GUIRLANDA DE FLORES SANGRENTAS/1987 (TERCEIRO LIVRO-MÚSICA DA EDITORA OGMIOS).
O LIVRO-MÚSICA “GUIRLANDA
DE FLORES SANGRENTAS” (FEVEREIRO DE 1987) E O FIM DA GRAVADORA ARTE DEGENERADA
(JUNHO DE 1987).
Livro-Música "Guirlanda de Flores Sangrentas"/1987 (Cd 1 - 1o. Volume - na íntegra):
Músicas do Livro-Música "Guirlanda de Flores Sangrentas"/1987:
Link: Lisa Tocando seu Violino em meu Deserto/1987
O último
Livro-Música produzido nos tempos áureos da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum)/
Gravadora Arte Degenerada teve como título “Guirlanda de Flores Sangrentas”, e
foi feito entre os meses de fevereiro e março de 1987. Com relação às músicas
houve uma modificação no método de compô-las: este Livro-Música foi composto,
quase que integralmente, na casa de Carla Morrison. Ou seja, dessa vez eu não
gravei duas fitas cassetes e trouxe o material para a minha casa para realizar
outra gravação, usando três gravadores, violão e outros instrumentos e efeitos
sonoros. Quase tudo foi gravado diretamente no teclado. Apenas algumas músicas,
que foram gravadas posteriormente, foram gravadas
Ainda no
primeiro semestre de 1987, eu dei início à produção de mais um livro de
pinturas: o “Surrealística II”. Este trabalho não foi inteiramente concluído e
seria o último trabalho de pintura da Editora Ogmios até o ano de 2002, quando
eu produzi novas pinturas.
Após eu dar
início ao livro de pinturas “Surrealística II”, eu decidi fazer outro
Livro-Música. Desta vez, seria um álbum muito mais elaborado do que os
anteriores. Infelizmente, não foi possível nem mesmo iniciar este projeto. Em
junho de 1987, minha avó Olga Rosário sofreu um devastador derrame cerebral,
teve braço e perna paralisados, perdeu quase que por completo a fala e ficou
assim numa cadeira de rodas até a sua morte, ocorrida em 2 de setembro de 1998.
Devido a este fato, a Editora Ogmios praticamente terminou. Como eu falei
acima, em 1969, após a separação dos meus pais, eu fui morar na casa dos meus
avós, pais do meu pai. Os meus avós, Dário e Olga eram funcionários públicos do
correio brasileiro. Ele nasceu em 1910 e faleceu em 1979; ela nasceu em 09 de
outubro de 1909. Em 1983, um tio que morava conosco foi trabalhar no Banco do
Brasil, em cidades do interior do Estado do Pará. Assim, passaram a morar na
casa eu, a minha avó Olga, a empregada (uma mulher negra, cujo o nome é Deodata
e que passou a morar conosco a partir de 1972), duas cachorras e um gato. Uma
das cachorras se chamava Laisse e passou a morar em casa desde
Série Fadas (Pinturas, 2002) feita por Marco Alexandre Rosário para o Livro-Música "Guirlanda de Flores Sangrentas", de 1987.
hhh
GUIRLANDA
DE
FLORES
SANGRENTAS
MARCO ALEXANDRE
DA
COSTA ROSÁRIO
%
%ÿPOESIA,
MÚSICA &PINTURA¯%
%
Um Livro-Música da
EDITORA OGMIOSE
(SEACULUM OBSCURUM)
*BLITZBUCH*
1987
SUMÁRIO
PARTE I.
PRELÚDIO.
(MONNA
CORDÕES DE PRATA & OURO.
O ANTIQUÁRIO.
A MORTE.
(Soneto XXVII)
PARTE II
FADAS.
(Quatro pequenos
sonetos)
a)
O Brilho Cintilante.
b)
O Lago.
c)
As Lágrimas e as Delicadas Asas.
d)
Os Vôos.
WHALEIA.
CRIANÇAS DE
CRISTAL.
