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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

 

(3) ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM) E A GRAVADORA ARTE DEGENERADA (1966/2005).

Por Marco Alexandre Rosário (escrito entre maio e junho de 2005).

O GRUPO “THE PODRES”, A CONTINUAÇÃO DA PEQUISA E AS NOVAS COMPOSIÇÕES MUSICAIS (1982-1983).

 

Em 1982, eu fui estudar no N.P.I (Núcleo Pedagógico Integrado), e lá conheci, no primeiro dia de aula, dois novos amigos: Douglas Dias e Carlos Maurício (cujo o apelido era “Gafanhoto”). Através do Carlos Maurício eu conheci Heitor Meneses, que teria uma grande influência em minha vida. Também nesta época eu conheci várias pessoas que gostavam de rock, e através delas eu entrei em contato com os trabalhos de vários grupos importantes como o The Who, King Crimson, Renaissance, Yes, Genesis, Jethro Tull, Motörhead e vários outros. O mais importante foi o King Crimson, que teve uma grande influência em minha música. Robert Fripp (King Crimson) e Peter Gabriel (Genesis) sempre exercerem uma grande influência sobre a minha música. Gabriel despertou a minha curiosidade sobre a música africana.

 

King Crimson - Álbum In The Court Of The Crimson King, de 1969


King Crimson - Álbum Red, de 1974


Renaissance - Álbum Ashes Are Burning, de 1973

Também em 1982 ocorreu um festival de Rock em Belém para promover o primeiro álbum do grupo paraense Stress. O evento ocorreu no campo de futebol do Paysandu, que fica localizado na rua da minha casa. A data do evento foi fixada exatamente para o dia anterior (noite, na verdade) ao das primeiras eleições diretas para Governadores dos Estados em todo o Brasil. O festival teria que parar à meia-noite em ponto, pois daquela hora em diante ninguém poderia mais consumir bebidas alcóolicas. Evidentemente, isso não foi respeitado. O show começou com um hippie tocando violão (a platéia começou a gritar palavrões para o cara). Depois entrou um cara chamado La Bamba. Ele tinha esse nome porque ele era um aleijado (ele tinha um defeito em uma das pernas). A platéia não teve misericórdia: xingou e atirou pedras. Depois, entrou em cena um grupo que fez a maior apresentação ao vivo que eu já vi na minha vida: “The Podres”. Eles tocaram apenas duas músicas, uma das quais era o grande hit deles, “COHAB Zona Suja”, a qual falava da decadência dos conjuntos habitacionais de Belém. O “The Podres” foi o primeiro e único grupo de punk rock que eu vi na minha vida. Os outros dois grupos que se apresentaram depois do “The Podres” foram o Apocalipse e o Stress. Eles fizeram um show muito fraco, comparado com a apresentação explosiva do “The Podres”. Quando o “The Podres” subiu no palco, os membros do grupo começaram a chamar palavrões para a platéia que, irritada, respondia jogando pedras e terra neles. O vocalista Regis era um espetáculo: ele estava vestido com um macacão de operário, tendo uma placa de carro pendurada no pescoço. No final do show, eles jogaram algumas frutas podres na platéia, que respondeu jogando pedras no grupo. Um verdadeiro show de punk rock. Logo depois eu conheci os membros do grupo, e foi através deles e de pessoas que andavam com eles, que eu conheci o trabalho do grupo inglês Sex Pistols e tomei conhecimento do movimento punk. Também, pela primeira vez, eu ouvi alguém falar de um grupo norte-americano chamado “MC 5” (em 1984, eu comprei o álbum importado Kick Out The Jams, o primeiro álbum do “MC 5”). Em 1983, eu cheguei a fazer parte da banda “The Podres” num único ensaio. Eu fui convocado para tocar baixo. O amplificador do baixo estava em cima de uma estante. Eu comecei a tocar com muita força e o amplificador acabou caindo sobre a bateria. Talvez por esse motivo eu tenha sido dispensado do grupo. O outro motivo da dispensa é que eu só queria tocar uma música: “COHAB – Zona Suja”. Até hoje eu sei tocar e cantar essa música. O “The Podres” foi muito bem no começo. Porém, depois de algum tempo, eles trocaram o nome para “Insolência Públika”, e a partir daí eles perderam a força que tinham, pelo menos na minha opinião. Um detalhe interessante sobre esse grupo é que todos os componentes originais, que tocaram no Campo do Paysandu, eram garotos da classe baixa de Belém, autênticos roqueiros. Talvez essa tenha sido a maior diferença entre o “The Podres” e os outros grupos daquela época.

 


Fotos do Show de Lançamento do primeiro álbum da Banda Stress, no Campo de Payssandu, em Belém-PA, em 1982. Foi onde Marco Rosário viu a banda The Podres, primeira banda de Punk Rock do Pará

Sex Pistols - Álbum Never Mind The Bollocks Here's The Sex Pistols, de 1977, Punk Rock inglês de muita influência na Editora Ogmios

Em 1983 eu dei continuidade à minha pesquisa poético/musical. Através do Heitor Meneses eu conheci vários grupos, como os Doors, Pearls Before Swine, The Incredible String Band, Steeleye Span e aprofundei meus conhecimentos sobre a obra de Bob Dylan (1962-1968, o melhor período da carreira dele, na minha opinião). A primeira vez que eu ouvi a música Light My Fire, dos Doors, eu a repeti pelo menos umas vinte vezes sem parar. O The Incredible String Band foi outra grande influência: Empty Pocket Blues foi a música que eu mais ouvi em minha vida, junto com Light My Fire, dos Doors, Scarborough Fair/ Canticle, de Simon e Garfunkel e Cotham Lullaby, de Meredith Monk.

 



Fotos de Jim Morrison e sua banda americana The Doors, de grande influência na Editora Ogmios

Outros fatos ocorreram em 1983. Durante esse ano, eu compus mais três músicas. A primeira (minha segunda composição), foi intitulada “Concerto para os Pássaros”. A segunda composição foi o “Concerto em Lá Menor”. Tanto o “Concerto Folk em Dó Maior”, como o “Concerto para os Pássaros” e o “Concerto em Lá Menor” foram inseridas, em 1996, no Livro-Música “O Último Circulo de Pedras”. As gravações são de 1996. A outra composição, que eu gravei em 1983, foi inserida na abertura do Livro-Música “Iluminuras”, de outubro 1986, com o título “Abertura – O Princípio (Uma Dança Cerimonial – Parte I)”.










Fotos dos álbuns da The Incredible String Band (com a coletânea Seasons They Change no topo, três primeiras fotos), a banda escocesa de Folk Music de Robin Willianson e Mike Heron (com Clive Palmer, Licorice Mckechnie e Rose Simpson em alguns momentos), que teve uma influência devastadora na Editora Ogmios a partir de 1983

Marco Alexandre da Costa Rosário


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