(II) ILUMINURAS - AS ILUMINAÇÕES QUE RIMBAUD NÃO ILUMINOU NO JARDIM DAS BONECAS MANCHADAS DE SANGUE - SEGUNDO LIVRO-MÚSICA DA EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM)/GRAVADORA ARTE DEGENERADA.
ESTA É A CONTINUAÇÃO DO LIVRO-MÚSICA "ILUMINURAS", DE 1986
Livro-Música "Iluminuras - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das Bonecas Manchadas de Sangue"/1986 (Cd 2 - 2o. Volume - na íntegra):
Link: Iluminuras/1986 - (Cd 2 - 2o. Volume)
Músicas do Livro-Música "Iluminuras"/1986:
Link: Os Sinos - O Princípio (Uma Dança Cerimonial - Parte III) 1986
TERCEIRO CICLO – A
CARRUAGEM DOS MORTOS
SANTIFICADOS
INFERNOS
longe do horizonte de nossos olhos,
em ermas rodovias,
nas sombras do dia.
uma mulher &
seus longos cabelos de fogo & seus olhos de louça azul
sobre as cortinas
da manhã
chamou meu nome na
floresta perdida...
seu branco corpo
luzindo como um raio de uma primeva era,
assaltando as
esquinas da primavera,
convidando meu
corpo a repousar nos profundos mistérios.
em alguns círculos
quebrados & quadrados adejados
& retângulos
retalhados
nós entramos, na
esperança de ver os segredos da herança colorida,
deixada por nossos
sonhos, em uma caverna adormecida.
em uma clareira
encontramos muitas crianças banidas de casa
& elas dançavam
sobre o grande tapete verde do ocidente,
enquanto uma suave
música mágica tecia notas estranhas
e adornava nossas
mentes,
relembrando-nos as
dores do parto infantil,
do alto de colinas
nunca habitadas.
muitos corpos
embriagados & muitos olhos vidrados
& a morte a nos
fitar no espírito,
querendo cegar um
amor esquecido,
enquanto uma
guitarra medieval nos conduzia em suprema harmonia
& nós voltamos
à cidade, um por um, caindo pelas ruas
em negras sarjetas,
filhos em ruínas,
frutos das
indústrias da piedade humana,
abandonados ao
vento em uma manhã de abril de 1967.
seguimos entre as
regiões de maio o nosso caminho,
dançando a valsa
surrealista sobre o lixo moderno das avenidas,
& eu & ela
fomos à janela de vidro
consultar um antigo
livro,
derramando a água
dos jarros em meu quarto
sobre o chão de
quartzo,
& deitamos
juntos em uma cama de porcelana,
& cisnes
bailavam em lagos de cristal,
& a queda tomou
conta de nosso descaso.
seremos culpados?
ou estaremos
sepultados no gelo?
Assim permaneceu
& ela não percebeu quando a vi chorando
sobre um coração de
ferro,
suas lágrimas
caindo de seu rosto deformado,
formando um rio
antigo...
Lá, o sofrimento e
o desespero aguardavam meu regresso,
servidos por
barqueiros venezianos
em gôndolas de
veludo negro.
seu coração, agora
silencioso,
desperta para a
eternidade & seus gélidos seios
já não me convidam
& seus olhos já não brilham
& sua voz já
não quer dizer meu nome.
pela floresta levei
seu corpo
& o enterrei
num lugar desconhecido
& não houve uma
voz de mãe índia que nos pudesse salvar,
& todas as
manhãs eu rego seu jardim tumular,
prisioneiro de um
pesadelo onde somente o ódio alivia o amor.
& o amor é um
náufrago num lago de mel
quando uma menina
de cabelos longos corre pelo campo
gritando: Vem! ela
está aqui, ela te espera!
Vem! Aqui está ela...