PARA UMA MULHER DA
VELHA E LONGÍNQUA ILHA VERDE,
(Canção para uma
Imagem)
LISA TOCANDO SEU
VIOLINO
ADÁGIO
PARTE I
PRELÚDIO
(MONNA
EM
SEU
LEITO
DE
MORTE)
“quando eu morrer...
enterrem-me em uma lata de lixo
com garrafas vazias, muitas garrafas vazias,
e frascos de perfume barato,
nos muros de Santa Isabel,
e deixem-me amamentar moscas e ratos em paz”.
essa, sua última vontade,
querida monna, filha das sombras da tarde na
padaria,
que bebia água da fonte do esgoto,
em frente ao mercado de ferro,
morta em 13 de abril de 1977...
ash can,
ash can,
ash can,
CORDÕES DE PRATA & OURO
o fino túnel de vidro
ia do paraíso ao inferno,
estabelecendo estações nos
tubos de esgoto,
em pequenas correntes de ar,
no corredor mental do anão.
uma encantadora senhora fino túnel
de vidro;
nasceu de uma concha algumas
dançarinas,
dentro de uma revista
proibida, jovens
e belas ciganas,
uma explosão de seios
ocorreu, germinando
movimentos...
eletricamente falando, alcatrão!!!
nos olhos do explorador
televisual.
e a menina oriental corria
nua,
um tapete de queimaduras na
pele macia,
enquanto os filhos do
imperador
olhavam para os lados
germinando nas bombas. “une femme”, um mercador de
poemas falou;
“uma
constelação de livros antigos
no ferro-velho”, recitou o louco
nos interiores e interiores e interiores
de seu cérebro.
rei dos cogumelos, amante da
jardineira,
costumava devorar sepulturas
no inverno
em cemitérios de abelhas.
“ajude-me! Quero ainda
viver neste inverno,
nos túmulos de vidro,
amando ‘une femme’ e seus livros antigos
de finos cordões de prata e ouro”,
um relâmpago no corredor mental do anão.
“um luxuriante vaso oriental
com as queimaduras da menina te ajudariam?”
um pensamento nas estufas do
rei dos cogumelos.
“talvez. mas o programa que
estão passando é de prata e ouro no espaço”
outro relâmpago no corredor
mental do anão.
o
último Bosque Imaginário
o
fim da tarde desceu sobre o bosque, desceu sobre mim,
desceu
sobre ti, e os ruídos da rua envolveram o jardim,
pequenas
imagens vêm e se vão no rio da linguagem,
mas
o verde é azul e o azul é verde... isso já sabemos,
enquanto
nós desejávamos saber o que havia atrás da roupa
da
professora...carícias de flores nos espinhos.
no
jardim, duas meninas caminhavam nuas...
a
fria mão do vento acariciando seus corpos,
mas
nenhum de nós tocou em suas almas.
no
canteiro das televisões encontramos
alguns heróis
e
durante a noite estávamos escondidos no banheiro com a mulher gato
e
ninguém podia saber da nossa relação secreta.
um
milhão de cordões de prata & ouro
pétalas
líquidas desciam pelas janelas da rua
e
monges negros regavam meus olhos no
quarto escuro
cheios
de monstros sinistros, e diziam:
colher
colheres de sangue não é pecado!!!
um
milhão de cordões de prata & ouro
e
já estávamos dentro da Apolo 11 numa viagem a lua
fumando
escondido no interior da nave! Ih! Ah! Ah!
e de
volta à terra encontramos Alice e
seu coelho falante
que
gostava de consertar relógios sem defeitos
num
campo de jogos de xadrez onde o rei e a rainha eram seus vassalos
e
ele nos contou todos os segredos de todos as rainhas.
e
fingindo de cachorro, entramos nos antigos jogos
de
achados & perdidos dentro da loja de
filtros do português
e
Alice disse: vamos brincar... e tirou a roupa!!!
