguardaria até ele retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
eu aguardaria até ele
retornar
EDITORA OGMIOS (SEACULUM
OBSCURUM)/
GRAVADORA ARTE DEGENERADA
1984-1993
2002-2011
A
Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) – Gravadora Arte Degenerada foi um projeto
de arte experimental, criado por Marco Alexandre da Costa Rosário, envolvendo
poesia, música e pintura, o qual teve sua existência entre os anos de 1984 e
1993, e foi novamente iniciado a partir de 2002. Seu primeiro nome foi Editora
Morangos & Uvas (Seaculum Obscurum), denominação esta que foi usada até
1986. Este nome foi inspirado pelo quadro tríptico O Jardim das Delícias, de
Hieronymus Bosch, e pelo filme Morangos Silvestres (SMULTRONSTÄLLET), do
diretor sueco Ingmar Bergman. Ogmios é uma antiga divindade celta, conhecida
também como o Velho Calvo. Segunda a lenda, de sua língua saiam fios de ouro
que enlaçavam as orelhas das pessoas e elas eram forçadas a ouvi-lo. A palavra
latina Saeculum foi alterada: a letra e troca de lugar com a letra a,
formando a palavra Sea (mar em inglês) culum, ou seja Seaculum Obscurum, ou o
mar da obscuridade secular, que é o modo como Marco Alexandre vê sua época.
Todos os livros da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) pertencem a série
BLITZBUCH (livro-relâmpago). Esta junção de duas palavras alemãs é uma sátira à
Blitzkrieg dos nazistas. Juntamente com a Editora Ogmios (Seaculum Obscurum),
em 1986 Marco Alexandre criou a Gravadora Arte Degenerada, uma experiência
alternativa na área da música. A Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) teve
bastante influência da música, literatura, pintura e cinema de vários países.
Seus dois princípios máximos eram: a arte não se vende e a arte não
tem fronteiras.
De
todas as obras realizadas pela Editora Ogmios (Seaculum Obscurum), as duas mais
importantes foram os livros Iluminuras e Guirlanda de Flores Sangrentas. Estas
duas obras foram completadas em 2002, pois ficaram inacabadas nos anos em que
surgiram (1986 e 1987). Na verdade, alguns poucos poemas e todas as pinturas
foram elaborados no ano de 2002, com o objetivo de completar estas duas obras.
Depois dos últimos poemas escritos por Marco Alexandre (em 1993), a Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum) silenciou por muitos anos, embora alguns pedaços de
poemas isolados tenham sido feitos no transcorrer dos anos. Em 1994, Marco
Alexandre fez uma espécie de coletânea com as músicas que ele gravou em fitas
cassete (até hoje conservadas) entre os anos de 1981 e 1988. Em 2001, Marco
Alexandre conheceu, através da Internet, o músico americano Tom Rapp, líder do
lendário grupo Pearls Before Swine (1967-1971) e uma das maiores influências da
Editora Ogmios (Seaculum Obscurum): Marco Alexandre conheceu o trabalho deste
grupo em 1983, através do Lp One Nation Underground, lançado pela ESP-DISK em
1967. Tom enviou para Marco Alexandre uma cópia de seu último Cd: A Journal of
the Plague Year (1999). Este encontro estimulou Marco Alexandre a recomeçar
seus trabalhos na Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) no ano de 2002: os textos
dos livros originais foram digitados em computador; as músicas foram transferidas
para CDs (a partir de março de 2005), poemas foram reconstruídos, livros
inacabados foram completados, etc. O primeiro livro da nova fase foi a segunda
edição do livro As Flores (de 1985), feita em fevereiro de 2002, a qual foi
enviada para Tom Rapp, em Port Charlotte, Flórida, Estados Unidos da América.
Tom disse o seguinte sobre o livro As Flores: “I got the book and it’s GREAT”.
Tom Rapp iria recitar o poema Lírio (do livro As Flores) em seu show, no
festival Terrastock V, realizado em outubro de 2002 nos Estados Unidos da
América. Porém, por problemas de tempo de apresentação não foi possível
realizar tal projeto. Entretanto, ele compôs uma música para o poema Lírio, que
foi enviada para Marco Alexandre em novembro de 2002. Em agosto de 2002, Marco
Alexandre enviou a segunda edição do livro Invocações (de 1991) para Meredith
Monk e Patti Smith, em Nova Iorque, Estado de Nova Iorque, Estados Unidos da
América. Meredith Monk disse sobre o livro
Invocações: “I want to tell you that I did receive the book and the poems.
Thank so much... I am very touched and will cherish them”. Patti Smith jamais se
pronunciou a respeito do livro. Marco Alexandre voltou a fazer pinturas em 18
de setembro de 2002, quinze anos depois do último trabalho nesta área. Ele fez
várias pinturas para os livros O Tecelão de Paisagens, Iluminuras e Guirlanda
de Flores Sangrentas. Estes três livros são conhecidos como livros-música.