& o amor é um
reino morto numa fonte de mel,
mas você nunca está
inteiramente vivo
para saber o que
realmente é, & como no espelho,
sua imagem
retrocede ao pó,
& o amor
envelhece & alguns choram & alguns nascem
& alguns morrem
& aquela música
petrificou você nos vinte anos.
aqui você está,
respirando o ar alcóolico,
andando por ruas
desertas, temendo a próxima idade do inverno,
lágrimas entre as
pedras,
entre as feras,
entre dez edifícios brancos,
& até que você
volte ao céu
& a batalha
chegue ao fim,
isto é uma imitação
do amor, despedaçada em constelações...
é um riso de
criança morta
que faz você
continuar aqui,
que faz você ficar
neste lugar,
que permite a você
viver entre o dia e a noite,
porque o silêncio
de um homem incomoda mais que sua voz.
onde encontrar a
saída?
onde encontrar a
aurora do novo dia?
elas estão dentro
do velho sol,
enquanto o pássaro
canta no início da manhã,
elas estão dentro
do velho sol,
nesta terra
apodrecida, recheada de fósseis e dimensões diversas,
onde
santificamos nossos infernos,
onde alguém
vive,
onde alguém
morre,
entre
criaturas de um século que
desce pelo
buraco de uma pia.
ENCONTRO
EM
UMA
ANTIGA
ESTAÇÃO
entre nós existe
uma corrente de sangue invisível...
tu podes ver:
em minha carne
corre o teu sangue,
em tua carne corre
o meu sangue.
quando olhares o
céu,
lembrarás meus
olhos em teus olhos;
quando olhares os
troncos das árvores,
verás neles os meus
cabelos;
quando teus pés
tocarem a areia da praia outra vez,
saberás que é meu
corpo que tocas e pisas;
e eu serei todas as
estrelas
que estão na
escuridão,
iluminando uma
visão fora das horas,
como um beijo de
adeus.
escute:
o silêncio está
cantando
em teus lábios e em
teus olhos...
o que se ama dura
para sempre,
por caminhos
semelhantes e diferentes.
VELHA
ÁGUIA
SOBRE
O
VALE
DE
LÁGRIMAS
a irmã águia
plantou uma flor em seu útero de vidro,
o rio não deu seu
sangue,
espinhos
entrelaçados no universo do menino.
velha águia sobre o
vale de lágrimas.
a irmã águia
germinou o inverno em uma flor
sobre a terra de
Zácrata,
uma ilha ergueu-se
do vento.
velha águia sobre o
vale de lágrimas.
a irmã águia fluiu
luz na nascente do rio
e o rio correu no
deserto
e o deserto reteve
as sepulturas dos homens sem destino.
velha águia voando
ao redor do sol.
a irmã águia um dia
transformou-se em vento
e fez seu giro
entre as nuvens
e nem a seta do
caçador não pôde mais encontrar suas asas.
velha águia
eternamente voando ao redor do sol.
O Triunfo da Morte (1528-1530), Pieter Bruegel.
PROVÉRBIOS
NO
PENSAMENTO
EMPALHADO
DO
ESPANTALHO
Todo pensamento
petrifica a verdade,
todo pensamento é
uma estagnação do espírito...
Depois que te
empalharem vivo, eles te enterram e te mandam para o inferno.
O dono do cavalo
suga seu trabalho até a exaustão.
Depois ele o deixa
na rua para o banquete dos abutres...
A isso eu dou o
nome de aposentadoria eqüina.
Não permitas que
ninguém te diga aonde ir,
o caminho e a
verdade estão em ti;
a verdade é um
diamante negro
que guardas no
interior do teu crânio
e se não o podes
descobrir... não és ninguém.
Quem precisa de
guia são os cegos, tenham eles olhos ou não.
Eu te aconselho:
faz o cego tropeçar
para que ele volte
a ver outra vez.
Se tu morres na
ignorância da multidão,
teu corpo e teu
espírito descerão com ela para a sepultura...
Lá é o inferno.
Se tens a certeza
de que és imortal e te elevas até
o universo, até o
teu corpo não temerá a morte...
Serás todo imortal,
por dentro e por fora...
Ninguém pode vir a
ser imortal
porque, ou a
imortalidade é, ou jamais será...
Resumindo, este é o
céu.
Portanto: o céu e o
inferno estão dentro de ti;
cabe a ti
desvenda-los e escolher.