E
nós em coro: que brincadeira legal!!!!
e
Alice tirou um grande lençol azul de seus olhos
e
vestiu todo o imenso campo.
entrem,
vamos! entrem todos!!! gritou ela.
e
nós entramos e caímos por um grande túnel
e
caímos em outro campo, maior que o primeiro,
e
nele havia uma casa onde se lia na porta: Casa das Crianças Rebeldes,
Casa
das Crianças Feridas pelo Ódio das Crianças do Amor,
que
é a melhor casa da infância,
e
Alice disse outra vez: vamos entrar e saberemos tudo...
entramos
e todos estavam lá e era uma grande festa
de
aniversário e quatro músicos tocavam encima de um grande bolo...
lojas
de brinquedos, revistas proibidas, cigarros,
vinhos
e etc... etc... etc...
estavam
todos dentro da Casa das Crianças Rebeldes
enquanto
Snoopy negociava uma nuvem de fumaça com um guarda
feliz
aniversário aos cemitérios encantados! gritou a princesa de cima
de
seu Castelo de Uvas.
vamos
dar uma festa para eles, disse a sorridente senhora onça.
e
bateria e flautas e guitarras e gaitas e violinos
e
pratos e cravos romperam ouvidos e
ouvidos
e
a banda verde construiu uma melodia sonhadora.
quando
a música acabou todos saíram da Casa das Crianças Rebeldes
e
ninguém mais era criança e cada qual seguiu seu caminho
o
azul dourado flutuou no verde escuro
&
a carruagem noturna entrou nos campos
semeando
noites entre criaturas iluminadas.
minhas
canções o pássaro da manhã levou,
minha
caixa de magia ficou dentro da casa.
“cobre
meu ventre antes de ires embora,
para
que não me tornes estéril e as criaturas pereçam” , disse a terra para mim.
fiz
como ela disse e continue andando:
“não
queres provar o fruto de meu útero”.
quem
falava era o diretor da escola, disfarçado de serpente
e
provei o tal fruto e meus olhos foram
abertos
e
desci a montanha entrando no mundo dos homens
e
me levaram para a escola e me jogaram na
Sala das Crianças do Amor-Empalhado
e
me disseram que eu tinha que ser como elas
&
a professora entrou e disse: Vocês são pequenos répteis...
OH!
CRIANCINHAS MALVADAS!!!
eu
vi, então, que o que ela escondia atrás
da roupa
não
era tão importante assim... era apenas uma floresta negra,
cheia
de crianças empalhadas.
foi
quando percebi Alice do meu lado dizendo:
vamos
arrebentar outra vez, seu otário!!!!
O
ANTIQUÁRIO
Na
caixa...
Antigos
cálices, antigos violinos...
as
ruas tornam-se belas
quando
não há ninguém nelas.
na
calçada o velho antiquário
aguarda,
desfiando
suas relíquias.
cisnes
de cristal,
porcelanas
e realejos.
as
ruas não são dele,
as
pessoa não pertencem a ele,
espinhos
de roseiras estão em suas mãos.
velhos
leões de circo,
pequeno
órfão
na
turva água do rio,
na
escuridão há jóias
e
fotografias.
o
outro lado da cidade,
de
casas antigas,
esconde
a face do velho homem
e
de sua loja de relíquias.
antigos
relógios de bolso,
livros
empoeirados,
de
páginas amareladas.
UM SONHO
um quarto...
abençoada morte
corporal rondando as paredes.
um homem
outro quarto
um homem leva
livros de um quarto a outro quarto.
escuridão e
tristeza
no quarto onde
estão os livros
há uma janela.
o homem fecha a
janela e
leva os livros para
o outro quarto,
semeando-os em
estantes e
volta ao quarto
onde estão os outros livros...
a janela está
aberta
ele a fecha outra
vez
escuridão e
opressão
medo
o homem percebe o
mal na janela aberta,
num mundo de traças
e páginas.
ele cai
ele grita:
SALVE ME CHRISTE REDEMPTOR
o homem não está
mais no quarto;
ele está na frente
de uma casa,
onde uma luz ofusca
seus olhos,
e embora ele possa
ver a luz em seu rosto,
ele não pode ver de
onde ela vem.
A MORTE
(Soneto XXVII)
De
cinzas se faz a terra,
de
angústia se faz a força
que
rompe e dilacera o medo.
De
restos humanos riu-se a terra.
Do
cemitério quieto lanças
teus
sussurros tão misteriosos,
atraindo
os ratos aos teus porões
de
podridão e sangue congelado.
Heróis
e desertores, santos e pecadores
tombam
em tuas mãos
e
não percebem que de ti só vem escravidão.
