(1) ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A EDITORA OGMIOS (SEACULUM OBSCURUM) E A GRAVADORA ARTE DEGENERADA (1966/2020).
Por Marco
Alexandre Rosário (escrito entre maio e junho de 2005).
“Eis o que todos nós somos: amadores. Não vivemos o tempo
suficiente para sermos outra coisa. Que triste é ser engraçado”.
(Charles Chaplin)
AS
ORIGENS (1966-1980).
Eu vou iniciar este texto falando das origens desta história. Eu nasci na Cidade de Belém, Estado do Pará, no leste da Amazônia Brasileira, em 07 de fevereiro de 1966, e morei em Belém, desde 1969, na mesma casa e na mesma rua até fevereiro de 2003, quando então eu passei a residir no Município de Santarém, no interior no Estado do Pará. Meus pais se separaram em 1969 e eu fui morar na casa dos meus avós, pais do meu pai, na casa que meu avô construiu na Travessa do Chaco, na década de 1950, e que tem o número 2623.
Eu creio que as origens da Editora Ogmios (Seaculum Obscurum) e da Gravadora Arte Degenerada, o projeto artístico que eu criei e que teve início em 1984, encontram-se em 1970 quando eu ganhei um livro de estória infantil (acompanhado de um pequeno disco) sobre os quatro músicos de Bremen, um dos contos de fadas catalogados pelos irmãos Grimm, na Alemanha, durante o século XIX. Eu fiquei fascinado pela estória do burro, do cão, do gato e do galo. Eu tive o pequeno disco com a estória dos quatro músicos até 1989.
Antes desse fato acontecer, eu andava
perturbando, aos 2 ou 3 anos de idade, um famoso grupo de rock de Belém, que
costumava ensaiar no cruzamento da Travessa do Chaco com a Avenida 1º de
Dezembro (na época, nenhuma destas ruas eram asfaltadas): “Os Gênios”, este era
o nome do grupo. Certa vez, por volta de 1981 ou 1982, eu não lembro muito bem
o ano, eu estava no Bar Celeste, que ficava na Travessa Curuzu, que é paralela
à Travessa do Chaco, e eu estava no balcão do bar quando um homem bem mais
velho do que eu olhou para mim e perguntou se eu era neto do Sr. Dário Rosário.
Eu disse que sim, e ele se voltou para o dono do bar, que estava do outro lado
do balcão, e disse: “Rollo, esse aqui é o Marquinho”. O homem que falou comigo
se chamava Zé Maria e era o baterista do grupo e o outro homem, Rollo, era um
dos guitarristas do grupo. Eles disseram para mim que por volta de 1968 ou 1969,
eu ficava assistindo aos ensaios do grupo; na verdade, eu ficava mexendo nos
instrumentos musicais e perturbava os ensaios da banda.
A primeira vez em que eu comecei a ouvir música, pelo menos de forma consciente, foi com o álbum Cosmo’s Factory, do grupo norte-americano Creedence Clearwater Revival, em 1973. Este álbum foi lançado em 1970. Um dos meus tios comprou este disco. Junto com o Creedence, eu também comecei a gostar do grupo norte-americano The Monkees.
Também nesta época eu
comecei a ouvir o grupo brasileiro Secos & Molhados, o primeiro álbum, que
eu simplesmente adorava. Eu ouvia muitas músicas pelo rádio também, mas eu não
sabia de quem eram aquelas composições. Eu lembro de ter ouvido músicas como
“Rock Around The Clock”, com Bill Haley, e outras músicas de Elvis, The Byrds e
outros grupos norte-americanos. Eu lembro também de músicas de compositores
brasileiros, como Adoniran Barbosa, Cartola, Roberto Carlos, Jorge Bem, Chico
Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e muitos outros.
Eu ouvia também, ou pelo rádio, ou pela televisão, ou por comentários de
pessoas próximas, referências aos nomes Janis Joplin, Jimi Hendrix, The
Beatles, Rolling Stones, Woodstock, etc.
No 12 de outubro de 1974 exibiram um filme
na televisão de um grupo de músicos ingleses que eu não conhecia muito bem,
embora já tivesse ouvido falar. O nome do filme era Yellow Submarine (Submarino
Amarelo) e era um filme do grupo inglês The Beatles. Eu não entendi a estória
do filme e também não gostei do grupo.
O mais
interessante era a capa daquele álbum. Eu não sabia quem eram aquelas pessoas
que apareciam nas fotografias do disco, mas eu achei que aquele homem que está
olhando diretamente para você na capa do álbum era o John Lennon, e realmente
era ele. Eu fiquei apaixonado pela aquela figura, pelo grupo e pelas músicas. A
mais bela música dos Beatles, para mim, é “It’s All Too Much”, de George
Harrison, e que está inserida no álbum Submarino Amarelo.
Todos esses
grupos que eu gostava e que mencionei acima eram formados por quatro pessoas.
Vinha sempre a lembrança da estória dos Quatro Músicos de Bremen na minha
mente. Essa estória parece ter um certo misticismo, um certo mistério
encantador.
Eu fui realmente iluminado pela música dos
Beatles e por muito tempo eu só ouvi aquelas músicas. A partir daí, eu só
queria ganhar como presente de natal ou de aniversário os álbuns do grupo.
Naquela época (1975-1976), eu também comecei a ter contato com as músicas e a
história de Elvis Presley, mas os Beatles eram realmente a minha paranóia.
Também naquela época, eu comecei a gostar de música erudita (Beethoven, Bach,
Schubert, Vivaldi, Tchaikovsky e outros compositores clássicos). Por volta de
1978, eu conheci a música de dois outros grandes grupos ingleses: Led Zeppelin
(álbum: The Song Remains the Same), e Pink Floyd (álbum: The Animals), mas
muito esporadicamente. Também conheci por essa época o trabalho de outro
músico/poeta que iria exercer uma grande influência em minha vida: Bob Dylan
(álbum: Hard Rain). Talvez não exista outro poeta que tenha influenciado tanto
a minha poesia como Dylan.
Em 1980, embora eu já tivesse adquirido
quase toda a coleção de álbuns dos Beatles, eu não conhecia muito bem a
história deles. Era difícil encontrar revistas que falassem sobre eles na
época. Isso mudou no dia
Ao longo dos anos de 1979 e 1980 eu fui
conhecendo outros grupos, como o AC/DC, Kiss, Deep Purple, e outros mais. Era a
continuação de uma pesquisa que até hoje não parou. Eu conheci muitos desses
grupos através de um amigo: Haroldo Pamplona. Haroldo era um cara rebelde. Na
década de 1980 ele foi para a Europa, participou da queda do Muro de Berlin, e
acabou sendo preso e deportado para o Brasil.
Marco Alexandre da Costa
Rosário
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