Ninguém retorna ao
céu se não passou pelo inferno.
A inconstância é o
primeiro sinal da certeza interior.
É durante a
tempestade que o homem senta-se em seu deserto
para contemplar
suas ruínas,
mas, o fim sempre
gera o início
e lá ele descobre
que todos os caminhos não levam a lugar nenhum.
O homem jovem
envelheceu no cemitério da razão.
A suavidade da
força dorme nos dentes do leão
e corre na estrada
da rebeldia lúcida.
A poesia é a
religião da obscenidade
convertida em
santidade.
Aquele que te pede
dinheiro emprestado
tem o poder de
conhecer a tua alma.
O espantalho foi
crucificado no meio do campo
para espantar os
pássaros sedutores da emoção.
Mas um dia os
pássaros irão devorar a mente do espantalho
e dominar a
plantação.
DOIS
HOMENS
NO
CAMINHO
dois homens no caminho foram a casa das visões de madalena
& vestiram o
verão em seus destinos, na beira do caminho.
“desperta! o sol
adormeceu no oceano
& a estrada é
sempre longa”, disse o primeiro.
“podes ir se tens
tanta pressa.
eu já vivi em todos
os portos da terra
& habitei em
mansões & prisões
com pequenas
mulheres de olhos feitos de gelo.
mas, encontrei o
caminho de São Tiago
& irei até a
santa das visões de madalena
& dormirei em
sua cama de farrapos antigos
& visitarei
seus indigentes, espalhados pelo chão,
& sonharei com
um rio de rubis
& estarei aqui
até que o silêncio
emudeça o êxtase
dos oradores,
esperando a
passagem de minha sombra pelo vale
do inverno”, pensou
o último,
& o primeiro
partiu em uma carruagem de desejos
& vagou entre
as densas florestas do grande mundo
& vagou entre
as obscuras ruas de um sonho
& de lá jamais
retornou.
pobre Maria de
Portugal, princesa das igrejas.
um dia deu à luz
uma caravela
& gritou no
átrio de uma catedral lusitana
que haviam
encontrado ouro do outro lado do oceano
onde o sol adormece
no mundo
& quatro
séculos depois ela tece estigmas
nos homens do
garimpo que freqüentam sua cama,
até que o sol
adormeça em seus olhos feitos de gelo.
o império está
ruindo,
multiplicam-se os
heróis e
também
multiplicam-se os mendigos,
e todos erguem
alteres & celebram missas na terra que devastaram
& cegam
milhões...
multiplicam-se os
desejos, multiplicam-se as bocas...
a face do Senhor
surgia atrás dos muros de Jerusalém
& o último no
caminho chorou ao ver anjos rodeando a cidade
& os profetas
escrevendo nas paredes do templo.
“meu irmão não
voltou
& terei que ir
só para a casa das visões de madalena
& percorrerei
os dias como se fossem noites;
sem dar um passo de
onde estou.
muitos são os
heróis,
muitos são os
mendigos,
&
multiplicam-se os desejos & multiplicam-se as bocas
& a poeira
ainda não parou de subir,
mas eu encontrarei
repouso no ventre de madalena.
& lá ficou
até que chamaram
seu nome no deserto de João
& o vento
varreu a poeira dos caminhos.
O
FLAUTISTA
DE
HAMLIN
te levou para a estrada,
mochila nas costas,
flores nos cabelos,
mas ele não sabia
aonde ir, e
num dia de inverno,
abandonou a
caravana.
estavas no meio da
estrada
e sem dinheiro, só
com o silêncio,
e uma carona te
levou à porta de casa,
o medo e a solidão
transformados em
dinheiro e bom emprego,
para confundir os trapos
e os vestidos de baile.
obs: quando
estiveres só, em tua escuridão,
o nome da
tempestade que virou teu barco será lembrado,
assim como o nome
escrito no pó da terra,
e verás bem que se
tivesses seguido a ti mesmo
terias concluído o
caminho
e não terias
voltado para casa.
O
ENFORCADO
Retornarei ao deserto interior...
Retornarei ao
deserto dos ancestrais
e o inferno
pertence ao meu circo de pulgas amestradas...
legado de sombras
do oriente.