Alegria
e sofrimento guardas
em
teu belo seio, velha dama de negro,
e
com tua foice descobres do mundo o segredo.
PARTE II
FADAS
(Quatro pequenos
sonetos)
a) O Brilho Cintilante.
pequeno
brilho cintilante
no
vento azul
que
vem rodeando
o
verde das tuas asas.
corrente
de água
que
transborda sobre os teus pés
quando
adormeces na beira do rio
como
uma pequena mulher.
asas
pequenas que o vento toma
em
suas mãos de algodão,
em
sonhos obscuros.
o
estranho azul de tua face,
em
contínua transformação
sobre
o manto verde.
*Poema reconstituído em 2002.
b) O Lago
o
lago convertido em espelho,
onde
tua cintilante face,
refletida
em pequenos delírios,
parece
roubar o silêncio do paraíso.
adormecida
em constante paz
no
intenso sorriso do vento,
mas
despertada para brincar
no
manto verde.
iluminada
pelo sol
em
constantes rodas,
em
constantes risos.
iluminada
pela lua
em
constante festa,
em
constantes abismos.
*Poema reconstituído em 2002.
c) As Lágrimas e as
Delicadas Asas
Pequenas
lágrimas sobre as asas
Descem
até o rio em estranhos
Movimentos,
Como
ondas que brilham em teus sonhos,
Pequena
mulher encantada,
Pequena
mulher encantada.
Lágrimas em sonhos
tranqüilos.
Lágrimas em sonhos
tranqüilos.
Lágrimas em sonhos
tranqüilos.
Lágrimas em sonhos
tranqüilos.
Lágrimas em sonhos
tranqüilos.
Lágrimas em sonhos
tranqüilos.
*Poema reconstituído em 2002.
d) Os Vôos
milhares
de pequenas mulheres
encantadas,
em
vôos pelos céus coloridos,
deliram
em estranhos movimentos.
o
lago agora convertido em lágrimas,
ao
amanhecer
somente
reflete as tristezas e alegrias
das
pequenas dançarinas.
adormecidas
em vestidos brancos
sobre
o sonho encantado
da
morte rápida.
vida
que dura alguns minutos
em
encantados sonhos mortais
para
rir numa eternidade pálida.
*Poema reconstituído em 2002.
WHALEIA
Um
grande e profundo sonho
No
mar,
E
estranhas senhoras,
Sedutoras,
Vestidas
de lágrimas salgadas,
Bailam
Em
cantos noturnos,
Onde
o marinheiro,
Assustado,
Pode
ver o estranho desfile,
E
suspirar
Pela
encantada morte
nos
carroceis aquáticos,
afogado
pelo
grande delírio do
mar...
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano
vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano
vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano
vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano
vivo oceano vivo oceano vivo
oceano
vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo
oceano
vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano vivo oceano vivo
oceano vivo
oceano vivo oceano vivo oceano
vivo oceano vivo oceano vivo
...como
um beijo mortal.
...como um beijo mortal.
...como um beijo mortal.
...como
um beijo mortal.
como
um beijo mortal.
*Poema reconstituído em 2002.
CRIANÇA DE CRISTAL
Criança
de Cristal,
ao
mais leve toque
de
mão,
vai
ao chão e se quebra;
conduz
o silêncio da noite
até
a porta da alma,
voa
entre as nuvens da aurora
em
sua águia alada,
onde
não há limites para seus sonhos.
Criança
de Cristal,
ao
mais leve murmúrio
do
vento,
cai
no abismo e tece um lamento,
quebra-se
em silêncio,
e
vaga sorridente em seu coração de cristal,
em
quietude e dilaceramento entre o bem e o mal.
Criança
de Cristal,
ao
mais doce toque de sino,
vai
ao chão e se quebra,
saudando
o sol.
Vaga
em seu jardim,
apanha
um jasmim,
e
o leva ao reino de cristal.
abdica
dos sentimentos,
guarda
o futuro do esquecimento.
Criança
de Cristal,
passeia
em seu jardim e
deixa
uma lágrima à realeza.
segue
o féretro na solidão,
em
seu vestido negro,
e
ouve o canto junto ao celestial portão.
absorve
dos anjos a face
deixando
no espelho uma imagem acre,
toma
a taça, brinca com a adaga
e
tomba no chão.
