(3) ALGUMAS
OBSERVAÇÕES SOBRE A EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM) E A GRAVADORA ARTE
DEGENERADA (1966/2005).
Por
Marco Alexandre Rosário (escrito entre maio e junho de 2005).
O GRUPO “THE
PODRES”, A CONTINUAÇÃO DA PEQUISA E AS NOVAS COMPOSIÇÕES MUSICAIS (1982-1983).
Em 1982, eu
fui estudar no N.P.I (Núcleo Pedagógico Integrado), e lá conheci, no primeiro
dia de aula, dois novos amigos: Douglas Dias e Carlos Maurício (cujo o apelido
era “Gafanhoto”). Através do Carlos Maurício eu conheci Heitor Meneses, que
teria uma grande influência em minha vida. Também nesta época eu conheci várias
pessoas que gostavam de rock, e através delas eu entrei em contato com os
trabalhos de vários grupos importantes como o The Who, King Crimson,
Renaissance, Yes, Genesis, Jethro Tull, Motörhead e vários outros. O mais
importante foi o King Crimson, que teve uma grande influência em minha música.
Robert Fripp (King Crimson) e Peter Gabriel (Genesis) sempre exercerem uma
grande influência sobre a minha música. Gabriel despertou a minha curiosidade
sobre a música africana.
King Crimson - Álbum In The Court Of The Crimson King, de 1969
King Crimson - Álbum Red, de 1974
Renaissance - Álbum Ashes Are Burning, de 1973
Também em
1982 ocorreu um festival de Rock em Belém para promover o primeiro álbum do grupo
paraense Stress. O evento ocorreu no campo de futebol do Paysandu, que fica
localizado na rua da minha casa. A data do evento foi fixada exatamente para o
dia anterior (noite, na verdade) ao das primeiras eleições diretas para
Governadores dos Estados em todo o Brasil. O festival teria que parar à
meia-noite em ponto, pois daquela hora em diante ninguém poderia mais consumir
bebidas alcóolicas. Evidentemente, isso não foi respeitado. O show começou com
um hippie tocando violão (a platéia começou a gritar palavrões para o cara).
Depois entrou um cara chamado La
Bamba. Ele tinha esse nome porque ele era um aleijado (ele
tinha um defeito em uma das pernas). A platéia não teve misericórdia: xingou e
atirou pedras. Depois, entrou em cena um grupo que fez a maior apresentação ao
vivo que eu já vi na minha vida: “The Podres”. Eles tocaram apenas duas
músicas, uma das quais era o grande hit deles, “COHAB Zona Suja”, a qual falava
da decadência dos conjuntos habitacionais de Belém. O “The Podres” foi o
primeiro e único grupo de punk rock que eu vi na minha vida. Os outros dois
grupos que se apresentaram depois do “The Podres” foram o Apocalipse e o
Stress. Eles fizeram um show muito fraco, comparado com a apresentação
explosiva do “The Podres”. Quando o “The Podres” subiu no palco, os membros do
grupo começaram a chamar palavrões para a platéia que, irritada, respondia
jogando pedras e terra neles. O vocalista Regis era um espetáculo: ele estava
vestido com um macacão de operário, tendo uma placa de carro pendurada no
pescoço. No final do show, eles jogaram algumas frutas podres na platéia, que
respondeu jogando pedras no grupo. Um verdadeiro show de punk rock. Logo depois
eu conheci os membros do grupo, e foi através deles e de pessoas que andavam
com eles, que eu conheci o trabalho do grupo inglês Sex Pistols e tomei
conhecimento do movimento punk. Também, pela primeira vez, eu ouvi alguém falar
de um grupo norte-americano chamado “MC 5” (em 1984, eu comprei o álbum importado Kick
Out The Jams, o primeiro álbum do “MC 5”). Em 1983, eu cheguei a fazer parte da banda
“The Podres” num único ensaio. Eu fui convocado para tocar baixo. O
amplificador do baixo estava em cima de uma estante. Eu comecei a tocar com
muita força e o amplificador acabou caindo sobre a bateria. Talvez por esse
motivo eu tenha sido dispensado do grupo. O outro motivo da dispensa é que eu
só queria tocar uma música: “COHAB – Zona Suja”. Até hoje eu sei tocar e cantar
essa música. O “The Podres” foi muito bem no começo. Porém, depois de algum tempo,
eles trocaram o nome para “Insolência Públika”, e a partir daí eles perderam a
força que tinham, pelo menos na minha opinião. Um detalhe interessante sobre
esse grupo é que todos os componentes originais, que tocaram no Campo do
Paysandu, eram garotos da classe baixa de Belém, autênticos roqueiros. Talvez
essa tenha sido a maior diferença entre o “The Podres” e os outros grupos
daquela época.
Fotos do Show de Lançamento do primeiro álbum da Banda Stress, no Campo de Payssandu, em Belém-PA, em 1982. Foi onde Marco Rosário viu a banda The Podres, primeira banda de Punk Rock do Pará
Sex Pistols - Álbum Never Mind The Bollocks Here's The Sex Pistols, de 1977, Punk Rock inglês de muita influência na Editora Ogmios
Em 1983 eu
dei continuidade à minha pesquisa poético/musical. Através do Heitor Meneses eu
conheci vários grupos, como os Doors, Pearls Before Swine, The Incredible
String Band, Steeleye Span e aprofundei meus conhecimentos sobre a obra de Bob
Dylan (1962-1968, o melhor período da carreira dele, na minha opinião). A
primeira vez que eu ouvi a música Light My Fire, dos Doors, eu a repeti pelo
menos umas vinte vezes sem parar. O The Incredible String Band foi outra grande
influência: Empty Pocket Blues foi a música que eu mais ouvi em minha vida,
junto com Light My Fire, dos Doors, Scarborough Fair/ Canticle, de Simon e
Garfunkel e Cotham Lullaby, de Meredith Monk.
Fotos de Jim Morrison e sua banda americana The Doors, de grande influência na Editora Ogmios
Outros fatos
ocorreram em 1983. Durante esse ano, eu compus mais três músicas. A primeira
(minha segunda composição), foi intitulada “Concerto para os Pássaros”. A
segunda composição foi o “Concerto em Lá Menor”. Tanto o “Concerto Folk em Dó Maior”, como o
“Concerto para os Pássaros” e o “Concerto em Lá Menor” foram
inseridas, em 1996, no Livro-Música “O Último Circulo de Pedras”. As gravações
são de 1996. A
outra composição, que eu gravei em 1983, foi inserida na abertura do
Livro-Música “Iluminuras”, de outubro 1986, com o título “Abertura – O
Princípio (Uma Dança Cerimonial – Parte I)”.
Fotos dos álbuns da The Incredible String Band (com a coletânea Seasons They Change no topo, três primeiras fotos), a banda escocesa de Folk Music de Robin Willianson e Mike Heron (com Clive Palmer, Licorice Mckechnie e Rose Simpson em alguns momentos), que teve uma influência devastadora na Editora Ogmios a partir de 1983
Marco
Alexandre da Costa Rosário
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