Retornarei ao
interior dos espantalhos
que gostavam de
pintar nos muros da cidade
suas primitivas
orações,
enquanto o vinho
corria pelo esgoto do altar,
e o inferno
pertence ao meu circo de pulgas amestradas...
e para lá levarei
teus sonhos, grande rei,
e lá sepultarei
tuas entranhas para o show católico,
e ouvindo a canção
de Pan
em templos de
heróis maltrapilhos,
terei nas mãos tuas
últimas relíquias.
olha ao redor das
avenidas...
os heróis vagam com
os olhos no chão,
disfarçados de
socialistas em seus trajes de mendigo,
e a senhora
serpente os cerca em paraísos de luz.
somos filhos da
sombra ancestral,
somos filhos da
névoa alcóolica,
sem destino
ocasional,
somos filhos do
medíocre vômito das estrelas,
somos filhos da
rebelião silenciosa,
planejados pela
banalidade hereditária.
nossa vitória não
está na destruição exterior,
nossa vitória
consiste na destruição interior,
nossos reinos não
estão no poder dos impérios,
nossos reinos estão
em nossos cemitérios
e o cetro que
levamos é o cetro de um rei morto.
nós repelimos a
sacerdotisa do prazer
ateando fogo em seu
templo-revista
onde ela celebrava
semens egomaníacos
e ela chora hoje ao
pé da cama de um centauro,
apodrecida no fundo
de um quarto.
Retornarei ao
deserto interior...
Retornarei ao
deserto dos ancestrais
e o inferno
pertence ao meu circo de pulgas amestradas,
simulando formas
estranhas nas faces das cavernas familiares.
alguns cães
desceram para os becos
a procura de alguma
gata
que dormia nos
muros do conjunto habitacional
e lá sentaram sobre
os crânios dos imortais
sem idéias, sem
carne, sem ossos,
mortos por serem de
outro tempo.
Perséfone, que
nasceu na estação do amor,
brotou entre doze
espinhos, na estação das árvores desfolhadas...
arrastou-se, em
doce rebeldia,
para partir em uma
cruz,
temendo o canto da
chuva, mas antes nos ensinando a amar a tempestade.
Hades, que se
assemelhava ao canto da chuva,
agitou sua arma do
outro lado do rio,
não amando ninguém
e deixando a terra estéril.
nossos filhos
fugirão das escolas,
retornarão à antiga
casa destruindo as lembranças,
parados na beira do
rio, despertarão do devaneio,
quebrando o palácio
do rei com um machado em chamas
e trarão Perséfone
outra vez ao reino do amor.
virgem do leste,
não te demores...
vem, através do
oceano, trazendo nos lábios
o quente beijo do
novo amor.
Retornarei ao
deserto interior...
Retornarei ao
deserto dos ancestrais
e o inferno
pertence ao meu circo de pulgas amestradas...
minha herança
permanece ali,
em risos nascidos
da boca do enforcado.
ele agora executará
uma dança latina.
BREVE RETORNO (Um
Epílogo para um Novo Prólogo)
faziam vinte anos que ele havia saído de
casa...
ele desejava ir muito longe, mas só conseguiu
chegar até as fronteiras.
nesse tempo ele brincou de morto com um
cadáver,
conheceu o mundo e seus homens e suas
mulheres,
ele foi jardineiro, lavador de pratos, e
trabalhou num circo,
um dia, ele resolveu voltar para sua cidade,
e num beijo de despedida
abandonou seu amor no espetáculo chileno.
se nunca tivesse saído de sua cidade
talvez fosse dono de um açougue,
mas aprendera muito mais correndo pelo mundo.
