O RETORNO DA EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM)/ GRAVADORA ARTE DEGENERADA EM 2002.
Branquinho em 2002, na Travessa do Chaco, em Belém-PA.
FALANDO COM TOM
RAPP E MEREDITH MONK, E A RESSURREIÇÃO DE BLIND JOE DEATH (2001-2002).
Tom Rapp, líder da banda Pearls Befora Swine (1967-1971).
Meredith Monk e o Presidente Barak Obama na Casa Branca.
Em outubro
ou novembro de 2000, meu pai me deu um computador usado como presente. A
primeira pasta que eu abri teve o nome de “Editora Ogmios”. Eu comecei a
digitar todos os poemas e textos da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) no meu
computador.
Fita Cassete enviada por Tom Rapp (Port Charlotte/Flórida) para Marco Rosário (Belém-PA), na qual consta a música para o poema "Lírio" (1985), na versão em inglês "Lilly - Marco's Song" (2002).
Em 2001 eu
comecei a trabalhar como professor do Curso de Direito da Universidade da
Amazônia (UNAMA). Foi ali que eu comecei a ter a acesso à Internet. Antes de
2001 eu jamais tinha usado a Internet. Esse magnífico instrumento de
comunicação foi o responsável pelo efetivo retorno da Editora Ogmios (Seaculum
Obscurum)/ Gravadora Arte Degenerada.
Correspondência envia por Tom Rapp para Marco Rosário, incluindo o Cd “A Journal of the Plague Year”, de 1999, último trabalho de Tom Rapp.
Em 2001 eu
voltei ao arquivo da Justiça Federal do Estado do Pará para dar continuidade à
minha pesquisa sobre tráfico internacional de drogas. Para fazer o trabalho
científico “O Narcotráfico e o Sistema Penal Federal no Estado do Pará”, eu
pesquisei todos os processos criminais sobre o assunto, de 1976 a 1999. Assim, em 2001,
eu pesquisei o período de 1967
a 1975. Um dia, eu estava no arquivo com um amigo, o
Gaia. Gaia é funcionário da Justiça Federal. Ele gosta de rock e tem uma das
mais maiores coleções de discos e Cds de Belém. Ele estava navegando pela
Internet. Eu ainda não sabia mexer na Internet. Então, eu pedi para o Gaia
colocar o nome “Tom Rapp”, para ver o que aconteceria. De repente, surgiu um
site. Eu fiquei impressionado com aquilo. Como eu disse anteriormente, eu
conheci o grupo de Tom Rapp, o Pearls Before Swine, em 1983, através de um
álbum lançado em 1967, o One Nation Underground. Em 1997, Douglas havia comprado dois Cds do Pearls Before Swine: One
Nation Underground (1967) e Balaklava (1968). Nos Cds haviam várias
informações sobre o Pearls Before Swine, sobre a gravadora ESP-DISK e também
algumas fotos de Tom Rapp. Foi a primeira vez que eu vi o rosto do Tom. Eu
descobri, então, que ele era advogado, como eu. Voltando a 2001, no mesmo dia
em que eu estava com o Gaia no arquivo Justiça Federal, e que eu e ele vimos o
site sobre o Pearls Before Swine, um pouco mais tarde, na UNAMA, eu voltei a
acessar a Internet e descobri um site ainda maior do Pearls Before Swine.
Quando eu estava navegando pelo site, após eu colocar o sinal do mouse sobre
algumas palavras (eu não entendi de imediato o que significava porque estava em
inglês, mas eu sabia que era alguma coisa ligada à comunicação), de repente
apareceu na tela do computador um aviso: “envie uma mensagem para Tom Rapp”. Eu
percebi então que eu poderia enviar uma mensagem para Tom Rapp. Eu envie um
e-mail para ele, mas em
português. Era apenas para verificava se aquilo funcionava.
Um ou dois dias depois (23 de junho de 2001), quando eu abri meu e-mail (da
yahoo), lá estava uma mensagem enviada por Tom Rapp. Eu quase não acreditei
naquilo. Eu passei anos tentando falar com ele, eu não sabia nem se ele ainda
estava vivo, e de repente havia uma mensagem dele para mim (este foi o primeiro
e-mail que eu recebi na vida). Eu tirei uma cópia da mensagem e fui até a casa
do Douglas. Eu estava nervoso e exaltado com aquele fato. Tom agradeceu minha
mensagem, mas disse que infelizmente ele só sabia se comunicar em inglês e
perguntou se eu poderia falar com ele dessa forma. Desde aquele dia iniciamos
uma farta comunicação pela Internet. Em novembro de 2001, Tom me enviou seu
novo Cd: “A Journal of the Plague Year”. Em 14 de fevereiro de 2002, eu enviei
para Tom Rapp a nova edição do livro “As Flores” (1985). Foi uma nova edição
porque agora tudo era impresso através da computador. Ter feito uma segunda
edição do livro “As Flores” marcou a efetiva retomada das atividades da Editora
Ogmios (Seaculum Obscurum). Desde 1993, todos os textos da Editora Ogmios
haviam sido guardados em uma maleta (incluindo outros documentos que
comprovavam sua existência, como uma declaração assinada por mim, Heitor
Meneses e Douglas Dias, em 25 de abril de 1993 – as fitas cassetes com as
músicas foram guardadas em outro lugar, um pouco mais seguro). A umidade quase
estragou alguns desses textos. Olhar para o que restou da Editora Ogmios
(Seaculum Obscurum) foi como entrar em uma cidade destruída. Quando eu consegui
me comunicar com Tom Rapp pela primeira vez, eu ainda não tinha repassado todos
os textos para o computador. Assim, eu tive muito trabalho, arrumando todos os
livros no computador. Tom Rapp
adorou o presente. Ele disse: “I got the book and it’s GREAT. Thanks for the
book and everything. It was wonderful to get it”. Ele me
incentivou a continuar!!! Eu passei anos sendo fã de Tom Rapp e do Pearls
Before Swine. Agora era Tom Rapp que era fã da Editora Ogmios (Seaculum
Obscurum). Isso era inacreditável!!!