PARA UMA MULHER DA
VELHA E LONGÍNQUA ILHA VERDE,
(Canção para uma
Imagem)
Dedicado à uma imagem de Grace Slick, de 1968.
Desejei
teus negros cabelos
sobre
as antigas colinas da ilha verde.
Desejei
teus olhos celestiais
no
céu azul da velha Ilha.
Desejei
acariciar tua face
deitado
em um campo verde da velha ilha.
Desejei
teu beijo,
sendo
eu um homem velho,
feito
de um amor leproso,
no
bailar de um canto noturno
da
velha ilha.
Desejei
ser teu senhor em uma distante gleba.
Desejei
te dar sementes para colher
as
mais belas flores da Velha ilha.
Desejei
tocar tuas
mãos
enquanto
estávamos embaixo da pesada abóbada
da
Velha Ilha.
Este
amor lascivo,
que
somente conheço
através
de uma envelhecida fotografia,
quero
te oferecer,
antes
que a noite última
silencie
a terra da Velha Ilha.
E
assim canto para tua imagem,
percebendo
teus olhos nos dias,
e
seguindo teus passos,
não
percebes os meus passos entre os teus.
Eu
vi teus olhos entre os dias...
Tudo
o que quero é sitiar
em
meu coração
o
teu olhar.
Segui
teus passos entre os dias...
Aonde
me queres levar?
Além
da estrada ou além do mar?
Eu
vi teus olhos entre os dias...
Conta-me
porquê as flores
do
céu
não
querem mais florescer em meu coração...
entre
o renascimento da criação.
Eu
te imaginei entre os dias...
descansavas
deitada sobre as lágrimas
de
uma paisagem, entre os portais
de
um paraíso, mantendo a guarda
de
um rebanho de ovelhas...
Na
relva da Ilha Verde
choravas
como uma camponesa.
Tudo
que um dia foi sonho,
agora
está morto dentro de um inquieto louco
mudo.
Tudo
o que vejo é a miséria
ferindo
as faces de muitas crianças.
Na
relva da Velha Ilha Verde...
lá
te encontrarei a minha espera
sempre
a aguardar os caminhos da infância,
como
se fosse as ruínas de uma velha criança.
Conta-me
o porquê desses adormecidos desejos,
Conta-me
o porquê de eu adormecer em meus desejos,
Conta-me
o porquê de eu adormecer essas
lágrimas
num tênue silêncio.
Eu
vi teus olhos entre os dias...
Eu
vi teus olhos entre os dias...
Eu
vi teus olhos entre os dias...
LISA
TOCANDO
SEU
VIOLINO
EM
MEU
DESERTO
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
Lisa
tocando meu violino em seu deserto
Lisa
tocando meu violino em seu deserto
Lisa
tocando meu violino em seu deserto
Lisa
tocando nosso violino em meu deserto
Lisa
tocando teu violino em teu deserto
Lisa
tocando teu violino em teu deserto
Lisa
tocando teu violino em teu deserto
Lisa
Lisa
Lisa
em meu deserto
em seu deserto
em teu deserto
nosso...
um
violino
e
dinheiro...
sem...
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
Lisa
tocando meu violino em seu deserto
Lisa
tocando meu violino em seu deserto
Lisa
tocando meu violino em seu deserto
Lisa
tocando nosso violino em meu deserto
Lisa
tocando teu violino em teu deserto
Lisa
tocando teu violino em teu deserto
Lisa
tocando teu violino em teu deserto
Lisa
Lisa
Lisa
em meu deserto
em seu deserto
em teu deserto
nosso...
um
violino
e
dinheiro...
sem...
Lisa
tocando seu violino em meu deserto
ADÁGIO
Cem pequenos Olhos
não
menos brilhantes,
porém,
não
menos temerosos.
Guardaram
desejos silenciosos?
Talvez
Ela
quer ficar entre nós.
Não
a deixe ir
ao
reino do esquecimento.
Aqueles
que lá chegam
jamais
retornam.
Uma
nova Atmosfera?