Mas, ao pensar sobre este fato ele deu uma
risada
nos limites da realidade.
a casa ainda era a mesma,
a mãe ainda estava lá,
mas o pai havia morrido.
a porta estava semi aberta...
ele entrou sem falar com sua mãe e seus
irmãos
em seu antigo quarto,
e ali nada havia mudado desde que partiu.
então, ele disse boa noite para a noite e
dormiu.
amanhã, quando ele acordar,
retornará ao vôo que iniciou num sonho
e, saindo do cemitério,
lavará seus pés nas águas do rio jordão.
iluminuras são suas lembranças
do tempo em que ele rastejou pela terra
e dele saiu um novo homem,
nem jovem, nem velho,
apenas eterno.
ele olhou para a terra
e viu que ela
era toda as mulheres que ele amou.
ele amava as mulheres
não como homem,
mas como criança.
então, retornou ao deserto,
próximo ao oceano.
o sol levantou-se,
colorindo a terra
e a noite
fez seu giro,
cobrindo o véu celestial
com moluscos iluminados;
quando era criança, ele dizia,
olhando para o céu: eu vim de lá
e um dia retornarei.
junto do oceano
ele envelheceu
como uma criança de mil anos.
mas, ele já ouviu o que disseram na última
ceia do princípio,
onde uma dança cerimonial é realizada
num teatro empoeirado e fedorento.
e ele viu todo o transe do gnomo na cristaleira,
num rio negro,
onde vagueiam pavões e espectros
e onde são escutados os hôrvalos harpas.
Carruagem de fogo...
Cavalos de fogo...
e um dia ele retornou para as estrelas.
QUARTO CICLO – A
CONFRARIA DE NOSSA SENHORA
OS SINOS – O
PRINCÍPIO (Uma Dança Cerimonial – Parte III)
Como são gélidos estes olhares repulsivos
que nascem na
platéia e se prostram
perante os
atores.
Eu sou aquele
que sabe todo o enredo
e não se cansa de jogar
sortilégios e maldições
sobre a platéia.
Tu rejeitas o ator
embriagado que sobe no palco...
mas será ele que executará a
última dança cerimonial,
entorpecido pelos gritos da
multidão.
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Luz
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
Escuridão
E mulheres nuas a passear pelo palco.
Eis que chegamos a confraria de nossa
senhora.
E mulheres nuas a passear pelo palco.
E no campo milhares de
mortos dão as mãos.
E no palco, o velho
embrutecido
cuspiu toda imundice dos
nossos sonhos,
numa terra sem nome e sem
arte.
É este olhar da platéia
que faz gelar os atores...
Que tirem as roupas de cetim
das atrizes,
belas moças criadas com
leite e mel.
Que sejam elas forçadas a
dormirem com os negros
nos mais hediondos sonhos...
Belos negros!!!!
Que o palco fique todo
enegrecido
e que o sêmen seja todo
derramado em alvos seios
de belas atrizes pervertidas
pelos sonhos de uma velha e
nua mulher enlouquecida,
velha senhora das ruas.
Eis meu teatro...
E eis os estranhos rituais
Ao redor das pedras.
*Poema
composto em 2002.
INTERLÚDIO
Flor inconstante
em alegre festejo
na cidade incendiada.
Agora adormecida na calçada
com o sangue escorrendo da boca...
uma pequena boneca manchada de sangue,
enquanto as águias passam pelos céus
semeando a morte e a madrugada.
*Poema composto em 2002.
FONTES
Pintura de William Blake
Pequenos passos são ouvidos
na madrugada...
São as velhas feiticeiras adormecidas
que vieram buscar
a pequena boneca manchada de sangue.
Elas vieram buscá-la
e vão plantá-la
numa fonte de múltiplos sóis
para jamais ser esquecida
na cidade incendiada.
*Poema composto em 2002.
OS SINOS – AS HARPAS
Eis que aqui adentrou a senhora dos rituais...
sinos são ouvidos e harpas também
pelas ruas onde corre o assassino.
Alucinação
Alucinação
Alucinação
&
misericórdia
misericórdia
misericórdia
nas lembranças da confraria de nossa senhora...
nas lembranças da confraria de nossa senhora...
nas lembranças da confraria de nossa senhora...
Lembra-te do ritual
entre a árvore-mortalha
e o carrossel de homens e estranhos seres
e os sinos anunciam
a minha loucura ante a realidade humana.
Eis que aqui adentrou a senhora dos rituais...
sinos são ouvidos
pelas ruas.
