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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

 

(2) ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM) E A GRAVADORA ARTE DEGENERADA (1966/2020).

Por Marco Alexandre Rosário (escrito entre maio e junho de 2005).


OS "LESOS & LOUCOS” E AS PRIMEIRAS COMPOSIÇÕES MUSICAIS (1981).

Violão Del Vecchio, que está Editora Ogmios desde 1981

 Por volta de 1981, eu e uns amigos do Instituto Dom Bosco, colégio onde eu estudava, resolvemos formar um grupo de rock. Eu comecei a estudar neste colégio em 1977. Em 1981, meu pai veio morar na casa da minha avó por uns meses, e quando partiu, esqueceu o violão dele (um Del Vecchio). Imediatamente me apropriei do mesmo. Foi neste violão que eu aprendi a tocar e é o meu principal companheiro musical até hoje. Foi nele que compus minha primeira música, uma variação sobre a nota Dó, e que recebeu o nome de “Concerto Folk em Dó Maior” (esta música está inserida no Livro-Música “O Último Círculo de Pedras”, uma coletânea de músicas e poemas que fiz em 1993, e que teve alguns acréscimos em 1996 e 2005). Foi com este violão que eu formei um grupo de rock com os meus amigos do Instituto Dom Bosco: André Sarmanho, meu parceiro musical, Paulo Marcos Fonteles, Paulo Roberto e Álvaro Alves. O grupo de rock se chamou Lesos & Loucos e quem criou este nome foi o Paulo Marcos depois que disse para ele que eu queria um nome para o nosso grupo que lembrasse o nome do grupo Secos & Molhados. Na época, eu voltei a ouvir muito esse grupo brasileiro, e eu também estava bastante influenciado pela morte de John Lennon. Logo depois de ter batizado o grupo, Paulo Marcos saiu do mesmo por divergências políticas. Começamos a ensaiar com alguns instrumentos do colégio, que foram cedidos pelas freiras, e também com os instrumentos que já tínhamos. Isso durou até o dia em que o Álvaro, que era o baterista, quebrou a guitarra elétrica, e as freiras acabaram por confiscar os instrumentos do colégio. Nós tínhamos até um empresário: um pilantra chamado Vítor, irmão mais velho de um colega da escola. Nessa época, passamos a freqüentar o imponente Palacete Bolonha, aonde funcionava a Secretaria de Cultura do Estado do Pará. Ficamos amigos do Secretario de Cultura, Walter Heskett, que nos apoiava em tudo e que permitiu que nós tivéssemos amplo acesso às dependências do prédio. Ficamos até famosos: disseram numa rádio da cidade que nós iríamos fazer um show. Fazer um show? Como? Nós não tínhamos nem instrumentos para ensaiar!!! Eram bons tempos aqueles. Passávamos muito tempo na Praça da República, observando as personagens daquele lugar: prostitutas, homossexuais, assaltantes, bêbados e artistas. Nós assistíamos peças de teatro na praça e começamos a beber e fumar também. Entrávamos em grandes prédios em construção e íamos até o último andar e ficávamos sentados apreciando a noite. Nós íamos à festas de aniversário e fazíamos arruaça. Eu e o André fizemos várias músicas, uma quantidade enorme de músicas. Todas se perderam, exceto uma, da qual restou somente o título (“Ver o Sol Nascer”, inserida no livro “Amálgama – Uma Coleção de Obscenidades”, uma coletânea de poemas que abrange o período que vai de 1981 a 1993, e que não foram utilizados em outros livros da Editora Ogmios). Jamais usamos drogas ilícitas, embora algumas pessoas pensassem que nós fazíamos isso. Belém sempre foi uma cidade muito provinciana: pessoas que gostavam de rock eram logo rotuladas de drogadas e subversivas, pelo menos naquela época. Eu, em particular, jamais gostei de maconha, cocaína ou outras drogas similares. Porém, eu sempre tive amigos que usavam estes tipos de drogas. Bom, o problema era deles e eu não os discriminava por isso. Eu sempre gostei de cerveja e de vinho, que são drogas lícitas. O vinho é bíblico, a maconha não, e eu sempre li a Bíblia.

 

Violão Del Vecchio

Em dezembro de 1981 a aventura dos Lesos & Loucos estava terminada. Porém, muitas outras coisas aconteceram em 1981. Por exemplo, naquele ano eu entrei em contato com a obra do escritor Hermann Hesse, o qual teve uma grande influência sobre a minha pessoa. 




Fotos de Hermann Hesse (1877/1962), um dos pais espirituais fundadores da Editora Ogmios

Até hoje eu leio os livros desse escritor. O livro “O Lobo da Estepe”, por exemplo, eu já li pelo menos umas vinte vezes. Eu também sempre quis fazer um filme sobre três contos que Hesse escreveu: “Augusto” e “Faldum”, do livro “Sonho de Uma Flauta e outros contos” (Maerchen), e “Hannes”, do livro intitulado “O Livro das Fábulas” (Fabulierbuch). O filme seria uma trilogia. Hesse foi uma grande influência para a Editora Ogmios (Seaculum Obscurum).

 


"O Lobo da Estepe" e "Faldum", duas obras de Hermann Hesse que influenciaram Marco Rosário

Ainda em 1981 eu iria descobrir um álbum fantástico: The Piper at the Gates of Dawn (O Flautista nos Portões do Amanhecer), lançado pelo grupo inglês Pink Floyd em agosto de 1967, feito quase que por inteiro pelo grande músico e poeta Syd Barrett. Syd acabou se tornando uma das maiores influências da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum).

 

The Pink Floyd - Álbum The Piper At The Gates Of Dawn, de 1967


Fotos de Syd Barrett (1946/2006) na juventude e na velhice

Marco Alexandre da Costa Rosário

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