Gira
o vento,
folhas
ressecam,
Gira
o vento
através
dos dias e das noites.
Ela
foi levada
por
um beijo
de
um homem mortal.
Uma
nova atmosfera?
Sem
rima!
Meu
riso não tem rima!
Acusam-me
as sombras,
que
não são minhas,
como
se eu fosse delas.
Uma
nova atmosfera,
Andei
girando,
semelhante
de um morto,
em
torno dos primitivos oceanos,
tateando
entre as vagas,
semelhante
de um cego.
Uma
nova atmosfera?
Sim,
ela é passional.
Oculta-se
na floresta
e
não quer ouvir o vento.
Consolado
pelo medo,
ia
cantando pelo vale
e
dizendo:
- não sou desta terra!!!
minha
canção não é a canção do tempo!!!
E
como um anjo
ela
subiu aos céus
querendo
alcançar a divindade.
Despencou
rumo
ao abismo,
uma
tempestade
em
suas veias,
uma
legião de demônios
em
sua vida erma.
Uma
nova atmosfera?
Campo
deserto e devastado,
onde
vi um cemitério de reis antigos...
Chamar
por alguém aqui
é
chamar pelo silêncio.
ah!
Vou descansar um pouco.
Meus
ossos dissolveram-se na terra
que
não foi minha;
meu
sangue derramou-se no rio
que
não foi meu.
Estou
cansado!
Porquê
não cantas para mim?
Tu
que rolaste do céu para o abismo...
Descobriste
a nova atmosfera?
Já
não tenho casa...
Já
não tenho ninguém...
Só
quero que me deixes dormir.
Uma
nova atmosfera
O
entardecer é sempre mágico:
relva
cintilante,
nuvens
peregrinas,
raios
de sol
penetrando
os mistérios
e
o véu de chuva
que
se aproxima.
Belo
quadro!
O
nobre pássaro e sua corte
trespassam
o verão.
Adeus
aos orvalhos desconhecidos.
Uma
nova atmosfera,
Encerrem
a cena,
adormeçam
as flautas de fogo
e
os acordes de ouro.
Basta!
Tenho
nos lábios o riso de uma fada
e
quero estar morto antes do anoitecer.
MÚSICAS
MÚSICAS DO LIVRO-MÚSICA “GUIRLANDA DE FLORES SANGRENTAS”
(compostas e gravadas em fevereiro de 1987).
1. Prelúdio (Monna
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
piano.
2. Cordões de Prata & Ouro (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
cravo.
3. O Antiquário (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
piano.
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos: órgão.
Fadas (Quatro Pequenos Sonetos)- (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
xilofone - teclados.
6. b) O Lago.
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
xilofone - teclados.
7. c) As Lágrimas e as Delicadas Asas.
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
xilofone - teclados.
8. d) Os Vôos.
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
xilofone - teclados.
9. Whaleia (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém, Pará.
Instrumentos:
piano e bateria eletrônica.
10. Criança de Cristal (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
violão eletrificado.
11. Para uma Mulher
da Velha e Longínqua Ilha Verde, em Transe por sua Beleza (Canção para uma
Imagem) (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
órgão - teclados.
12. Lisa Tocando seu Violino
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumentos:
violão.
13. Adágio (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em Belém,
Pará.
Instrumento: harpa
nordestina.
EDITORA MORANGOS & UVAS
(SEACULUM OBSCURUM)
EDITORA OGMIOS
(SEACULUM OBSCURUM)
GRAVADORA ARTE
DEGENERADA
SÉRIE BLITZBUCH
(1984 – 1993)
(2002-2011)
GUIRLANDA DE FLORES SANGRENTAS
1ª EDIÇÃO: Fevereiro/1987
1 exemplar.
(Marco Alexandre. Belém, Pará, Brasil)
2ª EDIÇÃO: 2005
1 exemplar.
(Marco Alexandre. Belém - Santarém, Pará, Brasil)
“Tudo o que é
esquecido
permanece em
sonhos obscuros do passado...
ameaçando
sempre retornar.”
(Velvet
Goldmine)
Editora Ogmios (Seaculum
Obscurum)
Website:
www.seaculumobscurum.com
e-mail: editoraogmios@yahoo.com.br
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