Os sinos anunciam.
Os sinos anunciam.
Os sinos anunciam.
*Poema composto em 2002.
DANÇA LATINA
Dança latina
Dança latina
Dança latina
E lá estava Fidel
Como um carneiro
E todas as dançarinas
Alegres cantavam e dançavam
Aquela dança latina
A felicidade perdida
Em torno da ilha
Dança latina
Dança latina
Dança latina
E Che estava lá
Como um bode
Aquela dança latina
E todos viram o sangue
pulsar
Nas mãos daqueles que
mentiram
E julgar os homens como
gados
Mergulhados na horrenda
Dança latina
Dança latina
Dança latina
*Poema composto em 2002.
MÚSICAS
MÚSICAS DO LIVRO-MÚSICA “ILUMINURAS - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no Jardim das Bonecas Manchadas de Sangue - (compostas, tocadas e gravadas em outubro de 1986).
Cd 1.
1. ABERTURA - O Princípio (Uma Dança Cerimonial - Parte I) (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: Violões eletrificados (a base foi gravada em 1983).
2. Primeiro Ciclo - O Banquete do Cisne (Marco
Alexandre Rosário).
Incluindo os seguintes
poemas/músicas:
Recordações (Uma Pintura
Para Uma Dança)/ A Cristaleira/ Hôrvalos Harpa/ A Dama Nascente na Queda da Lua
Amarela/Imersão Plástica/ O Princípio (Uma Dança Cerimonial – Parte II).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: órgão, piano, flautas,
violão, violão eletrificado, bateria eletrônica e outros efeitos.
3. Segundo Ciclo – Danças Árabes no Jardim
das Bonecas Manchadas de Sangue (Marco Alexandre Rosário).
Incluindo os seguintes
poemas/músicas:
O Jardim das Bonecas
Manchadas de Sangue/Maria/ Relações Humanas Falidas/ Verão na Casa Sem Número/
Dança das Núpcias (Dança dos Homens dos Oásis por ocasião de Núpcias).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: violões eletrificados, órgão e
efeitos sonoros (música folclórica árabe).
4. Interlúdio – Aurora dos Cães – Sons das Gaitas
(Marco Alexandre Rosário).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: gaitas.
Cd 2.
1. Terceiro Ciclo – A Carruagem dos Mortos (Marco Alexandre Rosário).
Incluindo os seguintes
poemas/músicas:
Santificados Infernos/
Encontro
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: piano, cravo, órgão, violão
eletrificado, xilofone, flauta, bateria eletrônica e efeitos sonoros.
Quarto Ciclo – A Confraria de Nossa Senhora.
2. Os Sinos –
O Princípio (Uma Dança Cerimonial – Parte III) (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: violão eletrificado e efeitos sonoros (Monastery Bells).
3. Interlúdio (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: piano.
4. Fontes (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: xilofone-teclado.
5. Os Sinos – As Harpas (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: harpa nordestina e efeitos sonoros (Monastery Bells).
6. Dança Latina (Marco Alexandre Rosário).
Gravado em
Belém, Pará.
Instrumentos: órgão, bateria eletrônica e efeitos sonoros.
EDITORA MORANGOS & UVAS
(SEACULUM OBSCURUM)
EDITORA OGMIOS
(SEACULUM OBSCURUM)
GRAVADORA ARTE DEGENERADA
SÉRIE BLITZBUCH
(1984 – 1993)
(2002-2011)
ILUMINURAS - As Iluminações que Rimbaud não Iluminou no
Jardim das Bonecas Manchadas de Sangue
1ª EDIÇÃO: Outubro/1986
1 exemplar.
(Marco Alexandre. Belém, Pará, Brasil)
2ª EDIÇÃO: 2005
1 exemplar.
(Marco Alexandre. Belém, Pará, Brasil)
“Tudo o que é
esquecido
permanece em
sonhos obscuros do passado...
ameaçando
sempre retornar.”
(Velvet
Goldmine)
Editora Ogmios (Seaculum
Obscurum):
Website:
www.seaculumobscurum.com
e-mail: editoraogmios@yahoo.com.br
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