Para enviar
o livro “As Flores” para Tom Rapp, eu tive que fazer uma verdadeira operação de
resgate na Editora Ogmios (Seaculum Obscurum). Desta forma, todos os livros
passaram para o computador; poemas foram reconstituídos a partir do título: “O
Sonho de João” (1982), “Isabelle”, “Ramza”, “Andréa” e “Silvana” (todos de 1984
– Do livro “Poemas”). Os poemas do livro “O Tecelão de Paisagens” (“Geração”,
“No Frêmito dos Ventos Interiores”, “Os Sete Sátiros”, e “A Dança das Luzes”)
também foram reconstituídas. Livros que ficaram incompletos (“Iluminuras” e
“Guirlanda de Flores Sangrentas”), foram terminados. Foi uma verdadeira
operação de resgate, uma verdadeira operação arqueológica.
Após falar
com Tom Rapp, procurei falar com outros artistas. Em 2001 tentei falar com
George Harrison, do Beatles, mas ele faleceu uma semana depois de eu ter
enviado uma mensagem para o e-mail dele. Ninguém respondeu. Em 2002, eu conseguir
falar com Meredith Monk. Recebi de Meredith Monk uma fotografia autografada, em
maio de 2002 (o envelope estava com a data de 23 de maio de 2002). Tudo foi tão
rápido que eu fiquei até assustado. Eu falei para ela sobre o novo poema que eu
estava querendo escrever, que teria o título “Cartas para as Américas”, com
poemas trabalhados com palavras de idiomas de todos os povos indígenas das
Américas. Meredith Monk mostrou-se interessada em participar do poema “Cartas
para as Américas”. Ela disse: “How would you want
me to participate in ‘Letter To Americas”. Eu fiz a mesma proposta para Tom
Rapp e ele também disse que queria participar. Este projeto ainda não foi
realizado. Em 14 e 29 de agosto de 2002, dois exemplares do livro “Invocações”
foram enviados para Nova Iorque. O primeiro foi para Meredith Monk e o segundo
para Patti Smith e Lenny Kaye (os dois jamais enviaram respostas).
Também
comecei a estabelecer comunicação com Phill Metzger, um cara de Nova Iorque que
é amigo do Eric Burdon. Ele enviava meus e-mails para o Eric Burdon, mas o Eric
jamais respondeu.
Alguém pode
perguntar: por quê enviar e-mails e livros para artistas que moram nos Estados
Unidos e na Europa? Eu respondo: porque são as pessoas que eu conheço e admiro.
Eu não posso enviar mensagens e livros para o John que mora em Ohio, porque eu
simplesmente não conheço nenhuma pessoa que se chama John e que mora em Ohio. Mas, eu conheço
uma pessoa que tem o nome de Patti Smith e que mora em Nova Iorque. Eu
não conheço esta mulher pessoalmente, mas conheço o trabalho que ela fez na
música e na poesia, fato este que faz com que eu tenha alguma coisa em comum
com ela. Esse é o motivo.
O dia 18 de setembro de 2002 marca o
meu retorno à pintura: foram feitos dezessete pequenos trabalhos com tinta
guache, em menos de 4 (quatro) horas. Este último episódio marca o retorno
definitivo da EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM). Após eu ter feito estas
pinturas, resolvi produzir dois livros de pintura: “Surrealística III” e
“Surrealística IV”. O “Surrealística III” traz pinturas cujo tema principal é a
bandeira americana. Já o “Surrealística IV” foi feito através de colagens de
fotos de mulheres nuas retiradas da revista Playboy.
Em outubro
de 2002, Tom Rapp me disse que ia participar de um festival: o Terrastock V,
realizado em Boston, Massachusetts. Eu pedi para ele recitar um dos poemas do
livro “As Flores” (1985) durante a apresentação que ele faria. Tom Rapp disse
que iria recitar o poema “Lírio” em seu show, no festival Terrastock V. Porém,
por problemas de tempo de apresentação não foi possível para ele realizar tal
projeto. Entretanto, ele compôs uma música para o poema Lírio (Lily), que foi
enviada para mim em novembro de 2002. Eu nunca imaginei que isto iria acontecer
um dia: agora, eu tinha um trabalho em parceria com Tom Rapp.
Fita Cassete com o poema-música "Lilly" (Rosário-Rapp), e também com a apresentação em Boston, no Terrastock, em 2002.
Tom Rapp (1947-2018).
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