NOVOS TEMPOS (1994-2000).
Por volta de
novembro de 1992 eu saí de casa para comprar alguma coisa. Quando eu entrei na
calçada da Avenida 1º de Dezembro, me deparei com uma cena inusitada. Eu vi um
gato, totalmente branco, parado perto da sarjeta. Parecia que ele estava
meditando e pensando se cometeria suicídio ou não, atirando-se na direção dos
carros. Eu parei e o segurei e percebi que ele estava bastante subnutrido; dava
para sentir seus ossos com as minhas mãos. Eu o coloquei de volta no lugar em
que ele estava e segui meu caminho, pensando: se eu voltar e este gato ainda
estiver aí, eu o pego e o levo para minha casa. Quando eu voltei, ele estava no
mesmo lugar em que eu o havia deixado antes, olhando fixamente para os carros.
Eu peguei o gato e o levei para a minha casa. Apesar dos protestos iniciais, o
gato ficou em casa e eu o criei dentro do meu quarto. Ele cresceu e ficou
enorme. Ele era todo branco, com pêlos longos. O nome que eu dei para ele foi
Branquinho. Branquinho ficou comigo até a sua morte, ocorrida em 08 de março de
2003,
Branquinho em 2002, em Belém-PA.
Por volta de
1994 ou 1995, eu não lembro com precisão o ano, um amigo chamado Rui Roth, que
havia passado uma temporada morando na Alemanha, disse que viu vários garotos
alemães fazendo trabalhos semelhantes aos da Editora Ogmios (Seaculum
Obscurum). Eu fiquei feliz ao saber disso, já que algumas pessoas em Belém
achavam que os meus trabalhos artísticos eram loucura e perda de tempo. Nós
devemos observar, mais uma vez, que Belém é uma cidade muito provinciana.
Em
1994 eu ingressei no Curso de Mestrado em Direito (Programa de Pós-Graduação em
Direito) da Universidade Federal do Pará. Em 1996 eu decidi fazer uma pesquisa
sobre tráfico internacional de drogas no Estado do Pará para concluir o Curso
de Mestrado. Em fevereiro de 1999, após uma longa paralisação nos trabalhos de
pesquisa, finalmente o trabalho foi concluído. Este trabalho científico teve o
título de “O Narcotráfico e o Sistema Penal Federal no Estado do Pará”. Foi um
trabalho muito extenso e abrangente, repleto de poemas (Arthur Rimbaud, Jim
Morrison, Hesse, T. S. Eliot, etc), citações sobre as gerações Beat, Hippie,
Punk, etc, e também com trechos de textos retirados da revista Playboy, do
livro “Please Kill Me” (de Legs McNeil e Gillian McCain) e de outros livros
menos habituais no meio jurídico do Estado do Pará. Para completar, eu incluí
duas fitas cassetes com músicas de vários grupos e artistas norte-americanos e
ingleses (a maioria fazia alusão às drogas): Velvet Underground, Pink Floyd,
Frank Zappa, Pearls Before Swine, Beatles, Bob Dylan, Rolling Stones, The
Grateful Dead, The Grateful Dead, David Peel & The Lower East Side, MC 5,
The Stooges Sex Pistols, etc. Tudo isto foi utilizado na primeira parte do
trabalho, que trata da questão das drogas de uma forma geral. A segunda parte é
inteiramente dedicada ao tráfico internacional de drogas no Estado do Pará. Em
suma, foi uma obra revolucionária. Na época, o Congresso Nacional tinha
iniciado uma investigação sobre o narcotráfico no Brasil. No dia 14 de outubro de
1999 eu finalmente defendi o trabalho perante uma banca examinadora. Obtive o
conceito “Excelente”.
Depois da
defesa da dissertação, eu mostrei o trabalho para um amigo que trabalhava, na
época, no jornal paraense “O Liberal”. Ele mostrou partes do trabalho para o
chefe dele, e eles resolveram fazer uma reportagem sobre o meu trabalho. Eu
esperava que eles publicassem apenas uma meia página, mas no dia 31 de outubro
de 1999 (domingo) o jornal publicou uma reportagem de página inteira que incluía
entrevistas com um Juiz Federal e com o chefe da Polícia Federal do Estado do
Estado do Pará. Pela primeira vez na vida, eu era notícia no Brasil e no mundo
(a reportagem foi colocada na Internet, no site do jornal, e o jornal circulava
Em fevereiro de 2001 aconteceu um
evento internacional em Belém, que teve como tema o tráfico internacional de
drogas na Amazônia. Representantes das polícias francesa e do Estado de São
Paulo estiveram presentes. Um Juiz Federal do Estado do Pará foi convidado, e
pediu que eu lhe fornecesse os dados da minha pesquisa, sem me informar que
estes dados seriam utilizados no evento. Ele fez sua palestra com base nesses
dados e citou o meu nome. Um repórter do jornal “O Liberal” ouviu a palestra do
Juiz e conseguiu o meu telefone. O repórter me telefonou, fez uma entrevista
comigo, e mais uma vez saiu uma reportagem de página inteira no jornal “O
Liberal”, dessa vez com uma chamada na página de frente (esta reportagem também
foi colocada no site do jornal, na Internet). A reportagem foi publicada no dia
18 de fevereiro de 2001 (domingo). Como continuação dessa reportagem, no dia 27
de maio de 2001 (domingo), foi publicada a terceira reportagem sobre o meu
trabalho, que ocupou quase toda a página, e também foi colocada no site do
jornal, na Internet. Dessa vez, a reportagem abordou somente a relação entre as
drogas e as artes. Até onde eu sei, jamais um trabalho científico tinha ocupado
tanto espaço na imprensa do Estado do Pará.
Como pode ser verificado, o trabalho científico “O Narcotráfico e o Sistema Penal Federal no Estado do Pará”, pela sua estrutura, foi praticamente um trabalho da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum)/ Gravadora Arte Degenerada. Podemos dizer que este trabalho científico foi o ponto de partida de um novo período da Seaculum Obscurum.
Passaram-se décadas até que países como o Uruguai e os Estados Unidos da América passassem a adotar medidas semelhantes ao que estava escrito na minha Dissertação de Mestrado, com relação ao tratamento dado ao problema das drogas ilícitas e seu comércio.
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