Marco Alexandre também começou a elaborar novos livros de pintura
(Surrealística III e IV) e um novo livro-música começou a ser elaborado em
janeiro de 2003 (Winona e as Cadeiras de Rodas) e foi concluído em julho de
2005. Outro livro-música, New York – Paris, começou a ser elaborado em junho de
2004 e foi concluído em abril de 2005. Um outro grande poema deveria ter sido
escrito ainda em 2003, sendo seu título
Cartas às Américas, e talvez tivesse a colaboração de Meredith Monk e de
Tom Rapp. Pelo menos eles mostraram interesse em participar. Porém, o projeto
não foi sequer iniciado. A obra completa da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum),
ou o que restou dela, tem o seguinte título: Veio do Pó e Virou Resto Humano –
Editora Ogmios – 1984 - 2011 (o título foi tirado de um verso do livro
Invocações, de 1991). Exceto os poemas que foram reconstruídos e os livros que
foram completados (com poemas e pinturas) em 2002, as novas edições dos
trabalhos da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) têm os mesmos poemas, músicas,
pinturas e desenhos que foram feitos entre os anos de 1984 e 1993. Marco
Alexandre jamais revisou qualquer trabalho que fez na poesia, na música e na
pintura. Tudo foi composto, escrito, pintado e tocado (gravado) em estado bruto
e produzido sem qualquer reparo.
Marco
Alexandre da Costa Rosário nasceu na cidade de Belém, Estado do Pará, Brasil,
em 7 de fevereiro de 1966. Atualmente, Marco Alexandre vive, desde fevereiro de
2003, na cidade de Santarém, Estado do Pará, no meio da Amazônia Brasileira.
Ele sempre foi um homem pobre e sempre teve muitas dificuldades para realizar
os trabalhos da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum). Entretanto, a partir de
2002, os estranhos livros que ele escreveu começaram a circular pelo mundo e,
em 2005, um site foi criado na Internet para comemorar os 21 anos da Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum) e da Gravadora Arte Degenerada.
Estes
são os trabalhos feitos por Marco Alexandre Rosário na Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) – Gravadora Arte
Degenerada:
- Poemas - (poesia/desenhos) - 1984.
- Um Conto Sobre a Vida de São Francisco de
Assis - (conto/pintura - obra desaparecida) - 1985.
- Uns Dias na Infância - (conto infantil/desenhos) – 1985.
- As Cores
- (poesia/pintura) – 1985.
- As Flores
- (poesia/pintura) – 1985.
-.O Tecelão de Paisagens - (poesia/música/pintura) – março/1986.
- Sete Pérolas para Hollandri - (poesia) –
junho/1986.
- Surrealística I - (pintura – Obra
desaparecida) – 1986.
- Iluminuras - As
Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das Bonecas Manchadas de Sangue
- (poesia/música/pintura) – outubro/1986.
- Guirlanda de Flores Sangrentas - (poesia/música/pintura) – fevereiro/1987.
- Surrealística II - (pintura – obra desaparecida) – 1987.
- América Latrina & o Gigolô Americano –
(Poesia) – 1988.
- Invocações - (Poesia) – 1991.
-
Amálgama – Uma Coleção de Obscenidades - (Poesia) – 1981-1992. Coletânea com
vários poemas.
- O
Último Círculo de Pedras – (poesia/música/pintura) – (coletânea, incluindo os
melhores projetos musicais feitos entre 1981 e 1988) - 1994. (estão inseridas
algumas músicas feitas em 2002 e 2003).
- Surrealística III – (Pintura) – setembro/2002.
- Surrealística IV – (Pintura) – setembro/2002.
- Canções para Marina - (poesia/música/pintura) – setembro/2003.
- Winona e as Cadeiras de Rodas – Compacto - (poesia/música) –
outubro/2003.
- Winona e as Cadeiras de
rodas – álbum - (poesia/música/pintura) – janeirol/2003 – julho/2005.
- New York–Paris – (poesia/música/pintura) – junho/2004 -
abril/2005.
OBS: Texto escrito em 2002 (com acréscimos em 2005, 2008 e
2011).
EDITORA MORANGOS & UVAS
(SEACULUM OBSCURUM)
EDITORA OGMIOS
(SEACULUM OBSCURUM)
GRAVADORA ARTE DEGENERADA
SÉRIE BLITZBUCH
(1984 – 1993)
(2002-2011)
AMÁLGAMA – UMA COLEÇÃO DE
OBSCEENIDADES
(POEMAS – 1981-1993/
COLETÂNEA)
1ª EDIÇÃO: 2002
1 exemplar.
(Marco Alexandre. Belém,
Pará, Brasil)
“Tudo o que é esquecido
permanece em sonhos
obscuros do passado...
ameaçando sempre retornar.”
(Velvet Goldmine)
Editora Ogmios (Seaculum
Obscurum):
website:
www.seaculumobscurum.com
e-mail: editoraogmios@yahoo.com.br
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